Romilda vai falar de mulheres negras em universidade dos Estados Unidos
Romilda Pizani levará a experiência do movimento negro sul-mato-grossense para os Estados Unidos
Aos 48 anos, a campo-grandense Romilda Pizani, mulher preta, periférica e militante do movimento negro, será voz de Mato Grosso do Sul e do Brasil na Universidade Central da Carolina do Norte, nos Estados Unidos.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
A ativista campo-grandense Romilda Pizani, de 48 anos, fará uma palestra na Universidade Central da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, em outubro. O tema da apresentação será "Mulheres negras: trajetória de luta e resistência no Brasil", a convite da professora e doutora em ciência política Gladys Mitchell. Militante do movimento negro desde os anos 1990, quando começou no Grupo TEZ, Romilda também visitará outras universidades americanas para discutir políticas públicas e feminismo negro. Além de sua atuação no movimento negro, ela integra o coletivo Mulherio das Letras e prepara o lançamento de um livro sobre suas experiências como mulher negra.
A convite da professora e doutora em ciência política Gladys Mitchell, a palestra terá como tema: “Mulheres negras: trajetória de luta e resistência no Brasil”. Para Romilda, o convite simboliza muito mais do que uma viagem acadêmica.
“Esse convite vem para uma Romilda que poderia ser para mais uma Maria brasileira, sabe? Para mim, ele tem um significado imenso no sentido de ir falar sobre as nossas lutas, os nossos avanços”, comenta.
Nascida e criada no bairro Guanandi, Romilda lembra com carinho a infância simples. “Eu era a única menina preta da rua, mas tinha muitos brinquedos porque era filha única. Ao mesmo tempo, fui uma criança preta que passou por diferentes formas de discriminação, desde a violência até situações na escola. Eu trago comigo todas essas lembranças”, lembra.
Foi em meados dos anos 1990 que Romilda iniciou sua militância. Um convite do ativista Carlos Porto a levou para uma reunião do Grupo TEZ, onde encontrou identificação imediata.
“O movimento negro foi e é um divisor de águas na minha vida. Ele me mostrou que nem tudo era minha culpa e me fez perceber como a sociedade nos olha. Hoje, eu digo com todas as palavras que sou fruto do movimento negro”, explica.
Representatividade no exterior - Romilda embarca dia 19 de outubro para os EUA, onde, além da palestra principal, deve visitar outras universidades e dialogar sobre políticas públicas e feminismo negro. O calendário coincide com a preparação para a Marcha Nacional das Mulheres Negras, que será realizada em novembro, e ela pretende levar esse debate para o público internacional.
O momento também desperta sonhos pessoais. “Eu não vou deixar de ir ao Brooklyn. Quero assistir a um culto em uma daquelas igrejas que eu via nos filmes da Sessão da Tarde, com as mulheres negras cantando e usando aqueles chapéus maravilhosos. Isso vai ser muito especial”, destaca.
Ao refletir sobre a trajetória, a ativista se lembra do caminho de resistência. “Eu sou uma mulher sem recursos, a quem a sociedade insiste em dizer ‘não’. Mas valeu a pena a insistência. Não acredito que, para ser feliz, a gente precise sofrer, mas sei que a felicidade não vem facilmente para todos. Quando olho para trás, vejo que tudo tem o seu tempo. Existe o mistério da manhã, como eu digo, que a gente só entende depois”, analisa.
Além da atuação no movimento negro, Romilda também integra o coletivo Mulherio das Letras e prepara o lançamento de um livro que reúne suas “escrevivências” como mulher negra.
Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.
Confira a galeria de imagens: