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Adultos precisam tomar vermífugo regularmente? Respire fundo e leia

Especialista desmistifica prática comum e esclarece sobre os perigos da automedicação

Por Thailla Torres | 24/05/2025 07:40
Adultos precisam tomar vermífugo regularmente? Respire fundo e leia
Será que você, adulto, precisa mesmo sair se medicando assim, na base do susto? (Foto: Thailla Torres)

Se você já perdeu o apetite depois de assistir a um daqueles vídeos bizarros nas redes sociais mostrando "vermes saindo do corpo humano", respire fundo. A cena é digna de pesadelo, mas será que a realidade acompanha o drama virtual? Ou mais importante: será que você, adulto, precisa mesmo sair se medicando assim, na base do susto?

Conversamos com o médico da família Dr. Gabriel Begotto (CRM-MS 11304), do Hospital Proncor, para esclarecer, com base em evidência científica e um pouco de bom senso, o que é verdade e o que é mito na vermifugação de adultos. O resultado é um convite à informação antes do impulso.

A dúvida de milhões: adulto precisa tomar vermífugo?

A resposta é não. Pelo menos, não como rotina. “Não existe nenhuma evidência científica que demonstre benefício na desparasitação de rotina para adultos”, afirma o médico. Segundo ele, grandes entidades como a OMS e o Ministério da Saúde recomendam vermifugação periódica apenas para grupos de risco, como crianças, mulheres em idade fértil e lactantes, e mesmo assim, dependendo da prevalência da doença na comunidade.

E quando o corpo dá sinais?

Mesmo sem exames, o corpo pode “sussurrar” alguns alertas. Dor abdominal, diarreia, indisposição e, em casos mais graves, sangramento digestivo ou até sintomas respiratórios,  tudo isso pode ser indício de parasitas agindo em silêncio. A longo prazo, os vermes podem gerar anemia, desnutrição e até quadros neurológicos graves, caso se aloquem em órgãos como o cérebro.

“Alguns parasitas conseguem migrar pela corrente sanguínea e provocar sintomas como convulsões e perda de força, dependendo do local afetado”, explica Dr. Begotto.

Tomar por conta? Melhor não.

Apesar de ser comum encontrar vermífugos sendo vendidos sem receita, a recomendação médica é clara: não use por conta própria. Isso porque os medicamentos variam muito de acordo com o tipo de parasita, e até mesmo a mesma substância pode exigir esquemas diferentes, uma dose única para uma doença, três dias para outra.

Além disso, há efeitos colaterais e contraindicações sérias, especialmente para gestantes, idosos e pessoas com doenças crônicas. A automedicação, aqui, não é liberdade, é risco.

Se a automedicação não é o caminho, o melhor mesmo é evitar pegar vermes. Como? Com hábitos tão simples quanto eficientes, orienta o médico:

  • Lavar bem as mãos, especialmente antes das refeições e depois do banheiro
  • Usar sapatos ao andar em áreas externas
  • Evitar contato com esgoto ou terrenos baldios
  • Cozinhar bem os alimentos e consumir água tratada
  • Higienizar frutas e verduras cruas

Tudo isso parece básico, mas “é justamente esse básico bem feito que protege”, diz o médico.

E os vermes afetam o sono, o intestino, a imunidade?

Sim, principalmente o intestino. É ali que a maioria dos parasitas se instala e suga nutrientes essenciais. “Você deixa de absorver vitaminas e minerais importantes, o que pode desencadear várias complicações”, explica o médico. Já os estudos que tentam associar vermes ao funcionamento do sistema imunológico ainda são inconclusivos, ou seja, não existe benefício comprovado em “conviver com os bichinhos”.

Com a pandemia, muita gente saiu tomando Ivermectina na esperança de combater a COVID-19 e, como efeito colateral curioso, houve uma redução temporária de parasitoses tratáveis com o remédio. Mas o médico alerta: não foi milagre, foi coincidência. E mais: a crise econômica aumentou a exposição de muita gente a condições precárias de higiene, o que reacende o risco de contaminação.

Em resumo? Não caia em vídeos de terror. Vermes existem, mas não precisam ser combatidos com base no susto. Se você está saudável, não há necessidade de vermifugar por rotina. Em caso de sintomas persistentes, consulte um médico. E se tiver dúvidas, melhor um bom diagnóstico do que um remédio mal indicado.

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