Flib terá Aline Bei, autora do famoso livro 'O Peso do Pássaro Morto'

Para mostrar que livros têm cara, personalidade e história por trás das páginas, a 9ª edição da Flib (Feira Literária de Bonito) traz a escritora Aline Bei, autora do livro 'O peso do pássaro morto', para contar sobre processo, identidade e construção da narrativa que caiu no gosto do público. Além dela, mais seis escritores nacionais fazem parte da programação, assim como 25 regionais. O cronograma completo ainda será divulgado nos próximos dias.

A Flib acontece de 17 a 21 de setembro, na Praça da Liberdade, em Bonito. A entrada e participação é gratuita. O evento já havia sido lançado no município, mas nesta sexta-feira (8) foi a vez da Capital receber o lançamento oficial da Feira.

Sobre o livro de Aline, a narrativa foi o romance de estreia da escritora no mercado literário. Nele, ela a autora acompanha a vida de uma mulher dos 8 aos 52 anos, atravessada por perdas, dores, amadurecimento e silêncio.

A escrita fragmentada, com quebras de linha e ritmo próprio, é parte essencial da experiência de leitura. O livro se tornou um sucesso crítico e de público em 2017. Com o tema “Literatura: a autoria, a arte e a vida”, a Flib promete aproximar ainda mais obra e autor.

A curadora da feira, Maria Adélia Menegazzo, explicou ao Lado B que o tema da edição surgiu do cenário conflitante com a Inteligência Artificial, que, segundo ela, acaba pegando referência e estilo de escritores sem que o público saiba quem eles são. Para ela, a Flib chega em um momento de reflexão e da necessidade de mostrar quem escreve e o que escreve. Ela também falou sobre a homenagem da 9ª edição à autora Carolina Maria de Jesus, autora da obra Quarto de despejo.

“Quando a gente pensa nessa categoria literária, de diário, autobiografia, nada melhor que Carolina Maria de Jesus, porque o livro Quarto de despejo: diário de uma favelada é uma espécie de ponto de virada da literatura brasileira contemporânea. A linguagem que ela usa não é a normalmente aceita pelo sistema literário. Ela escreve como fala, isso é inovador. Uma coisa é ter um autor com formação e que tenta imitar alguém que não fala a língua 'culta'; outra coisa é alguém que é assim mesmo. Ela expressa dessa maneira o que pensa, vive e o enfrentamento do mundo."

Carolina Maria de Jesus (1914–1977) foi uma das escritoras mais importantes e surpreendentes da literatura brasileira. Mulher negra, catadora de papel, favelada e praticamente autodidata, ela rompeu barreiras sociais e raciais para se tornar um dos grandes nomes da literatura do século 20.

Fora o nome nacional, a Feira também homenageia Flora Egídio Thomé, autora sul‑mato‑grossense que também publicou obras que fogem ao padrão.

Carlos Porto, coordenador da Flib, ressalta que este ano seria a comemoração dos 10 anos da feira, se não fosse interrompida a continuidade devido à pandemia de covid-19. Mesmo com um ano a menos na conta, ele acredita que esta edição é diferente das outras por ressaltar o papel da leitura em tempos de tecnologia e de queda nos índices de leitura em todo o Brasil.

“A construção disso, de falar de leitura em tempos em que a tecnologia tem mais espaço que o papel e os livros, é um desafio. A feira está tomando a dimensão de uma adolescente em crescimento. Estamos falando de uma homenageada que tem uma história fantástica: uma catadora de papel que fazia seus escritos nos papéis que ela pegava. O Quarto de despejo é isso".

Ele conta que o primeiro homenageado da Feira foi Manoel de Barros e que para celebrar os 10 anos, em 2026, pensa em fazer algo para lembrar as edições passadas. "Estamos pensando. Acreditamos que, no mínimo, 10 mil pessoas vão passar pela Praça da Liberdade.”

Eliana Maria Rafael Fregatto, secretária de Educação de Bonito, conta que a feira manteve o tradicional concurso de redação, com premiação e publicação dos textos. Para ela, isso é um incentivo real à leitura, à criação e à produção.

“É o momento de transformação. Nossos alunos participam efetivamente, eles fazem as suas produções. Eles se sentem realmente pertencentes a esse evento, que é tão importante para nós, para nossa cultura, para nossa educação, literatura e arte. Na rede, temos 3.150 alunos, mas os que realmente participam são do quinto ao sétimo ano.”

Além de Aline Bei, nomes como Keka Reis, Júlio Maria, Sirlene Barbosa, João Pinheiro, Ana Cristina Braga Martes, Henrique Rodrigues, Gustavo Castro e Andressa Marques estão na lista de autores nacionais que estarão presentes na Flib. A programação contempla oficinas de criação abertas ao público, atividades formativas voltadas a professores e estudantes, debates, mesas-redondas e rodas de conversa com escritores, poetas, romancistas, cronistas, quadrinistas, músicos, diretores de teatro e cinema.

 Acompanhe a programação neste link.

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