Após banimento, agrotóxico cancerígeno quase desaparece da água e da comida
Produto já foi detectado em afluentes do Rio Formoso, em Bonito, mas banimento reduziu presença no país
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) concluiu que a proibição do carbendazim, agrotóxico banido em 2022, foi eficaz para proteger a saúde pública. Utilizado por décadas na agricultura, o produto foi vetado por estar associado a risco de câncer, mutações genéticas e má formação fetal.
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Essa constatação é do relatório final de monitoramento do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, que entre 2022 e 2023 analisou 1.772 amostras de 13 alimentos in natura. Em 2023, nenhuma das amostras apresentou o carbendazim.
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Nas pesquisas, a substância praticamente desapareceu da água potável. Segundo a Anvisa, houve “redução significativa da ocorrência” nos pontos monitorados após a revogação do registro de todos os produtos à base de carbendazim no Brasil.
Mesmo com essa proibição, esse agrotóxico ainda preocupa em Mato Grosso do Sul, especialmente em áreas de rápida conversão agrícola, como Bonito. Em 2024, o Campo Grande News reportou que estudos da Fundação Neotrópica detectaram a presença de carbendazim e outros defensivos em corpos hídricos da Bacia do Rio Formoso, cartão-postal da cidade.
A análise apontou resíduos do produto nos córregos Bonito e Anhumas, ambos afluentes do Formoso, além do Rio Mimoso. O levantamento gerou repercussão e provocou a convocação de uma reunião extraordinária do Comdema (Conselho Municipal de Meio Ambiente) para discutir os impactos do uso de agrotóxicos no município.
O avanço da soja sobre áreas de pastagem tem impulsionado o uso de defensivos agrícolas. A área plantada com a oleaginosa em Bonito saltou de 55 mil hectares na safra 2019/2020 para mais de 70 mil em 2022/2023, segundo dados do Siga-MS (Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio de MS).
Com base nos resultados mais recentes, a Anvisa reforçou a decisão de manter a proibição do carbendazim no Brasil. A agência destaca que, além dos riscos à saúde humana, o agrotóxico não é mais necessário no campo, já que há alternativas menos nocivas disponíveis para o controle de pragas e doenças nas lavouras.
O carbendazim é um fungicida amplamente usado em plantações como soja, feijão e frutas. Estudos indicam que a substância pode causar má-formação fetal, alterações hormonais e até câncer, o que levou à sua proibição no Brasil.
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