BR-262 recebe primeiras cercas para reduzir atropelamentos e mortes de animais

DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) iniciou, nesta segunda-feira (17), a instalação de cercas de proteção na BR-262, entre Aquidauana e Corumbá, municípios a 141 e 428 quilômetros de Campo Grande, ao fixar barreiras nos dois lados da pista para reduzir atropelamentos de fauna silvestre.

O órgão publicou vídeo que registra equipes posicionando as estruturas no trecho mais crítico. A ação ocorre porque a rodovia acumula, há anos, os maiores índices de mortes de animais no Estado.

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O departamento informou que as cercas somam 170 quilômetros considerando ambos os lados da via e compõem o plano de mitigação aprovado no fim de 2024. As barreiras conduzem os animais a pontos de travessia e evitam acessos diretos à pista. A medida se integra às passagens subterrâneas colocadas neste ano para ampliar a segurança.

A BR-262 enfrenta sucessivos alertas de ambientalistas e pesquisadores por registrar milhares de atropelamentos ao longo do Pantanal. Levantamento do ICAS (Instituto de Conservação de Animais Silvestres) mostrou 2,3 mil mortes de fauna entre maio de 2023 e abril de 2024 em trecho de 350 quilômetros. O estudo apontou que espécies como tatus, jacarés, lobinhos e aves figuram entre os animais mais atingidos.

O DNIT afirma que a instalação das cercas seguirá ao longo dos pontos com maior ocorrência de atropelamentos. O plano prevê novas passagens de fauna e reforço de sinalização para orientar motoristas. O órgão aponta que a combinação das medidas deve reduzir acidentes e tornar a rota mais segura para quem trafega e para a fauna pantaneira.

Reportagens anteriores do Campo Grande News já mostraram que, entre 2017 e 2020, 215,9 mil carcaças foram encontradas nas rodovias de Mato Grosso do Sul, com 6.650 apenas no trecho monitorado da BR-262. Pesquisadores relataram que os atropelamentos aumentam no período chuvoso, quando os animais deixam áreas alagadas em busca de alimento. Especialistas também explicam que 80% dos acidentes ocorrem à noite.

O problema ganhou destaque nacional com o documentário “Cuidado: Animais na Pista”, lançado em novembro e produzido por instituições ambientais. A obra reforçou que a rodovia, chamada de “Estrada da Morte”, registra de 2 mil a 5 mil atropelamentos por ano e afeta espécies ameaçadas. O filme defendeu a adoção de cercas e passagens seguras como medidas urgentes.

Organizações como ICAS, IHP (Instituto Homem Pantaneiro), Onçafari e Ecoa criaram o Observatório Rodovias Seguras para Todos, que acompanha a execução das ações previstas para reduzir acidentes. As entidades afirmam que o tráfego intenso de carretas e a falta de manutenção de cercamentos antigos agravavam a situação. O monitoramento verificou animais mortos rotineiramente no trecho até Corumbá.

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