Revoada de garças boiadeiras cria espetáculo no entardecer de Campo Grande
Segundo o biólogo Kwok Chiu, os animais tendem a se reunir em grandes grupos nesta época para se reproduzir
De repente, no céu, uma surpresa branca aparece no fim de tarde. Revoada com mais de cem garças boiadeiras escolheu às margens do Rio Anhanduizinho para pouso provisório. Como se tivessem horário marcado com o homem que aprendeu a ver o que muita gente não nota, as aves apareceram para encontrar Simão Nogueira e a equipe de reportagem do Campo Grande News, no entardecer desta terça-feira (15).
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Uma revoada de mais de cem garças-boiadeiras pousou às margens do Rio Anhanduizinho, em Campo Grande, atraindo a atenção de Simão Nogueira, de 72 anos, que passou a monitorar as aves após um encontro há dois meses. O biólogo Kwok Chiu explica que a aglomeração das garças nesta época é típica do período reprodutivo da espécie. As garças-boiadeiras, que se alimentam de insetos e pequenos animais, costumam se reunir em áreas urbanas, especialmente onde há gado. Simão, que acompanhou jornalistas por 27 anos, destaca que sua experiência mudou sua percepção sobre a natureza, influenciando outras pessoas a também observarem as aves.
As garças que costumam sobrevoar do sentido Sidrolândia/Campo Grande, utilizam o corredor de árvores do rio para pousar no Conjunto Aero Rancho. Há dois meses atrás, uma ida a Lotérica, por volta de 16h, garantiu ao Simão Nogueira, de 72 anos, o primeiro encontro com os animais.
"Naquele dia não consegui chegar perto porque estava muito sujo, mas aí limparam a beira do rio e eu consegui me aproximar", lembra ele. Desde então, passou a monitorar o comportamento das garças. O olhar treinado vem de anos acompanhando jornalistas e fotógrafos. Foram 27 anos ao redor de profissionais da comunicação. “Muda o jeito de olhar, a visão, o interesse pelas imagens”, diz.
Simão agora sabe que o pouso delas ali não é aleatório.
Segundo o biólogo Kwok Chiu, as garças boiadeiras (espécie comum em Mato Grosso do Sul) tendem a se reunir em grandes grupos nesta época, por ser o período reprodutivo. “Elas se aglomeram em alguns pontos, mesmo dentro de áreas urbanas, e isso é bem típico do comportamento da espécie. Mas elas são daqui, do estado mesmo, não vêm do Norte ou da Amazônia”, explica.
O nome "boiadeira" não é gratuito. “Elas convivem no meio do gado porque ali têm mais chance de alimentação. Comem o que escapa do boi: gafanhotos, carrapatos, graminhas, besouros, sapinhos, até pererecas no barro”, descreve Simão, que cresceu na roça.
Pelos olhos dele, o cotidiano vira espetáculo, e a parada para registro das aves acaba influenciando outras pessoas a observar o momento. "Em um dos dias que estava aqui filmando, uma mulher que passava pela calçada parou para ver também. Outra pessoa, lá no estacionamento do hospital também começou a gravar", lembrou.
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