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Meio Ambiente

Cientistas descobrem refúgio até então secreto dos tamanduás-mirins no Pantanal

Tatu-Canastra é um aliado inesperado para ajudar na sobrevivência de 400 espécies que compartilham habitat

Por Gabriela Couto | 20/03/2025 15:34

Em um novo estudo publicado no Journal of Zoology, pesquisadores revelaram um comportamento surpreendente dos tamanduás-mirins no Pantanal. Essas criaturas de cauda preênsil, conhecidas por se locomoverem habilidosamente entre os galhos, encontraram um aliado inesperado: o tatu-canastra.

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Cientistas descobriram que tamanduás-mirins no Pantanal utilizam tocas de tatu-canastra como abrigo e fonte de alimento. O estudo, realizado pelo ICAS e UFMS, revelou que essas tocas oferecem proteção contra o calor extremo e acesso a formigas e cupins. As tocas, que podem ter até 5 metros de comprimento, são essenciais para a sobrevivência dos tamanduás-mirins em um ambiente desafiador. Além disso, mais de 100 espécies de vertebrados e 300 de invertebrados dependem dessas tocas, destacando a importância da conservação do tatu-canastra para o equilíbrio ecológico do Pantanal.

Sim, os tamanduás-mirins estão usando as tocas escavadas pelos tatus-canastra, não só como abrigo, mas também como um ponto estratégico para garantir sua sobrevivência em um ambiente desafiador.

A pesquisa inédita, realizada em parceria entre o Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS) e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), monitorou os tamanduás-mirins por mais de 10 anos.

E o que os cientistas descobriram foi fascinante: os tamanduás-mirins não apenas descansam dentro das tocas de tatu-canastra, mas as utilizam como refúgios essenciais para se proteger do calor extremo e da variação de temperatura do Pantanal.

Essas tocas subterrâneas podem chegar a impressionantes 5 metros de comprimento e 1,5 metro de profundidade, proporcionando uma temperatura mais estável que o ambiente externo. Quando as temperaturas no Pantanal podem alcançar extremos abrasadores, as tocas oferecem um alívio necessário.

Cientistas descobrem refúgio até então secreto dos tamanduás-mirins no Pantanal
Tamanduá-mirim forrageando na entrada da toca do tatu-canastra, no Pantanal (Foto: Icas)

Os tamanduás-mirins, conhecidos por suas habilidades em se movimentar pelas árvores, aparentemente preferem descansar sob a terra para preservar energia e manter uma temperatura corporal mais estável durante os períodos de calor intenso.

Os cientistas observaram que, em algumas situações, os tamanduás-mirins permaneciam até 22 horas nas tocas. Com suas caudas adaptadas para agarrar objetos e se movimentar com destreza, por que, então, optam por se esconder no subterrâneo? A resposta parece estar na necessidade de adaptação ao ambiente hostil do Pantanal.

"Essas tocas são vitais, principalmente em um ambiente tão desafiador. Elas ajudam os tamanduás-mirins a sobreviver e se manter confortáveis no calor intenso”, explica Mateus Yan, autor principal do estudo.

Mas há mais! Além do conforto térmico, as tocas de tatu-canastra podem também ser uma fonte de alimento. Os tamanduás-mirins, que se alimentam de formigas e cupins, podem estar aproveitando o acesso a essas fontes de alimento que se escondem nas cavidades subterrâneas. Registros de vídeo mostraram os animais cheirando e arranhando as entradas das tocas, como se estivessem em busca de uma refeição.

Cientistas descobrem refúgio até então secreto dos tamanduás-mirins no Pantanal
Mãe e filhote usam toca de tatu-canastra para suportar o calor do Pantanal (Foto: Icas)

O estudo revela, então, que as tocas de tatu-canastra são um verdadeiro "supermercado" natural, com os tamanduás-mirins explorando esses abrigos não só para descanso, mas possivelmente para caçar. O comportamento foi registrado em várias visitas a esses locais, sugerindo que a relação entre as duas espécies vai muito além da simples convivência em um ecossistema compartilhado.

Os engenheiros - Os tatus-canastra, conhecidos por sua habilidade de escavar tocas impressionantes, têm um papel ecológico vital. Essas tocas não são apenas utilizadas por tamanduás-mirins, mas também por mais de 100 espécies de vertebrados e 300 espécies de invertebrados, que dependem delas para abrigo e alimentação.

Arnaud Desbiez, presidente do ICAS e coautor do estudo, destaca a importância de preservar o tatu-canastra. “Esses animais são engenheiros do ecossistema, criando abrigos que beneficiam diversas espécies. A proteção do tatu-canastra é fundamental para a preservação do equilíbrio ecológico do Pantanal”, afirma Desbiez.

No entanto, a degradação ambiental e a perda de habitat têm impactado negativamente a população de tatus-canastra. A extinção desses animais poderia afetar gravemente muitas outras espécies que dependem das suas tocas, tornando urgente a necessidade de preservação.

Monitoramento - O estudo realizado no Pantanal, entre Corumbá e Aquidauana (MS), conta com o apoio do Projeto Tatu-Canastra e financiamento de diversas instituições, como a CAPES. A pesquisa também destaca o esforço contínuo para monitorar e entender o comportamento dessa espécie-chave e como ela ajuda a manter o ecossistema do Pantanal saudável e equilibrado.

Com a ajuda de armadilhas fotográficas e outros métodos de monitoramento, os pesquisadores estão expandindo o conhecimento sobre o tatu-canastra e o papel vital que ele desempenha no ecossistema.

O estudo serve não apenas para valorizar a importância dessa espécie, mas também para reforçar a necessidade urgente de sua conservação. Confira a galeria de imagens registradas no Pantanal.

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Confira a galeria de imagens:

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