Número 1, foto de harpia com presa puxa fila de animais recordistas em leituras
Preferência por notícias de animais dominou os acessos dos leitores em 2024; top 5 tem 4 histórias de bichos
O que te leva ao clique? Em um mundo tomando por excesso de informações, com disputa de espaço entre títulos no noticiário, o Campo Grande News tem questionado os motivos dos leitores preferirem se engajar com temas tão específicos.
RESUMO
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Em 2025, o site Campo Grande News registrou um grande interesse do público por matérias sobre fauna pantaneira, especialmente uma foto de uma harpia com 533.444 acessos. Especialistas atribuem essa preferência à busca por conexão emocional com a natureza, funcionando como alívio das pressões cotidianas e oferecendo um significado pessoal em contraste com temas mais complexos ou divisivos como política e educação. A noticiabilidade, nesse caso, se pauta no desvio da ordem esperada e no significado social, mostrando uma tendência crescente no consumo de notícias focadas em biodiversidade e preservação ambiental.
Entre as matérias mais lidas de 2024, o primeiro lugar chama a atenção: a foto de uma harpia, a maior águia do mundo, capturada em um momento raro e surpreendente. Até o dia 20 de dezembro, a imagem acumulou impressionantes 533.444 cliques. Este número não só reflete o sucesso da matéria, mas também revela um interesse crescente pela biodiversidade e pela preservação da natureza.
Gabriel Oliveira de Freitas, sócio-proprietário da Icterus Ecoturismo e Expedições, foi o responsável por registrar o momento. Para ele, os números de acessos para o que ele chama de "foto da vida" é emocionante.
"Esses números para mim são uma emoção sem tamanho, é indescritível porque, ao mesmo tempo, representa um símbolo da preservação, do que Corumbá tem de mais bonito. Também é um marco do trabalho que a gente vem fazendo nos últimos anos. Ver essa harpia alçar voo e alcançar milhares de pessoas, e perceber que hoje muitas querem vir para Corumbá para se apaixonar e contemplar essa biodiversidade, é muito gratificante".
A repercussão dessa foto reflete uma tendência crescente no consumo de notícias, conforme aponta Marcos Paulo da Silva, doutor em Comunicação e docente do Curso de Jornalismo na UFMS.
Ele explica que a noticiabilidade, ou o que leva uma matéria a atrair a atenção do público, pode ser resumida em duas grandes dimensões: o desvio da ordem esperada e o significado social que o tema carrega. "Em tempos contemporâneos, vemos a fragmentação da ideia de esfera pública", explica Marcos. "A noção de interesse público passa a ser mais voltada para a esfera privada. As notícias que mais atraem as pessoas são aquelas que possuem um significado para a vida individual, mais do que para a coletividade. As questões sobre biodiversidade, nesse caso, conseguem atingir tanto essa dimensão de desvio quanto de significado pessoal".
A preferência por temas como a biodiversidade em detrimento de assuntos mais polêmicos, como política e educação, também pode ser explicada sob uma perspectiva psicológica, como ressalta a psicóloga clínica Kelly Elaine Pereira.
"O interesse por temas ligados à natureza muitas vezes evoca uma forte conexão emocional, como a empatia em relação a animais e ecossistemas", observa Kelly. "A narrativa sobre preservação gera um senso de urgência e importância, além de proporcionar uma espécie de 'fuga' das pressões cotidianas, especialmente em tempos de incerteza, como os que vivemos atualmente."
Para a psicóloga, a atração por esses temas pode estar relacionada a uma busca por alívio mental, onde as histórias sobre a natureza oferecem uma pausa nas tensões do dia a dia. "Além disso, muitas pessoas possuem uma crença profunda na importância da conservação. Isso as motiva a se engajar mais com essas questões do que com temas políticos ou educacionais, que muitas vezes são vistos como divisivos ou complexos", afirma Kelly. A percepção de que pequenas ações podem gerar grandes impactos na preservação da biodiversidade também é um fator que estimula o engajamento com essas matérias.
Ela cita David K. Anderson, especialista em psicologia ambiental, reforça essa ideia, afirmando que "as interações com a natureza têm um impacto significativo no bem-estar psicológico das pessoas". Essa conexão com o meio ambiente, conforme outro autor Richard Louv, é essencial para o desenvolvimento emocional e psicológico, e sua ausência, o chamado 'déficit de natureza', pode prejudicar esse desenvolvimento, especialmente nas crianças.
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