Dora perdeu R$ 115 mil, mas recomeçou fazendo fonte de pedra
Artesã constrói sozinha peças originais de pedra natural que chegam a custar R$ 28 mil

Dora Carneiro, de 58 anos, não sabia fazer absolutamente nada do que faz hoje. De um dia para o outro, ela começou a fazer fontes ornamentais de pedra natural e nunca mais parou. O talento já estava ali, escondido em algum canto que, até agora, ela não sabe. Em 2002, a vida mudou, foi da venda de joias e de um prejuízo de R$ 115 mil que nasceu a oportunidade de fazer algo novo que ela não troca por nada.
RESUMO
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Após sofrer um prejuízo de R$ 115 mil com a venda de joias em 2002, Dora Carneiro, hoje com 58 anos, descobriu um talento nato para a construção de fontes ornamentais de pedra natural. Sem nenhum curso ou treinamento formal, ela cria peças únicas, que variam de R$ 380 a R$ 28 mil, para clientes em diversas cidades, incluindo igrejas, clínicas e residências. Seu trabalho manual e solo a tornou uma referência no ramo, com mais de 800 fontes construídas ao longo dos anos. Dora relata que a inspiração para os designs surge espontaneamente, sem repetições. O processo de criação, desde o carregamento da areia até a finalização da peça, é realizado inteiramente por ela, o que demonstra sua dedicação e paixão pelo ofício. A artesã afirma que o trabalho a realiza e a mantém viva, emocionando-se ao ver suas criações proporcionando momentos de paz e reflexão, como a cena de um fiel rezando aos pés de uma de suas fontes em uma igreja.
O trabalho, todo manual, é feito solo e custa de R$ 380 a R$ 28 mil. Até para igrejas ela já construiu fontes. Segundo a artesã, ela não faz grandes projetos, conta mais com a inspiração e nunca repete o design.
“Uma fonte nunca fica igual a outra, faço sempre diferente. Não fiz nenhum curso e nunca achei alguém que me ensinasse também”. Foi após uma situação difícil e uma terapia de reiki (terapia alternativa) que ela descobriu a vocação.
“Antes de eu começar a fazer fonte, eu vendia semijoia, ouro, prata há mais de 13 anos. Aí, um dia, me roubaram tudo. Eu ainda tentei vender por dois anos. Não consegui, fiquei muito ruim da cabeça, aí fui parando. Eu comecei a fazer um esboçozinho de uma fonte de pedra, dois jarrinhos, e também já sabia como, o que eu tinha que fazer: comprar uma bomba, colocar dentro de uma bacia. E foi por aí que deu início”.
As primeiras fontes que Dora fez, ela confessa que não ficaram boas, mas que se sentiu bem fazendo algo manual. O objetivo nunca foi fazer sucesso, mas ela recebe elogios pelo trabalho de coração aberto, inclusive as críticas quando elas aparecem.
“Ficaram feinhas, e aí depois foi melhorando a qualidade, eu fui aprendendo um pouco mais. Nunca achei ninguém que me ensinasse a fazer, nunca fiz nenhum curso. E aí, de repente, eu faço fonte e elas vêm na minha mente, os modelos, tudo. No início eu tive dificuldades". A primeira grande fonte que fez foi no Parque dos Poderes.
Quando começou a fazer as fontes maiores, as fixas, Dora ia até o local, fazia o orçamento e muitos clientes acreditavam que, no dia seguinte, ela apareceria com uma equipe de trabalho. Mas o receio surgia quando percebiam que ela fazia tudo sozinha, desde carregar areia a preparar a massa.
Dora conta que já até tentou parar de fazer as fontes ao longo dos anos, mas que não consegue. “É o que mais me realizo, é o que mais me deixa feliz. Já estou chegando aos 60 anos, não sei até onde vou conseguir ir fazendo. Eu tive só um excelente ajudante nesse tempo todo, mas hoje não tenho mais, aí trabalho sozinha novamente”.
O trabalho não é só contratado por pessoas que querem enfeitar a casa ou ambientes externos, mas por clínicas e por quem tem dificuldades para dormir. O som ajuda a relaxar.
“Já vendi fonte para pessoas que têm depressão, para ajudar. As clínicas também pedem muito. Faço em piscina, em fazendas também. Já fiz em Nova Alvorada, Aquidauana, Rochedo, Rio Verde, Porto Murtinho. Já até foi fonte minha para o Rio de Janeiro. Já fiz mais de 800 fontes nesse tempo”.
Para ela, a hora que mais gosta é, de fato, colocar a mão na massa. Além de criar do zero a peça, ela também customiza as que já existem e conserta algumas.
“Gosto de criar porque o artesão tem isso, tem que inventar, criar coisa diferente. Eu sempre achei que daria certo porque as pessoas me falavam isso”.
O trabalho é algo que a mantém viva e enche de orgulho a si mesma. Dora relata uma vez em que fez um trabalho para uma igreja e viu um fiel rezando aos pés da fonte e da imagem que estava nela.
“Fiquei olhando aquilo que eu fiz, sem projeto nenhum, e alguém confiar em mim era valoroso. Fiquei olhando a forma que fiz, as pedras que coloquei. De repente, chega alguém que colocou a mão perto da fonte, que tinha uma santa, e aquilo me emocionou. Eu tive participação naquele momento. Isso, para mim, é gratificante demais”.
Para encomendar uma fonte entre em contato pelo número (67) 9275-7707.
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