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Lado Rural

Fazenda inova com vacas leiteiras a pasto e ordenha robotizada

Propriedade de 130 hectares em Campo Grande antes era utilizada para a produção de soja

Por José Roberto dos Santos | 10/09/2024 15:55
Vacas da raça girolando aguardam a vez para entrar na ordenha robotizada. (Foto: Divulgação/Semadesc)
Vacas da raça girolando aguardam a vez para entrar na ordenha robotizada. (Foto: Divulgação/Semadesc)

Sistema de produção de leite com vacas da raça girolando produzindo mais de 24 litros de leite por dia em regime de pasto e ordenhadas com robôs automatizados. Este é projeto inovador que está sendo desenvolvido em uma fazenda próxima a Campo Grande e recebeu visita técnica, na segunda-feira (9), da equipe da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) e assistência técnica da Agraer (Agência de desenvolvimento Agrário e Extensão Rural de MS).

Num talhão de 130 hectares, o grupo trocou a lavoura de soja por um sistema de produção de leite de alta eficiência, explorando a alta lotação proporcionada pelo pastejo rotacional, alimentação balanceada e ajustada a demanda individual além da ordenha robotizada.

Modular, o projeto conta com vacas da raça girolando selecionadas para produção elevada de leite em ambiente tropical  e já teve 25% de seu planejamento executado até o momento. A ordenha voluntária é uma das características do sistema robotizado. Nesse processo, a vaca vai até o robô na hora que deseja, eliminando a necessidade de buscar o gado.

O diretor do grupo Luiz Venturi explicou que, na unidade onde o projeto está sendo implementado, já estão sendo ordenhadas 110 vacas em dois robôs e a produção média está acima de 24 litros por vaca/dia, e chegará a poucas semanas em 180 vacas ordenhadas.  “Esse sistema traz benefícios tanto para o produtor quanto para o animal e funciona desde o micro produtor assim como para o grande”, destaca.

Inspiração na Nova Zelândia

O gerente de pecuária da fazenda, Hamilton Luiz de Nadai, conta que a ideia do projeto de leite do grupo surgiu em 2018 ainda em outra fazenda, situada na MS 040 baseada no modelo de produção da Nova Zelândia, de criação do gado em pastagens. “Buscamos uma raça que se encaixasse neste clima e sistema de produção do Centro-Oeste e a girolando foi a escolhida. Trouxemos as doadoras de embriões para nossa fazenda e desenvolvemos uma genética de animais mansos e dóceis, produtivos e longevos. Continuamos selecionando em nossos animais, vacas mansas, com bons aprumos, úberes bem posicionados, tetos de tamanho e formato adequado, alta produção e longa persistência. Para nós, a girolando é a raça que consegue se adaptar bem neste sistema de produção em Mato Grosso do Sul”, complementou.

O processo de produzir leite a pasto, além de ser mais natural, promove o conforto e bem-estar do animal e pode ser um grande diferencial no mercado, para produção de baixo custo.

Investimento é alto, mas compensa

Apesar do custo inicial elevado da ordenha robotizada, o grupo ressalta que o investimento compensa a longo prazo já que os gastos com mão de obra na ordenha são significativamente menores e com ganhos em qualidade de leite. A Agropecuária Guarujá alcançou neste sistema de produção de leite com ordenha robotizada margens de lucro de 30% mesmo antes do projeto ser totalmente implementado. Além dos gastos menores com mão de obra, o gasto com a suplementação das vacas também é menor, pois explora a qualidade e produtividade da pastagem intensificada, além de reduzir o desperdício, ajustando a suplementação de ração a cada indivíduo.

“O objetivo é baixar o custo e ser eficiente na produção, mas também garantir o bem-estar animal”, acrescentou. “Futuramente vamos fazer o sombreamento das áreas de pasto para garantir o bem-estar animal, atingiremos a ocupação total do projeto ocupando os 130 hectares de pasto e contando com um rebanho de 720 vacas sendo ordenhadas em 8 robôs.

Secretário-executivo da Semadesc, Rogério Beretta, conhece sistema de automação utilizado na ordenha da fazenda da Agropecuária Guarujá. (Foto: Divulgação/Semadesc)
Secretário-executivo da Semadesc, Rogério Beretta, conhece sistema de automação utilizado na ordenha da fazenda da Agropecuária Guarujá. (Foto: Divulgação/Semadesc)

Mudança de paradigmas

O secretário-executivo da Semadesc, Rogério Beretta avaliou a visita como extremamente produtiva e agregadora no momento em que a secretaria está prestes a lançar o plano fomento à produção de leite no Estado. “Vemos aqui uma mudança de paradigmas na pecuária leiteira, que é a produção a pasto e a ordenha robotizada”, salientou lembrando que o governo do Estado trará dentro do plano de fomento um programa de incentivos financeiros aos produtores, onde eles vão receber um recurso adicional sobre o valor do leite a partir do alcance de critérios de qualidade e produtividade, principalmente.

“Quanto mais o produtor conseguir manter sua produção de leite ao longo do ano, quanto maior a qualidade do leite entregue nos laticínios, maior será o incentivo financeiro recebido. Isso fará com que aquele produtor que ficar acima da média seja recompensado e tenha uma remuneração extra. Assim todos ganham, o produtor, a indústria que recebe mais produtos e com qualidade e o consumidor que garante alimentação de qualidade, frisou o secretário-executivo.

* Com informações da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).

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