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Alzheimer não é envelhecer e médicos alertam para sinais e cuidados

Setembro Lilás lembra que é preciso falar sobre a doença que impacta quem recebe o diagnóstico e toda família

Por Thailla Torres | 23/09/2025 09:45
Alzheimer não é envelhecer e médicos alertam para sinais e cuidados
Médico destaca que o Alzheimer, embora acometa com mais frequência as pessoas idosas, não é um processo natural do envelhecimento.

O 21 de setembro foi Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer e o mês traz esse lembrete: é preciso falar sobre um tema que impacta não apenas quem recebe o diagnóstico, mas toda a família.

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Doença de Alzheimer não é parte natural do envelhecimento, alertam especialistas. A data de 21 de setembro, Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer, lembra a importância de discutir o tema que afeta pacientes e familiares. O Alzheimer, embora mais frequente em idosos, não é um processo natural do envelhecimento, mas uma condição clínica com alterações patológicas específicas no cérebro.Sinais como esquecimento, dificuldade em tarefas rotineiras e mudanças de comportamento devem ser investigados. Fatores de risco incluem obesidade, hipertensão, diabetes, colesterol alto, baixa escolaridade, surdez e depressão. O diagnóstico impacta toda a família, gerando sobrecarga física e emocional nos cuidadores. Especialistas recomendam suporte multiprofissional, revezamento de cuidados, atenção à saúde do cuidador, sono adequado, socialização e autocuidado. Cuidar de quem cuida é fundamental para garantir a qualidade de vida de todos os envolvidos.

“Não é parte natural do envelhecimento”

O neurologista Pedro Levi Alencar, coordenador do Ambulatório de Cognição e Demência do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS), explica que ainda existe muita confusão sobre o Alzheimer.

“O Alzheimer, embora acometa com mais frequência as pessoas idosas, não é um processo natural do envelhecimento. A demência passou a ser tratada como uma condição clínica a partir do trabalho do psiquiatra e neuropatologista alemão Alois Alzheimer. Ele mostrou que a doença não era uma parte normal do envelhecimento, mas sim causada por alterações patológicas específicas no cérebro”, ensinou.

No ambulatório, as consultas costumam ser longas e informativas justamente para acolher familiares e cuidadores. Afinal, como reforçam os especialistas, o diagnóstico não atinge apenas o paciente, mas todo o núcleo que convive com ele.

Fatores de risco e prevenção

Segundo o geriatra Roni Mukamal, coordenador do Serviço de Geriatria e Gerontologia do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes/Ebserh), os sinais precisam ser observados desde cedo. “Se uma pessoa está esquecendo, se mostra sinais de demência, não faz as tarefas rotineiras de uma forma normal, é preciso que vá ao médico para investigar”, alerta.

Ele lembra que não há uma causa única e definida, mas há condições que aumentam a vulnerabilidade: “A gente sabe que uma pessoa que está acima do peso na vida adulta, que tem hipertensão, diabetes não controlada, que tem problema de colesterol, tem mais risco de ter Alzheimer. Outros fatores de risco são, por exemplo, a baixa escolaridade, a surdez na vida adulta e a depressão, entre outros. Então, todas essas condições, quando a gente cuida, pode controlar o processo”, disse.

Impacto na família e nos cuidadores

A enfermeira Melissa Lochs, do Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC), atua em um grupo de ajuda mútua para familiares e pessoas com demência. Ela descreve a sobrecarga que o diagnóstico gera. “A gente costuma dizer que a doença de Alzheimer não é da pessoa, mas de toda a família, que acaba sendo impactada”, afirmou.

O grupo oferece suporte multiprofissional de forma presencial e remota. “Há uma sobrecarga física e emocional, por isso a gente indica fortemente que esse cuidador também seja amparado, pois a doença avança, os cuidados precisam ser cada vez maiores. O paciente perde autonomia, precisa de ajuda para lidar com os medicamentos, para lidar com finanças, higiene, conforto, alimentação. São muitos desafios”, resume.

A experiência é semelhante à da coordenadora do Programa de Apoio a Cuidadores (Pacto), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). “Muitos familiares e cuidadores chegam com sentimentos de exaustão e desamparo, sem saber como lidar com situações do dia a dia. Por isso, atuamos para oferecer suporte, acolhimento e capacitação para essas pessoas”, disse.

Ela própria vive a realidade de perto: “Além da atuação acadêmica e profissional, vivo essa realidade em minha vida pessoal. Tenho uma mãe com demência moderada, o que me permite compreender de maneira mais sensível as dores e desafios enfrentados por quem cuida”.

Cuidar também de quem cuida

O olhar para os cuidadores é reforçado pela geriatra Danielle Lima, do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), em Fortaleza. Ela lista cinco práticas fundamentais para que familiares não adoeçam junto com a sobrecarga:

  1. Revezamento – Dividir a tarefa com outros membros da família ou cuidadores formais.

  2. Cuidar da própria saúde – Não adiar consultas médicas e exames.

  3. Sono – A privação aumenta estresse e risco de depressão e ansiedade.

  4. Socialização – Momentos de lazer e espiritualidade ajudam a aliviar a rotina.

  5. Autocuidado – Manter hábitos que deem prazer, como sair com amigos e praticar atividades.

“Se o cuidador adoece, o que será do paciente?”, questiona a médica. O Setembro Lilás, criado justamente para debater a doença, é um convite à empatia. Falar sobre o Alzheimer é dar nome a algo que silencia lentamente as memórias, mas que não apaga o direito de cada pessoa viver com dignidade, afeto e presença.

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