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Lado Rural

Sustentabilidade na pecuária é discutida em MS e resultados vão para COP-30

Embrapa, governo e setor agropecuário defendem pecuária tropical e falam da diferença do modelo europeu

Por Silvia Frias e Fernanda Palheta | 24/03/2025 12:08
Sustentabilidade na pecuária é discutida em MS e resultados vão para COP-30
Titular da Semadesc, Jaime Verruck, chefe da Embrapa Pantanal, Antônio Ferreira Rosa, diretora de Administração, Selma Lúcia, governador Eduardo Riedel e presidente da Famasul, Marcelo Bertoni (Foto: Marcos Maluf)

A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Governo do Estado e representantes do setor agropecuário participam da 16ª Dinapec (Dinâmica Agropecuária), um dos principais eventos preparatórios para a COP -30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), a ser realizada em novembro, em Belém (PA).

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A 16ª Dinapec, evento preparatório para a COP-30, ocorre em Campo Grande, reunindo Embrapa, governo e setor agropecuário. O foco é discutir a sustentabilidade da agropecuária tropical brasileira e apresentar dados científicos na COP-30. O Brasil busca evidenciar suas particularidades, como o clima tropical, que permite até três safras anuais, e a pecuária extensiva, considerada mais sustentável que o modelo europeu de confinamento. O evento visa alterar a metodologia de verificação de carbono na pecuária tropical, destacando a sustentabilidade da produção nacional.

O debate em Campo Grande começou hoje e vai até quarta-feira (26), reunindo representantes das 23 unidades da Embrapa no Brasil, com objetivo de discutir e ratificar a sustentabilidade da agropecuária tropical brasileira, buscando levar dados científicos que evidenciem as particularidades e vantagens da produção no país.

A abertura foi realizada no Rubens Gil de Camillo, mas a Dinapec vai se desenvolver em área de 30 hectares, na sede da Embrapa Gado de Corte, especialmente preparada para mostrar as transformações e demandas do setor produtivo. Nesta edição, será uma vitrine dos mais recentes avanços em pesquisa, inovação, produtos, tecnologias e serviços voltados para produtores, técnicos e demais profissionais da cadeia produtiva da carne.

Sustentabilidade na pecuária é discutida em MS e resultados vão para COP-30
Governador de MS diz que desafio é mostrar a sustentabilidade da pecuária brasileira ao mundo (Foto: Marcos Maluf)

Esse também é um dos eventos colaborativos para elaboração de documento para ser apresentado na COP-30. Esse relatório trará evidências científicas sobre a sustentabilidade da agropecuária brasileira. Os produtores brasileiros argumentam que a métrica utilizada na Europa não pode ser aplicada diretamente ao Brasil, pois não considera fatores como o clima tropical e a dinâmica do uso do solo.

O titular da Semadesc (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck, explicou que o Ministério da Agricultura está fazendo série de ventos pré-COP e, em Mato Grosso do Sul, a discussão é sobre pecuária de corte que, dentro das cadeias produtivas, é a de maior debate. “Quando fala em desmatamento, relaciona com a pecuária brasileira, quando fala em emissão de metano ou falta de sustentabilidade, relaciona com a pecuária brasileira”, disse.

De acordo com o chefe da Embrapa Pantanal, Antônio do Nascimento Ferreira Rosa, diz que o Brasil tem particularidades que precisam ser levadas em conta pelo setor agropecuário europeu. “A fonte primária de energia é sol, aqui nós temos sol em abundância o ano inteiro”. Ele explica que, enquanto na Europa a produção fica limitada a uma safra por ano devido ao inverno rigoroso, no Brasil conseguimos até três safras na mesma área.

Outro ponto abordado no evento é o manejo do gado. A pecuária extensiva, predominante no Brasil, não é método europeu, que recorre ao confinamento por conta do inverno mais rigoroso. Com isso, o setor agropecuário brasileiro tem discutido a necessidade de apresentar métricas específicas para avaliar a sustentabilidade da produção tropical.

O presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Marcelo Bertoni, diz que o modelo da Europa acaba afetando mais o ambiente que o brasileiro. “O modelo de engorda de animais é dentro confinamentos fechados. E aí tem, sim, maior volume de gás de efeitos estufa. Nisso, a nossa pecuária é mais sustentável, porque o animal é criado solto, come mais pasto, tem uma complementação de sal mineral”.

Jaime Verruck diz que objetivo é chegar na COP-30 com alteração na metodologia de verificação de carbono na pecuária tropical. “Hoje todos os indicadores são de pecuária temperada, que é principalmente de gado confinado”, diz. A ideia é que o relatório seja assinado não apenas por autoridades políticas, como ministros e governadores, mas também por cientistas, técnicos e pesquisadores.

O governador do Estado, Eduardo Riedel (PSDB), ressaltou que a produção agropecuária de Mato Grosso do Sul é sustentável, mas ainda enfrenta dificuldades para demonstrar isso ao mundo. "Sempre tentam colocar a produção e o meio ambiente como antagônicos, mas nossa responsabilidade é construir essa narrativa com base em nossa experiência e nos dados científicos", afirmou.

O encontro também tem participação da diretora de Administração da Embrapa nacional, Selma Lucia Lira Beltrão, que explicou o papel da entidade é mostrar o avanço dos sistemas de produção e de tecnologia, cada vez mais sustentáveis. "Estamos trabalhando para  levar à COP-30 e mostrar como o Brasil já está preparado e o que mais precisa fazer para alcançar todos os desafios das mudanças climáticas", disse.

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