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Sabor

Do forno da avó às feiras, cuca virou recomeço na vida de engenheiro

Além da cuca, feirante vende pães, bolos e doces que fazem lembrar das raízes no Sul do País

Por Clayton Neves | 29/07/2025 06:50

Foi no forno elétrico e em um fogão comum que os primeiros pães e cucas do gaúcho Jeder Vinícius Bueno, de 37 anos, começaram a ser preparados em Campo Grande. A falta de um forno industrial, de um espaço para produção ou de uma tenda para as vendas não impediu o empreendedor de recomeçar a vida longe de casa, depois de ficar desempregado.

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Gaúcho desempregado em Campo Grande encontra nova profissão na culinária. Jeder Vinícius Bueno, de 37 anos, começou a fazer pães e cucas em um forno elétrico e fogão comum após perder o emprego durante a pandemia. A inspiração veio da avó, que fazia quitutes em forno de barro no Rio Grande do Sul. O que começou como renda extra, vendendo para vizinhos e em feiras locais, tornou-se um negócio. Com a esposa, Bia, que produz bolos, Jeder expandiu a produção, investindo em equipamentos e atendendo a crescente demanda. Eles agora têm uma rotina semanal de feiras e entregas, oferecendo cucas de diversos sabores e diferentes tipos de pães. A atividade permite a Jeder manter a tradição familiar e homenagear suas raízes.

Hoje, as vendas seguem a todo vapor. Tem pães doces, salgados, cuca de doce de leite, goiabada, abacaxi, uva e chocolate. Tudo preparado seguindo receita de vó. Mas nem sempre foi assim.

Natural de Giruá, no interior do Rio Grande do Sul, Jeder chegou à Capital no fim de 2020, transferido a trabalho. No entanto, pouco tempo depois a empresa fechou as portas e ele se viu desempregado em meio à pandemia.

Engenheiro agrônomo de formação, Jeder usou parte da reserva financeira da venda de sua antiga casa para se manter por um tempo, até decidir o que faria. No meio do período de incerteza, encontrou o amor, parceria e uma nova profissão.

Do forno da avó às feiras, cuca virou recomeço na vida de engenheiro
Cucas são feitas em vários sabores e custam R$ 12.

“Conheci a Bia, que é minha esposa, e ela é daqui de Campo Grande. Aí ela engravidou e eu estava sem trabalhar, então pensamos em algo que a gente pudesse fazer junto”, lembra. Foi então que a tradição familiar apareceu como solução.

A ideia de começar a fazer pães e cucas veio das lembranças da infância no Sul, especialmente da avó Maria de Lourdes, que costumava assar tudo no forno de barro. “Ela fazia os pães, fazia cuca, bolacha caseira. É de família essa tradição de fazer em casa”, conta.

A receita que virou sustento também carrega afeto. Quando pinta alguma dúvida sobre medidas, fermentação ou tempo de forno, Jeder recorre à mãe, Jussara, que segue morando no Sul. “Lá ainda tem aquele caderno antigo, escrito à mão, com receitas que iam passando de vizinho para vizinho”, relata.

O primeiro teste da nova empreitada foi em casa. Os pães assados receberam elogios de pessoas próximas. “O pessoal gostou bastante, então surgiu a ideia de vender. Era uma renda extra, porque eu ainda estava procurando emprego”, diz.

Do forno da avó às feiras, cuca virou recomeço na vida de engenheiro
Jeder tem 37 anos e é natural de Giruá, no interior do Rio Grande do Sul.

O que era pra ser temporário virou negócio de verdade. “A gente começou vendendo para os vizinhos, depois para o comércio local, e a demanda foi aumentando. Aí compramos cilindro, maquinário, forno, e a coisa foi crescendo”, pontua Jeder.

Sem nenhuma estrutura, o casal começou oferecendo os produtos em uma mesinha simples, enfrentando sol e chuva nas feiras da cidade. “O começo foi difícil. Ficávamos no sol e na chuva nas feiras. Hoje a situação melhorou bastante, graças a Deus”, reconhece.

Agora, com clientela fidelizada e produção acelerada, o casal segue uma rotina semanal intensa. Às quartas, estão na feira da Vila Carlota, às sextas, no Bairro Maria Aparecida Pedrossian, e aos sábados, na feira da Vila Piratininga. Terças e quintas são dias de entrega a domicílio.

Enquanto Jeder foca nos pães e cucas, Bia, que já tinha experiência com bolos, entrou com suas receitas caseiras, formando uma parceria que se complementa dentro e fora da cozinha.

Do forno da avó às feiras, cuca virou recomeço na vida de engenheiro
Quando começou, o negócio era bem menor e recursos mais escassos.

As cucas, um dos carros-chefes do negócio, custam R$ 12 e vêm nos sabores de doce de leite, goiabada, abacaxi, uva e chocolate. Já os pães variam de R$ 7 a R$ 12, com opções integrais, de hamburguinho, doce, além de doces como cueca virada, fatia húngara e sonho.

Além do sustento de casa, cada fornada faz com que Jeder se conecte com suas origens. “Com certeza é uma forma de manter a tradição e de lembrar da minha avó. Ativa a memória e nossas raízes”, conclui.

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