ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
NOVEMBRO, QUINTA  27    CAMPO GRANDE 23º

Comportamento

Orgulho de bisneta é "reviver" saga dos primeiros libaneses de Corumbá

Para não deixar a história da família se perder, Sarah documentou a chegada dos patriarcas ao país.

Por Natália Olliver | 27/11/2025 06:20
Orgulho de bisneta é "reviver" saga dos primeiros libaneses de Corumbá
Família de Sarah foi a primeira libanesa a chegar em Corumbá (Foto: Arquivo pessoal)

Para não deixar a história dos bisavós morrer, Sarah Figueiró de Araújo, de 29 anos, resolveu escrever um livro  com poemas onde conta lembranças e histórias de como a família veio parar no país. Chafica Fatuche Abussafi e Dib Jorge Abussafi foram os primeiros libaneses a morar em Corumbá. Eles atravessaram o mar, chegaram na Argentina e depois no Paraguai até se instalarem na cidade pantaneira.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

O Lado B convida seus seguidores a acompanharem suas atualizações nas principais redes sociais, incluindo Instagram, Facebook e Twitter. Para sugerir pautas ou enviar notícias, os leitores podem utilizar o canal Direto das Ruas pelo WhatsApp ou entrar em contato através das redes sociais. O veículo também oferece uma lista VIP para receber as principais notícias do Estado.

Tudo aconteceu por acaso: o objetivo era ir para a América do Norte, mas uma confusão nos bilhetes do navio mudou os planos. A bisneta deu ao projeto o nome de “Tecido Sentido”, e a obra demorou 3 anos para ficar pronta. O projeto começou em 2021 e acabou em 2023.

Ela conta que o casal fugiu da 1ª Guerra Mundial e construiu família no Brasil. Chafica, que depois adotou o nome de Sofia Abussafi, nasceu na cidade de Zahlé, no Líbano.

Orgulho de bisneta é "reviver" saga dos primeiros libaneses de Corumbá
Sarah escreveu livro para manter memória de Chafica Fatuche Abussafi e Dib Jorge Abussafi (Foto: Arquivo pessoal)

“Mesmo sem compreenderem o idioma, montaram em Corumbá uma pequena indústria de malas de viagem e baús de madeira, ele como marceneiro e ela como auxiliar. Trabalharam também na estruturação de forrações de casas, ele como mestre de obra e ela como pedreira. Ele era surdo, mas com dificuldade se comunicava. Era conselheiro, curandeiro, marceneiro, mestre de obra e jogador de Taule.”

Em 1920 o casal se mudou para Campo Grande. Sarah explica que foi para fugir da gripe espanhola. Por aqui, eles construíram uma casa na Rua Maracaju com a Calógeras, uma loja de secos e molhados que, devido à deficiência auditiva de Dib, era administrada por Chafica. Depois o negócio foi para a Rua 14 de Julho com a General Melo.

“Sinto muito orgulho do livro. A travessia de conversas, histórias e objetos que tive na convivência com minha família construíram em mim a atenção para cultuar meus antepassados. Eu sou apenas uma das consequências de lutas, amores, conquistas e perdas. Eles adquiriram, ao longo do tempo, uma estrutura para que eu pudesse hoje celebrar e também chorar a vida.”

Orgulho de bisneta é "reviver" saga dos primeiros libaneses de Corumbá
Documento que marca chegada do bisavô de Srah a Corumbá (Foto: Arquivo pessoal)

Para ela, os livros também são espiritualidade e herança. Ela queria fazer o mesmo com a história da família.

“O nome do livro é Tecido Sentido porque eu compreendo a vida como um tecer de informações, conhecimentos e relações que vão criando sentido para existência. O livro expande e possibilita alcançar novos mundos. Poder escrever isso é um sonho realizado.”

Segundo a bisneta, Chafica e Dib tiveram doze filhos: Júlia, Joana, João, José, Josefina, Hafisa, Rosa, Assaf Dib, Sarah e, falecidos ainda na infância, Mentaha, Sarah e Antônio. Eram participantes ativos da Colônia Libanesa, auxiliaram na construção da Santa Casa e na Associação de Amparo à Maternidade e Infância; ela foi sócia da Associação Comercial e fundadora do Clube Libanês e do primeiro Apostolado de Oração de Campo Grande.

Confira parte do texto em forma de poema:

“De Zahleh, Beca, Líbano
Católica Maronita, não só acreditava em Nossa Senhora
do Líbano, como também a via
Na estação de trem esta mulher vista só por ela
Apareceu, pediu para que tivesse calma
E que ao invés dos Estados Unidos
Era pra América do Sul que iriam.”

Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.