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EpiMania

Mafe desafiou destino imposto às trans para superar as estatísticas

Com 1 milhão de seguidores nas redes, Maria Fernanda usa o alcance que tem para fazer reflexões sociais

Por Clayton Neves e Gabi Cenciarelli | 03/09/2025 06:32

Com 1 milhão de seguidores nas redes sociais, a digital influencer Maria Fernanda Cabral, a Mafe, fala de humor, beleza, pautas LGBT+ e, também, foi nas redes que compartilhou detalhes de sua transição. Natural de Aquidauana, Mafe expõe com naturalidade o próprio processo e, ao mesmo tempo, dá voz a questões que atravessam a vida de muitas mulheres trans. A jovem de 20 anos é a entrevistada desta semana do Podcast EpiMania.

RESUMO

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Maria Fernanda Cabral, influenciadora digital conhecida como Mafe, usa suas redes sociais, com mais de um milhão de seguidores, para abordar temas como humor, beleza, pautas LGBT+ e sua transição de gênero. Natural de Aquidauana, a jovem de 20 anos desafia as estatísticas de violência e exclusão que marcam a realidade de muitas mulheres trans no Brasil, conquistando espaço e representatividade em um ambiente muitas vezes hostil.Em entrevista ao Podcast EpiMania, Mafe destacou a importância de sua trajetória como um exemplo de superação. Ela ressaltou a conquista da nova certidão de nascimento e o recebimento da medalha Alanis Matheus, concedida pela Câmara Municipal de Campo Grande, como marcos de reconhecimento e visibilidade. Além disso, compartilhou momentos pessoais de sua transição, como cortar o cabelo e usar salto alto, e celebrou a possibilidade de viver um relacionamento amoroso, combatendo a hipersexualização imposta às mulheres trans. Mafe usa sua plataforma para conscientizar sobre os perigos do silicone industrial e reafirma a importância de sua voz para inspirar e promover mudanças.

“Eu sou uma possibilidade, não uma probabilidade. A probabilidade é que eu esteja me prostituindo, que eu não tenha acesso ao estudo, como acontece com a maioria das mulheres trans. Eu me sinto honrada e, ao mesmo tempo, responsável por ocupar um espaço que não foi pensado para nós”, explica.

Foi no humor que Maria Fernanda conquistou o primeiro milhão de views. O vídeo contando uma situação com um vizinho que nunca segurava o portão do condomínio, abriu caminho para os temas que ela aborda hoje: maquiagem, reflexões sobre gênero e sociedade. “Antes eu usava o humor como defesa, para não mostrar minha dor. Hoje eu entendo que minha voz é ferramenta de mudança”, pontua.

Hoje, segura do que é, ela reafirma que sua presença digital não é apenas entretenimento, mas sobrevivência e inspiração. “Não existe segurança sendo outra coisa que não eu mesma. Ou eu sou quem eu sou, ou não sou nada”, avalia.

Ao assumir publicamente sua identidade, Mafe conta que teve medo de perder tudo o que havia construído com o trabalho nas redes sociais. “Eu achava que, quando contasse que era trans, ia perder seguidores. Mas, na verdade, ganhei”, revela.

Apesar disso, esse apoio não anulou o peso dos ataques. “Hoje eu sofro muito mais ‘hate’, mas entendo que furar a bolha é necessário para  levar minha voz a lugares que não são acessíveis para nós”, avalia. A cada comentário agressivo, ela lembra da importância da representatividade. “Se uma pessoa trans olhar para mim e se sentir menos sozinha, já valeu”, completa.

Entre os momentos que marcaram sua trajetória, Mafe destaca a entrega da nova certidão de nascimento e a medalha Alanis Matheus, concedida pela Câmara Municipal de Campo Grande. “Quando eu vi meu nome no documento, só sabia chorar e agradecer. Era o Estado me reconhecendo como quem eu sou. Foi alívio, foi alegria”, comenta.

A medalha também teve um significado especial. “Foi como se a minha cidade dissesse que me enxerga. Muitas pessoas como eu não têm esse reconhecimento em vida. Para mim, foi uma vitória”, afirma.

Mas, além das conquistas públicas, houve vitórias íntimas. “Cortar o cabelo curto e ver ele crescer do jeito que eu queria, usar um salto pela primeira vez, ouvir meu namorado dizer ‘eu te amo’. Essas são coisas pequenas para alguns, mas enormes para mim”, destaca.

Hoje, Maria Fernanda está em um relacionamento. Ela evita expor o parceiro para protegê-lo da exposição e das críticas, mas não esconde o orgulho de ser amada.

“O Brasil é o país que mais consome pornografia com mulheres trans, e esse é o lugar em que querem nos colocar, o da hipersexualização, de satisfazer os desejos de homens mal resolvidos. Mas ser amado é uma necessidade humana e nós também somos dignas de sermos amadas. Acho revolucionário falar disso nas redes sociais, mostrar que eu também posso ser amada, também posso ter um namorado”, comenta.

Nas redes sociais, Mafe também fala dos riscos que muitas mulheres trans são submetidas e denuncia o perigo do silicone industrial.

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