ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
DEZEMBRO, QUARTA  25    CAMPO GRANDE 22º

Diversão

Escolas de samba esquecem datas importantes e enredos vão repetir temas antigos

Elverson Cardozo | 30/01/2014 06:35
Escolas de samba esquecem datas importantes e enredos vão repetir temas antigos

O Carnaval de Campo Grande, este ano, será mais “nostálgico”, com reapresentação de enredos já conhecidos, e com mais temas universais que regionais. Apenas quatro das nove escolas decidiram focar na cidade, ainda assim, duas com temas reeditados, que já foram apresentados em anos anteriores.

Isso aconteceu porque o prazo para entrega de enredos, na Lienca (Liga das Entidades Carnavalescas), foi mais “apertado” em 2013. O limite era junho. As escolas estavam acostumadas a providenciar isso no final ou início do ano seguinte.

Os carnavalescos dizem que não tiveram tempo hábil para se planejar, bolar algo melhor. A Lienca, por outro lado, se defende e afirma que a justificativa é plausível, mas faltou organização. “O Carnaval é em fevereiro ou março. Em abril eles já devem estar discutindo para o ano seguinte”, afirmou.

A Unidos do Bairro Cruzeiro é uma das escolas que vai entrar com um tema antigo (“a mitologia grega à passarela do samba – os deuses gregos no carnaval brasileiro), explorado há pelo menos 10 anos, segundo o presidente, Alex da Silva Guedes.

Como a agremiação, na ocasião, foi bem avaliada, os carnavalescos resolveram voltar, mas agora, garante Alex, “com mais glamour e beleza”. Serão 9 alas, cada uma dedicada a um deus, três carros e 600 pessoas. “Ia ser outro tema, mas como tivemos um ano de adiantamento, escolhemos às pressas”, disse o presidente.

Escolas de samba esquecem datas importantes e enredos vão repetir temas antigos

A Unidos do Aero Rancho também recorreu ao passado com o enredo “Do barro e da tela para a passarela – o Aero Rancho vive o sonho do artista”. É uma releitura do desfile de 2004. Neste caso, garantiu o presidente, Alberto Vieira de Mattos, a escola já tinha pensado na reapresentação, mesmo antes dos prazos estabelecidos pela Lienca.

“Na época não foi feito do jeito que a gente queria. O recurso era outro. Queríamos prestigiar o artista plástico Levi Batista, o homem das araras, mas não tivemos oportunidade”, contou.

Agora, é torcer para tudo dar certo. Com 10 alas, 3 carros alegóricos e mais de 300 foliões, a escola pretende fazer bonito na avenida. A homenagem de Levi se estende aos pintores de renome, como Di Cavalcanti e aos regionais, como Lídia Baís. “Haverá uma ala dedicada a ela. Não sabemos como vai ser, mas terá um carro alegórico abrindo ou fechado o desfile com a releitura de uma grande obra dele, a da Santa Ceia, onde ela aparece com dois apóstolos de Cristo”.

A Cinderela Tradição do José Abrão é outra que será responsável pelo clima nostálgico. O samba-enredo (Viemos falar das flores) foi executado, segundo o atual presidente, Gilberto Carlos C. Lopes, no Carnaval de 1982.

É uma homenagem ao bairro, que dá nome á escola, e à Beija-Flor de Nilópolis, agremiação do Rio de Janeiro. “O compositor, Edson Carioca, era primo do Neguinho. Gostava muito do José Abraão”, contou. A letra lembra que o bairro é cheio de flores. As 6 alas devem levar isso à avenida. Uma será das rosas, a outra das tulipas e por aí vai. Serão 3 carros alegóricos e um “time” de 150 participantes.

Escolas de samba esquecem datas importantes e enredos vão repetir temas antigos

Temas inéditos - Na lista das que vão apresentar novos enredos está a Estação Primeira do Taquarussu, com “Mãe Menininha dos gantois, minha mãe ialorixá, filha de ogum, vem me proteger. Vou usar um patuá...”

O foco será a Bahia, seu o contexto religioso e as crenças em santos e orixás. O destaque vai para mãe Menininha. “É a mãe de santo mais conhecida do Brasil”, explicou o carnavalesco responsável, Manoel Lemos Teixeira.

São 4 carros, cerca de 400 pessoas e 11 alas. “Uma vai falar sobre as festas de Nossa Senhora dos Navegantes. A outra vem falando sobre o Olodum, grupo conhecido mundialmente como uma entidade filantrópica que presta serviço social”, exemplificou.

