Paulo preserva história de Rio Verde com acervo de 15 mil fotos
O #TBT de hoje mostra um dos principais cartões-postais de Rio Verde
Com um acervo de mais de 15 mil fotos digitalizadas e catalogadas, Paulo Sérgio Rodrigues, de 53 anos, constrói uma ponte entre o passado e o presente em Rio Verde de Mato Grosso, outro paraíso cheio de natureza em Mato Grosso do Sul. Servidor público e escritor, ele dedica boa parte da vida a impedir que a história do município desapareça com o tempo.
“Eu notei que aqui tinha muita coisa legal, mas que estava se perdendo. Então, resolvi fazer algo para ajudar”, lembra. Nascido em Jaraguari, Paulo morou em Costa Rica e Sete Quedas até chegar a Rio Verde, no ano de 1990.
Até hoje, ele mora na cidade que fez de lar. Autor de quatro livros, ele mantém um blog e perfis nas redes sociais voltados exclusivamente à memória de Rio Verde. Em uma das páginas, o alcance já passou de 6 milhões de acessos.
São postagens com imagens antigas, relatos históricos, curiosidades e comparações do “antes e depois” que despertam emoções profundas. “Tem pessoas que se emocionam com as fotos. Gente que tinha 16 anos na época e hoje tem 60. Isso é muito legal, é um resgate da história”, conta.
O primeiro livro, lançado em 2022, História de Rio Verde – Cultura, Política, Costumes, Habitantes e seus Colonizadores, traz 209 páginas com conteúdos levantados em décadas de pesquisa.
“Eu pesquisei com fontes no governo federal e estadual, ouvi moradores e levantei arquivos da prefeitura e documentos cedidos por ex-prefeitos e moradores mais antigos”, relata.
De acordo com Paulo, o projeto que apresenta Rio Verde em todas as suas versões foi formulado primeiro para a internet. “Primeiro veio o blog. Eu vi que as pessoas estavam perdendo o interesse por livros e pensei em colocar a história na internet. Aí o pessoal foi gostando, recordando e comentando sobre o que era postado”, relembra.
Aos poucos, o auxiliar administrativo da prefeitura foi se firmando como o guardião da história do município, missão que carrega com orgulho, especialmente quando vê jovens descobrindo o passado e idosos reencontrando lembranças.
Na memória de Paulo, alguns episódios se destacam. Um deles é o auge turístico da Cachoeira Sete Quedas. “Bonito ainda nem era conhecido, e Rio Verde recebia caravanas do Brasil inteiro. Vinham 40, 50 ônibus para cá. Eu não sei por que isso se perdeu”, lamenta. Justamente por isso, o “antes e depois” da cachoeira é destaque nas redes e no livro.

Outro ponto emblemático é o Morro do Padre, onde moradores e um padre construíram, com as próprias mãos, uma escadaria de ferro até o topo. Lá em cima, há uma pequena capela com vista de tirar o fôlego. “São 320 metros de altura”, detalha.
Paulo também resgata belezas pouco conhecidas, como o Rio Taquari Mirim, que fez parte da rota dos bandeirantes e guarda um cânion de até 30 metros de profundidade, esculpido por mãos humanas durante o garimpo. “Isso faz parte da história do Brasil. E muita gente daqui não conhece”, diz.
De segunda a sexta, Paulo continua na prefeitura como agente administrativo no setor de patrimônio. Mas, nas horas vagas, ele aproveita os arquivos antigos que encontra no dia a dia para ajudar a preservar a memória da cidade.
“Eu fico orgulhoso desse trabalho. Até a Câmara Municipal me deu uma moção de congratulação. Levar tudo isso para as redes sociais é importante, porque, hoje em dia, muitos jovens não leem livros, mas eles veem a imagem, veem a história e começam a se interessar. E aí a memória da cidade não morre”, finaliza.
Enquanto o museu de Rio Verde ainda não sai do papel, o acervo vivo de Paulo cresce com lembranças, imagens e histórias que ele insiste em não deixar desaparecer.
Confira parte do acervo no blog notícias de Rio Verde (Clique aqui e acesse)
Confira a galeria de imagens:
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