Canto de amor das cigarras transforma manhãs no Parque das Nações Indígenas
Nas horas mais quentes, o “timbale” dos insetos ecoa como um mantra natural e anuncia a reprodução
RESUMO
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O Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande, transforma-se em uma orquestra natural com o canto das cigarras durante as horas mais quentes do dia. Esse som, chamado de "Timbale", é emitido pelos machos para atrair fêmeas e garantir a reprodução. Segundo a entomologista Luiza Zazycki, o corpo do macho funciona como uma caixa de ressonância, amplificando o som para longas distâncias. Cada espécie possui uma canção única, facilitando o encontro entre parceiros. Moradores do parque, como Luiz Carlos Godoy e Marcos Alceu Villalba, destacam a beleza e a tranquilidade proporcionadas pelo canto das cigarras. Sandra Plentes, que passeia com seus cachorros, descreve o som como uma "orquestra" que traz paz e felicidade. As cigarras podem passar até 17 anos debaixo da terra antes de emergirem para completar seu ciclo de vida, alimentando-se de raízes e transformando-se em adultos aptos para a reprodução.
Entre o barulho dos veículos e o vento que balança as árvores do Parque das Nações Indígenas, um som forte abre os ouvidos pela manhã. O “timbale” é o som do amor das cigarras nas horas mais quentes do dia. Neste período do ano, o regime de chuvas e a temperatura se alinham para a manutenção da vida da espécie e o zunido é a prova de que tudo vai bem..
“Os timbales funcionam como uma membrana vibratória poderosa, capaz de emitir um som alto que se propaga para longe. Assim, a chance de encontrar uma parceira apta para a reprodução também aumenta”, explica a doutora em entomologia, especialização em insetos, Luiza Zazycki.
A doutora Luiza define que o corpo do macho adulto funciona como uma “minicaixinha” de ressonância e pode chegar a limiares altíssimos em decibéis mesmo. Cada espécie tem sua canção específica.
Caso contrário, seria uma bagunça para encontrar os parceiros. “E, se prestarmos bem atenção, é fácil identificar o comprimento de onda, a intermitência e as retomadas entre o silêncio e o som”, completa a pesquisadora
Caminhando pelo parque como de costume, Luiz Carlos Godoy Leites, de 60 anos, estava acompanhando o som enquanto procurava uma cigarra para fotografar e colocar em suas redes sociais.
“Gosto muito do canto delas, acho muito lindas. Todo ano eu percebo na primavera. Ouvi falar que elas ficam muito debaixo da terra, comendo raízes de pau,” conta o morador do bairro Santa Fé.

Dependendo da espécie, as cigarras podem ficar até 17 anos debaixo da terra, alimentando-se de raízes de plantas, explica a doutora Luiza Zazycki.
“Quando as condições são favoráveis, a cigarra jovem, que chamamos tecnicamente de ninfa, emerge do solo, se fixa ao caule das plantas e faz sua última transformação”, conta. Essa etapa é quando ela deixa o corpo juvenil, passa então a ter asas desenvolvidas e aptidão completa para alimentação e reprodução.
“O canto das cigarras parece aqueles mantras de meditação”, diz Marcos Alceu Villalba, de 77 anos, aposentado, que costuma caminhar duas vezes na semana pelo parque.
“Desde criança eu gosto do canto da cigarra, qualquer som da natureza me agrada. Todo mundo gosta da natureza, mas tem gente que não percebe”, conta Marcos.
Ele estava com seu colega, Ítalo Prota, de 75 anos. Os dois são de Bela Vista, a 324 km da Capital, e começaram a perceber nos últimos dez dias de caminhada o canto das cigarras.
Em frente aos condomínios, ao redor do Parque das Nações, Sandra Plentes, de 71 anos, passeava com seus cachorros, Bob e Jujuba.
Durante a noite, ela não sabe identificar se é o canto das cigarras ou o som dos sapos. “É uma orquestra, um privilégio que a gente tem por aqui. Gosto de ouvir, me sinto tranquila e feliz por ver a natureza se manifestando”, narra Sandra.
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