Simão chegou aos 100 anos curtindo chamamé até na fisioterapia
Centenário fica radiante de ter visto a única tataraneta nascer
Vaidoso e de sorriso fácil, Simão Gonçalves completou 100 anos e não abandona por nada o chamamé, nem durante as atividades de fisioterapia. Inclusive, para ele, o gênero musical é sagrado, assim como a família. Simão tinha tudo para ser triste, mas preferiu ver a vida com outros olhos. Viúvo duas vezes, o meio paraguaio, meio brasileiro, se acha sortudo por conseguir estar vivo para ver a bisneta e a tataraneta sentadas ao lado dele, na cadeira da varanda.
RESUMO
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Simão Gonçalves, um senhor de 100 anos, celebra a vida com sorriso fácil e paixão pelo chamamé. Viúvo duas vezes, ele se considera sortudo por ter ao seu lado bisneta e tataraneta. Nascido em Amambai e criado em Assunção, Paraguai, Simão trabalhou na lavoura e com cavalos de corrida. Seu sotaque paraguaio persiste devido à convivência com conterrâneos na fronteira. A família planejava comemorar o centenário de Simão em praias catarinenses, mas adiou para março de 2026 para que todos pudessem estar juntos. Simão, que nunca viu o mar, aguarda ansioso. Após a perda da segunda esposa, Amélia Guazina, ele se mudou para Campo Grande, onde mantém-se ativo com caminhadas e fisioterapia. Amante da música sertaneja, chamamé e raiz, Simão frequentava bailes, onde conheceu Amélia, com quem se casou após os 86 anos. Ele planeja retornar aos bailes em breve.
De poucas palavras e sotaque arrastado, ele conta que nasceu em uma fazenda, em Amambai, e foi levado com menos de um ano para Assunção, no Paraguai. A vida toda, Simão foi criado por lá.
A adaptação com o português é vista apenas em pequenas frases ou palavras. Anos depois, o pai veio para o Brasil trabalhar em uma fazenda e trouxe o filho com ele. “Eu trabalhava na lavoura e mexia com cavalo de corrida. Nasci na fazenda”, conta.
A bisneta, Millenya Gonçalves, completa a história de Simão. Ressalta que ele sempre morou na fronteira e trabalhou com muitos paraguaios, por isso o sotaque nunca o abandonou.
Os 100 anos do patriarca eram para ter sido comemorados nas areias das praias do litoral catarinense, mas os planos tiveram que ser adiados. Simão fez questão de que toda a família pudesse estar junto nesse momento.
Essa seria a primeira vez dele vendo o mar. O sonho não foi esquecido nem engavetado, ele já tem mês e ano marcados: março de 2026. “Acho que vou gostar, primeira vez que vou ver a praia”, comenta Simão.
Para a bisneta, a filha, Isabel Lodo Gonçalves, e o genro, Idelmo Abreu, ele é um exemplo de presença e de "fazer questão". Apesar de ter morado até 3 anos atrás no interior do Estado, ele nunca esteve distante. Após o falecimento da segunda esposa, Amélia Guazina, Simão se mudou para Campo Grande.
“Eu sou suspeita para falar. Tenho a assinatura dele tatuada em mim. Eles são minhas duas pessoas que mais amo. Ele é meu bisavô e tataravô da Agatha, mas ele foi meu pai, meu tio, toda minha base. Amo demais e ter o privilégio da minha filha poder ver ele, ter esse convívio, é maravilhoso. Ela é a única tataraneta. Ele sempre quis ver uma tataraneta.”, diz Millenya.
Enérgico na própria maneira, Simão não aceita ser levado pela morte, inclusive faz de tudo para evitá-la. Para ele, a vida só acaba daqui a 50 anos. Por isso, as caminhadas matinais e as aulas de fisioterapia.
“Minha vida foi tranquila, vivo tranquilo, não gosto de fazer mais nada. Cuidam de mim e eu não tenho que fazer mais nada. Toda vida eu gosto da minha família. Meu sistema é esse aí: nunca abandono a minha família, a vida é boa.”
Na lista de afazeres de Simão estão assistir televisão, dançar, fazer exercícios e dormir. “Adoro música sertaneja, chamamé e raiz. Danço”, fala.
Ele até gostava de ir aos bailes no interior, foi em um deles que encontrou Amélia. O casamento aconteceu aos 86 anos. A filha explica que Simão ficou viúvo da mãe, Nair Lodo, por 12 anos antes de encontrar Amélia, com quem viveu por 11.
“Meu pai é uma maravilha, melhor pai impossível. Tenho mais dois irmãos, éramos sete. A nossa infância foi muito boa, criada em fazenda. Sempre fui a caçula e mais mimada. Éramos uma família bem unida e com a segunda esposa também. Amélia também era viúva, era uma segunda mãe para mim. Ela era muito católica e o padre não aceitou só morar junto, então eles se casaram. Foi tudo tradicional, a Millenya foi a daminha de honra.”
A cerimônia foi conforme os costumes católicos, com direito a festança depois. Nas fotografias, Simão e Amélia aparecem sorrindo, vestidos à caráter. Na memória da família, boas lembranças de momentos com ela.
Depois de 3 anos de luto, Simão se sente pronto para se aventurar nas pistas dos bailes novamente. Dessa vez, com mais cautela. O genro brinca que, quando isso acontecer, ele vai ter que tirar a habilitação e arrumar uma nova casa com a esposa.
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