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Comportamento

Tapeceiro há 40 anos encara qualquer estofado, de sofá a caixão

Além de sofás, Pedro já fez caixão, poltrona do Papai Noel e viu suas peças chegarem ao Japão e aos EUA

Por Clayton Neves | 21/10/2025 07:01
Tapeceiro há 40 anos encara qualquer estofado, de sofá a caixão
Dos 58 anos de idade, 40 Pedro trabalhou como tapeceiro. (Foto: Juliano Almeida)

Com 40 anos de experiência, o tapeceiro Pedro Ribeiro já montou de tudo. Foram sofás, poltrona, bolsas térmicas que foram parar do outro lado do mundo e até caixão. Aos 58 anos, ele acumula histórias de trabalho na oficina simples onde o trabalho começou pequeno, mas que atravessou fronteiras até chegar aos Estados Unidos e ao Japão.

RESUMO

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Pedro, tapeceiro de Campo Grande, transformou sua profissão em um legado de criatividade e solidariedade ao longo de 24 anos na Pantanal Sul Tapeçaria. Entre seus trabalhos mais peculiares, destacam-se o revestimento de um caixão e a criação de capas térmicas para pizzas exportadas ao Japão. Além de sua expertise profissional, Pedro dedicou-se a formar novos profissionais, incluindo familiares e jovens em situação vulnerável. Mesmo planejando desacelerar, ele mantém seus projetos futuros, incluindo cursar teologia para continuar compartilhando conhecimento.

Campo-grandense, Pedro começou no ramo quando ainda procurava um rumo na vida. “Naquela época não tinha esse negócio de faculdade. Meu pensamento era que eu precisava ter uma profissão, não importava qual”, conta. O aprendizado veio com uma das decoradoras mais antigas da cidade, e desde então ele não parou mais.

Há 24 anos, montou o próprio espaço, a Pantanal Sul Tapeçaria, onde fabrica e reforma todo tipo de estofado. O lugar, que ele chama carinhosamente de “oficina”, é um laboratório de criatividade. “Por aqui já passou de tudo, desde móveis modernos até cadeira de Papai Noel de shopping”, conta.

Mas entre os trabalhos mais inusitados, o que mais marcou Pedro foi o revestimento interno de um caixão, todo feito em tecido preto. “Foi coisa de 18 anos atrás. Mas deu tudo certo”, relembra.

Tapeceiro há 40 anos encara qualquer estofado, de sofá a caixão
Trabalhos de estofados criados por Pedro. (Foto: Juliano Almeida)
Tapeceiro há 40 anos encara qualquer estofado, de sofá a caixão

E as criações não ficaram só em Mato Grosso do Sul. Da tapeçaria saíram capas térmicas para caixas de pizza que foram parar no Japão, um pedido curioso e desafiador.

Segundo o tapeceiro, o projeto surgiu quando um empresário o procurou em busca de uma solução para manter a pizza quente durante o transporte no inverno rigoroso do país. “Lá neva, chega a ficar vários graus abaixo de zero, então eles precisavam de algo que isolasse bem o calor”, recorda.

Foram produzidas cerca de 50 bolsas térmicas feitas com um couro sintético e revestidas com material interno isolante. “Fizemos tudo sob medida, com costura reforçada, alças de transporte e fecho de velcro para não perder o calor. No fim, ainda costurei a bandeira do Brasil em cada uma, pra marcar que era coisa nossa”, destaca.

Tapeceiro há 40 anos encara qualquer estofado, de sofá a caixão
Empresa não tem fachada, mas atrai clientes diariamente. (Foto: Juliano Almeida)

Além das capas de pizza, Pedro também já mandou trabalhos para os Estados Unidos e várias cidades do Brasil.

Ao longo da carreira, ele se tornou referência no ofício e formou vários aprendizes. Sobrinhos, filhos e até jovens em situação de vulnerabilidade aprenderam com ele o trabalho. “De graça é dado, de graça tem que ser repartido”, comenta. Um dos sobrinhos virou arquiteto, outro engenheiro, e até um ex-usuário de drogas aprendeu com ele a profissão.

“Todos que trabalharam comigo se encaminharam bem. A tapeçaria foi o meio que Deus me deu também para transformar vidas. Aqui eu faço de tudo, corto madeira, costuro, modelo. Cada sofá é um jeito diferente”, resume.

Tapeceiro há 40 anos encara qualquer estofado, de sofá a caixão
Esposa é parceira e auxilia nos trabalhos da oficina. (Foto: Juliano Almeida)
Tapeceiro há 40 anos encara qualquer estofado, de sofá a caixão
Pedro se tornou referência no ofício e formou vários aprendizes. (Foto: Juliano Almeida)

Hoje, Pedro trabalha de segunda a sexta, e aos sábados prefere descansar. Ele mora no Bairro Dom Antônio Barbosa, e diz que o trabalho continua sendo sua motivação para cruzara cidade até a oficina de trabalho. “A tapeçaria foi minha vida. Eu me criei dentro dela. Só que chega uma hora que o corpo cansa”, admite.

Mesmo assim, o plano não é parar. A esposa, que ajuda na tapeçaria, está estudando enfermagem, e ele já pensa no que fazer quando desacelerar. “Quero fazer uma faculdade de teologia, pra passar conhecimento pra frente. Esse é o maior prazer", finaliza.

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