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Comportamento

Último gibi que avó escreveu agora é tatuagem em braço de Nadja

Avó morreu e deixou gibi favorito, que virou homenagem no braço da neta junto de um sonho que será realizado em 2024.

Thailla Torres | 05/09/2020 07:10
Tatuagem feita recentemente com o ficou da querida avó Noemy. (Foto: Arquivo Pessoal)
Tatuagem feita recentemente com o ficou da querida avó Noemy. (Foto: Arquivo Pessoal)

Impossível olhar o braço da empresária Nadja Espinoza Toumani, 34 anos, e não perguntar sobre o que a levou a tatuar um jogo de criptograma. Quando a resposta aparece, dificilmente alguém segura o sorriso ou choro. O desenho é uma homenagem a avó, que se despediu da vida há pouco tempo e deixou para a neta o último gibi que amava completar nas horas vagas.

Noemy Vieira Espinoza, carinhosamente chamada de Vó Nore, amava um criptograma, fazia vários gibis desse tipo durante o mês e os netos nunca deixavam de presenteá-la com um exemplar na semana. “Não podia faltar gibi, frutinhas, orquídeas e um bom uísque aos domingos”, lembra Nadja.

A empresária então tirou da gaveta de recordações o último gibi feito pela avó e levou para a tatuadora Nana Almeida, do estúdio Beauty Queen. “De lá tiramos as letras para completar o criptograma. Tudo com a letra da vó. As palavras são das coisas que ela gostava, do que ela fazia. E a asa delta que está incompleta é de um combinado entre mim e ela”, relata sobre uma das partes mais emocionantes dessa história.

Noemy tomando o cafezinho que adorava com as netas. (Foto: Arquivo Pessoal)
Noemy tomando o cafezinho que adorava com as netas. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Eu prometi pra ela que quando ela fizesse 100 anos saltaríamos de asa delta no Rio de Janeiro. E agora, eu farei isso no aniversário de 100 anos dela daqui a quatro anos, eu e meus primos depois de saltar iremos concluir a tatuagem.”

Noemy teve cinco filhos, sendo quatro deles mulheres. Nas palavras da neta é descrita como uma mulher forte que criou a família sozinha, principalmente quando o marido, o vô Pedro, conta Nadja, faleceu quando os filhos eram pequenos. “A caçula nem chegou a conhecê-lo”, lembra.

“Ela sempre ensinou a batalhar, a nunca desistir, a serem mulheres fortes, determinadas, a não depender de homem nenhum. Todas as filhas se tornaram grandes mulheres, com muita força e determinação. Guerreiras, batalhadoras, donas de si. Vó sempre foi brincalhona, falava besteira, bebia com a gente, dançava e fazia de tudo em casa, cuidava das plantas, cozinhava como ninguém.”

Noemy ao lado das filhas. (Foto: Arquivo Pessoal)
Noemy ao lado das filhas. (Foto: Arquivo Pessoal)

Sempre cercada de amor, quem conhecia dona Noemy virava filho ou neto fácil. “Ela acolhia e era de uma energia sem igual.  Não há uma história ou lembrança dela triste ou para baixo. Sempre olhava para cima, determinada, bondosa e feliz."

Noemy partiu em casa, cercada de amor, onde ela queria estar. “Não quis ser internada e passou suas últimas horas com as quatro filhas e netos ao redor dela. Deu seu último suspiro no quarto dela, em paz, em oração e cercada de amor. Deixou um legado de grandes lições, muitos amigos e uma família que a amava muito”.

Deixou a saudade em 10 netos e 10 bisnetos, além dos agregados que a tinham como referência de afeto. “Poderia passar horas contando histórias da vó, com tudo que ela deixou de histórias e aprendizados. Foi ela também quem batizou meu filho, Theo. E ela era uma benzedeira de mão cheia. Benzia a gente desde pequenos e benzeu todos os bisnetos. Com muito amor”, finaliza.

Tem alguma história para contar na nossa série "O que ficou de quem partiu"? Mande sua sugestão pelo Facebook, Instagram ou e-mail: ladob@news.com.br

Noemy batizando o filho de Nadja. (Foto: Arquivo Pessoal)
Noemy batizando o filho de Nadja. (Foto: Arquivo Pessoal)


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