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Meio Ambiente

Sindicância vai apurar falha na soldagem de jaula de onça fugitiva

Fernanda França e Danúbia Burema | 30/12/2010 16:53

Cras vai apurar se houve erro na construção do recinto

Buscado aberto pela onça durante a madrugada. (Foto: João Garrigó).
Buscado aberto pela onça durante a madrugada. (Foto: João Garrigó).

O Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) fará uma sindicância para averiguar se houve falha humana na soldagem da grade em que ficava a onça “fujona”. O animal ficou dois meses desaparecido e escapou apenas dois dias depois de ser recapturado.

A onça abriu um buraco de 25 centímetros na grade de proteção do recinto de 112 metros quadrados onde estava abrigada. Para isso, usou os dentes e as unhas.

Segundo o biólogo Élcio Borges, coordenador do Cras, a construção da jaula, que custou R$ 130 mil, foi feita de acordo com as normas do Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente).

Entretanto, esta mesma norma não dita regras acerca da espessura da grade. Conforme o coordenador, o recinto em que a onça estava foi feito com barras de 12 milímetros, dispostas em forma de xadrez. Cada quadrado tem cerca de três centímetros.

A onça “roeu” a solda do canto da grade e conseguiu destruir sete destes quadrados. No buraco aberto pelo animal ficaram apenas pelos, indício de que ela não se machucou durante a fuga.

A grade foi feita por uma empresa terceirizada, que não teve o nome revelado. Questionado se o material usado é resistente, Élcio Borges disse que este tipo de aço é utilizado em vários zoológicos brasileiros, para várias espécies de animais.

Mesmo assim, reconheceu que é impossível medir a força de um felino deste porte.

Durante entrevista coletiva, o coordenador do Cras disse que não é possível saber a hora exata em que o animal deixou a jaula. O caseiro descobriu a fuga por volta das 6h da manhã, durante uma vistoria de rotina.

No recinto onde a onça ficava, a grade do teto e também das laterais está amassada, o que mostra a insistência do animal em fugir.

O biólogo responsável pelo Cras disse que ela chegou ao local bastante estressada, na última terça-feira, mas que conseguiu se alimentar.

Armadilhas

Para tentar recapturar a onça, Cras e PMA (Polícia Militar Ambiental) se mobilizaram, seguiram as pegadas da onça e instalaram três armadilhas na mata do Parque Estadual do Prosa.

O parque foi interditado para que os rastros do felino sejam preservados.

A equipe de buscas é composta por 19 pessoas, sendo 12 do Cras e 7 da PMA. Inicialmente, foi cogitada a possibilidade de novamente utilizar cães farejadores, mas a hipótese foi descartada.

O biólogo responsável pelo Cras garante que o animal não oferece perigo aos visitantes do Parque das Nações Indígenas e nem da Cidade do Natal.

A possibilidade mais concreta é que ela permaneça escondida na mata.

O bicho

A onça pintada de aproximadamente 10 meses de idade foi resgatada de uma fazenda em Água Clara quando tinha apenas 2 meses de vida.

Segundo os biólogos, ela continuaria sobrevivendo na mata, por instinto, mas se retornou ao Cras para se alimentar, é sinal de que tem dificuldades de encontrar alimento sozinha.

Como ela foi criada em cativeiro e perdeu o medo das pessoas, ela pode acabar se aproximando de alguém em busca de comida.

Quem tiver alguma pista do animal “fujão” pode telefonar para a PMA no número 3314-4920.

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