Do forno da avó às feiras, cuca virou recomeço na vida de engenheiro
Além da cuca, feirante vende pães, bolos e doces que fazem lembrar das raízes no Sul do País
Foi no forno elétrico e em um fogão comum que os primeiros pães e cucas do gaúcho Jeder Vinícius Bueno, de 37 anos, começaram a ser preparados em Campo Grande. A falta de um forno industrial, de um espaço para produção ou de uma tenda para as vendas não impediu o empreendedor de recomeçar a vida longe de casa, depois de ficar desempregado.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
Gaúcho desempregado em Campo Grande encontra nova profissão na culinária. Jeder Vinícius Bueno, de 37 anos, começou a fazer pães e cucas em um forno elétrico e fogão comum após perder o emprego durante a pandemia. A inspiração veio da avó, que fazia quitutes em forno de barro no Rio Grande do Sul. O que começou como renda extra, vendendo para vizinhos e em feiras locais, tornou-se um negócio. Com a esposa, Bia, que produz bolos, Jeder expandiu a produção, investindo em equipamentos e atendendo a crescente demanda. Eles agora têm uma rotina semanal de feiras e entregas, oferecendo cucas de diversos sabores e diferentes tipos de pães. A atividade permite a Jeder manter a tradição familiar e homenagear suas raízes.
Hoje, as vendas seguem a todo vapor. Tem pães doces, salgados, cuca de doce de leite, goiabada, abacaxi, uva e chocolate. Tudo preparado seguindo receita de vó. Mas nem sempre foi assim.
Natural de Giruá, no interior do Rio Grande do Sul, Jeder chegou à Capital no fim de 2020, transferido a trabalho. No entanto, pouco tempo depois a empresa fechou as portas e ele se viu desempregado em meio à pandemia.
Engenheiro agrônomo de formação, Jeder usou parte da reserva financeira da venda de sua antiga casa para se manter por um tempo, até decidir o que faria. No meio do período de incerteza, encontrou o amor, parceria e uma nova profissão.
“Conheci a Bia, que é minha esposa, e ela é daqui de Campo Grande. Aí ela engravidou e eu estava sem trabalhar, então pensamos em algo que a gente pudesse fazer junto”, lembra. Foi então que a tradição familiar apareceu como solução.
A ideia de começar a fazer pães e cucas veio das lembranças da infância no Sul, especialmente da avó Maria de Lourdes, que costumava assar tudo no forno de barro. “Ela fazia os pães, fazia cuca, bolacha caseira. É de família essa tradição de fazer em casa”, conta.
A receita que virou sustento também carrega afeto. Quando pinta alguma dúvida sobre medidas, fermentação ou tempo de forno, Jeder recorre à mãe, Jussara, que segue morando no Sul. “Lá ainda tem aquele caderno antigo, escrito à mão, com receitas que iam passando de vizinho para vizinho”, relata.
O primeiro teste da nova empreitada foi em casa. Os pães assados receberam elogios de pessoas próximas. “O pessoal gostou bastante, então surgiu a ideia de vender. Era uma renda extra, porque eu ainda estava procurando emprego”, diz.
O que era pra ser temporário virou negócio de verdade. “A gente começou vendendo para os vizinhos, depois para o comércio local, e a demanda foi aumentando. Aí compramos cilindro, maquinário, forno, e a coisa foi crescendo”, pontua Jeder.
Sem nenhuma estrutura, o casal começou oferecendo os produtos em uma mesinha simples, enfrentando sol e chuva nas feiras da cidade. “O começo foi difícil. Ficávamos no sol e na chuva nas feiras. Hoje a situação melhorou bastante, graças a Deus”, reconhece.
Agora, com clientela fidelizada e produção acelerada, o casal segue uma rotina semanal intensa. Às quartas, estão na feira da Vila Carlota, às sextas, no Bairro Maria Aparecida Pedrossian, e aos sábados, na feira da Vila Piratininga. Terças e quintas são dias de entrega a domicílio.
Enquanto Jeder foca nos pães e cucas, Bia, que já tinha experiência com bolos, entrou com suas receitas caseiras, formando uma parceria que se complementa dentro e fora da cozinha.
As cucas, um dos carros-chefes do negócio, custam R$ 12 e vêm nos sabores de doce de leite, goiabada, abacaxi, uva e chocolate. Já os pães variam de R$ 7 a R$ 12, com opções integrais, de hamburguinho, doce, além de doces como cueca virada, fatia húngara e sonho.
Além do sustento de casa, cada fornada faz com que Jeder se conecte com suas origens. “Com certeza é uma forma de manter a tradição e de lembrar da minha avó. Ativa a memória e nossas raízes”, conclui.
Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.