Com 11 alas, quatro carros e 500 componentes, Os Catedráticos do Samba, promovem, na avenida, “Uma viagem ao mundo dos contos e fábulas da literatura infantil”. Este foi o tema mais forte que a escola encontrou, disse a presidente, Marilene Pereira de Barros.

“Nosso carnavalesco é um professor e ele comentou alguma coisa sobre a leitura que está meio esquecida, que deixamos de lado por causa do computador. Optamos por isso, para ver se resgatamos um pouco esse gosto”, explicou, ao dizer que agremiação chegou a cogitar falar sobre ufologia ou fazer uma homenagem ao município de Água Clara.

Escolas de samba esquecem datas importantes e enredos vão repetir temas antigos

A Vila Carvalho entra na avenida para homenagear a Mangueira, escola de samba do Rio de Janeiro. “É nossa madrinha. Nos apoia. Nada mais justo”, argumentou o presidente, José Carlos de Carvalho ao informar o tema: “Minha madrinha mangueira. Sou verde e rosa de corpo, alma e coração – Carvalho e Mangueira uma só nação”.

Guardando os detalhes para surpresa no dia, Carvalho conta apenas que deve sair com 12 alas e quatro carros alegóricos. A Deixa Falar, comandada por Salvador Dódero, levar alegria, muita cor à avenida, com “Aqurela Pantaneira – uma viagem a céu aberto”.

“Vamos divulgar as coisas importantes que temos em nosso Estado. Vamos desfilar o Pantanal”, adiantou. Araras, índios e vaqueiros estão entra os destaques que devem compor as 10 alas e os 3 carros alegóricos que devem ser seguidos por, pelo menos, 430 participantes.

A Igrejinha é a escola que conta com maior público: Aproximadamente 1 mil integrantes, segundo seu presidente, Paulo Freira Thomaz. Com 13 alas e 5 carros, a agremiação pretende homenagear o carnavalesco Valdir Gomes (“Quando se iluminam as avenidas e resplandecem os salões, o luxo, o brilho e as cores desfilam na genialidade de Valdir Gomes, ícone dos carnavais”).

“Ele não desfila mais em Campo Grande há 12 anos. Só em Corumbá. A igrejinha quer valorizar o carnaval daqui, por isso, quer trazer ele”, justificou.

Criatividade - De todas, a Herdeiros do Samba, escola mirim, vinculada à Aresm (Associação Recreativa Escola de Samba Mirim), parece ter sido a que mais abusou da criatividade. O enredo é a “Viagem Imaginária de Cleópatra ao Pantanal Sul-mato-grossense”.

Foi inspirado na predileção de Brenda, 7 anos, pelas cores e coisas do Oriente Médio. É neta da atual presidente, Fátima da Luz. “Ela é fascinada. Gosta do Egito, da Grécia. Quando falei da Cleópatra todo mundo acatou”, disse.

Como não são permitidos, segundo ela, temas internacionais, foi preciso trazer a rainha para o Brasil. Por aqui, Cleópatra vai passar por diversas épocas e por vários locais. Sai do Egito pelo mar vermelho, dá uma paradinha em Madagascar, com todos aqueles bichos do filme animado, abastece-se de água doce e, na saída, encontra-se com os Piratas do Caribe.

Aporta na África do Sul, faz uma visita ao Mandella (não é uma homenagem póstuma, esclarece, porque o enredo foi pensado antes da morte do líder) e vai para Angola, onde visita uma tribo de antigos guerreiros antigos. De lá, vem direto para o Brasil.

Chega, primeiro, na baía de Todos-os-Santos, percorre Porto Seguro, desembarca no Estado de Minas Gerais, corta todo o Triângulo Mineiro para só, então, chegar ao Pantanal, por Corumbá. No município sul-mato-grossense, Cleópatra, a aventureira, ainda vai andar de canoa com os índios Guatós, cavalgar com os Guaicurus, dar um mergulho no Mar de Xaraés e aí, coitada, terá de voltar antes que encontre o Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, mais conhecido como Rondon.

Detalhe: O “affair” de Cleópátra, o imperador Júlio Cézar, também será representado. A atuação, sem encenação que lembre romance, ficará por conta de um de um homem de aproximadamente 40 anos, portador de necessidade especial.

Fátima espera demonstrar tudo isso contando com 6 alas, 4 carros e apenas 60 jovens, de 7 a 18 anos. Com tanta criatividade é uma pena que a escola, como convidada, não possa concorrer. Pelo menos a abertura do Carnaval, ao que tudo indica, será divertida.

O Lado B não conseguiu falar com o presidente da Unidos do São Francisco.

Nos siga no Google Notícias