Eliane já foi padeira, mas encontrou a paz nas quentinhas sem frescura
Ela já foi padeira, confeiteira, mas foi na cozinha que encontrou nova vocação

Aos 52 anos, Eliane Oliveira Castro leva o tempero a sério. E o que dá gosto na rotina vai além deles, é o cardápio preparado com simplicidade. Moradora do distrito de Anhanduí, a 52 quilômetros de Campo Grande, a cozinheira faz marmita para quem está apenas de passagem e quer comer aquela quentinha barata, ou para aqueles que trabalham nos arredores e nas fazendas.
O restaurante da Nany é simples e mais focado nas marmitas, que ela vende a R$ 24, preço único. O cardápio não é fixo. Ela gosta de fazer o que vem à cabeça no dia mesmo. Ali, o negócio é comida tradicional, o que ela considera como "sul-mato-grossense, ou o famoso arroz, feijão, carne e mandioca.

Além da hora do almoço, ela vende as refeições até às 17 horas, mas explica que são poucos os que compram nesse horário. Eliane começou na cozinha como padeira e ficou na profissão durante 10 anos. Depois virou confeiteira, mas foi no fogão, fazendo as marmitas que se encontrou de verdade.
Nascida e criada em Anhanduí, Eliane fala que é “pé vermelho” e não larga a cidade por nada. Ela estudou na primeira escola rural de Campo Grande - que fica no distrito - em 1986, quando tudo ainda era mato. Inclusive, o Lado B fez uma matéria sobre o estado lamentável da escola em 2025. Clique aqui para ler.
“Tem gente que vem, desce nas barraquinhas para comprar pimenta e passa aqui para comer minha comida. Eu já fiz clientela. Sirvo comida, mas é mais quentinha. Trabalha eu e Deus. Faço comida simples, caseira. O povo gosta. Aqui é mais tradicional. Cada dia é um prato. O povo não gosta de frescura.”

Antes de voltar a viver no distrito, Eliane foi morar em Limeira, interior de São Paulo. “Eu fazia bolo, mas optei por fazer comida porque é mais tranquilo, eu e Deus aqui. Se fosse o bolo, tinha que contratar mais pessoas. Eu adoro cozinhar. Lá em São Paulo que eu era padeira. Você tem que se virar e trabalhar muito, senão não vive.”
Falando em viver, antes, com a rotina corrida, ela conseguia aproveitar apenas o domingo, único dia livre dela. Agora, mesmo trabalhando todos os dias, ela consegue viver do jeito que gosta.
“Aquilo lá é muito bom, todo mundo conhece. Em São Paulo, trabalhava das 6h às 14h em um trabalho e das 14h às 19h em outro. Lá a gente trabalhava pra caramba. Hoje entrego as últimas marmitas às 17h30 e não abro à noite. Aproveito a vida. Tenho algumas marmitas à tarde. Se vai tudo no almoço, faço outro cardápio. Não é todo mundo que gosta de comida pesada. Eu faço mais bife, ovo, mando para as fazendas, para o pessoal que faz as estradas.”
A cozinheira conta que, em um mês, vai realizar o sonho de montar um cantinho só dela, já que onde está atualmente é alugado.
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