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Meio Ambiente

Desmatamento no Cerrado cai 33% em 2024, mas ainda preocupa especialistas

Cerrado é um dos três biomas de Mato Grosso do Sul, que também tem o Pantanal e a Mata Atlântica

Por Gabriel de Matos | 06/02/2025 21:47
Desmatamento no Cerrado cai 33% em 2024, mas ainda preocupa especialistas
Bioma Cerrado em meio a área desmatada no Centro-Oeste (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O desmatamento no Cerrado apresentou uma queda de 33% em 2024, em comparação com o ano anterior, conforme dados do Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (SAD Cerrado), desenvolvido pelo Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). Segundo o levantamento divulgado nesta quinta-feira (6), foram suprimidos 712 mil hectares de vegetação no bioma em 2024, contra 1 milhão de hectares em 2023.

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O desmatamento no Cerrado caiu 33% em 2024, segundo o SAD Cerrado do Ipam, com 712 mil hectares desmatados, comparado a 1 milhão em 2023. Apesar da redução, especialistas alertam que o volume ainda é alto, equivalente a uma área maior que o Distrito Federal. A maior parte do desmatamento ocorre em propriedades privadas, onde a legislação permite até 80% de desmatamento. A região do Matopiba concentrou 82% do desmatamento, com o Maranhão liderando. O Inpe também confirmou a queda, a primeira em cinco anos. Especialistas pedem mais engajamento do setor privado e políticas de ordenamento territorial.

Apesar da redução, especialistas alertam que o volume de área desmatada ainda é alto. Os mais de 700 mil hectares de mata destruídos equivalem a uma extensão maior que o Distrito Federal. "A queda do desmatamento no Cerrado em 2024 possivelmente representa um efeito das políticas de combate e controle implementadas neste último ano. No entanto, o patamar segue elevado se comparado a outros biomas, como a Amazônia, que perdeu cerca de 380 mil hectares no mesmo período", explica Fernanda Ribeiro, pesquisadora do Ipam e coordenadora do SAD Cerrado.

Cerca de 62% da vegetação nativa do Cerrado está dentro de propriedades privadas e sujeita às regras do Código Florestal, que permite o desmatamento de até 80% da área total. A maior parte do desmatamento ocorre justamente nessas áreas, enquanto na Amazônia a legislação restringe o desmatamento a apenas 20%. Segundo o Ipam, essa permissividade no Cerrado representa um risco de agravamento das secas e eventos climáticos extremos na região.

A tendência de redução do desmatamento no Cerrado também foi confirmada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que registrou a primeira queda nos últimos cinco anos, entre agosto de 2023 e julho de 2024, por meio do Projeto de Monitoramento do Desmatamento no Cerrado por Satélite (Prodes Cerrado).

A fronteira do Matopiba, que compreende partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, concentrou 82% de todo o desmatamento do bioma em 2024, totalizando 586 mil hectares de vegetação perdida. A região tem liderado os índices de supressão vegetal devido à expansão da agropecuária.

O Maranhão foi o estado que mais desmatou, com 225 mil hectares perdidos, apesar da redução de 26% na comparação com 2023. Em seguida, aparecem Tocantins (171 mil hectares), Piauí (114 mil hectares) e Bahia (72 mil hectares), todos registrando quedas significativas em relação ao ano anterior.

Os dez municípios com maior área desmatada em 2024 estão no Matopiba, sendo cinco no Maranhão, três no Tocantins, dois no Piauí e um na Bahia. Entre eles, Balsas (MA), Alto Parnaíba (MA), Mateiros (TO) e Ponte Alta do Tocantins (TO) totalizaram 61 mil hectares de vegetação suprimidos.

O SAD Cerrado identificou que, além das áreas privadas, 10% do desmatamento ocorreu em terras sem posse definida, enquanto 5,6% atingiu unidades de conservação. Entre as áreas protegidas mais afetadas estão a Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins (12 mil hectares desmatados) e o Parque Nacional das Nascentes do Rio Parnaíba (6,7 mil hectares).

A confirmação dos alertas do SAD Cerrado é feita através da comparação de imagens do sensor Sentinel-2, da Agência Espacial Europeia, em intervalos de ao menos dois meses. Os relatórios do projeto estão disponíveis online, com filtros por estados, municípios e situação fundiária.

Para a pesquisadora Fernanda Ribeiro, a redução do desmatamento no Cerrado em 2024 é um avanço, mas ainda insuficiente. "É necessário ir além das políticas de fiscalização e combate. O setor privado precisa estar mais engajado, e medidas como ordenamento territorial e incentivos econômicos, já aplicados na Amazônia, também devem ser ampliados para o Cerrado", finaliza.

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