Aliado de Bolsonaro, deputado vê dificuldades para fim de crise no PSL
Luiz Ovando atribui desempenho do partido à figura do presidente e prega entendimento por convivência pacífica
O deputado federal Luiz Ovando reservou espaço em discurso na noite desta sexta-feira (18), durante inauguração da Casa da Saúde “Carlos Alberto Jurgielewicz”, no Cabreúva, em Campo Grande, para revelar “tristeza” com um fato que ganhou as manchetes nacionais nos últimos dias: a divisão da bancada federal do PSL, que tem como pano de fundo a disputa pelo comando de um partido que, em 2020, poderá contar com R$ 350 milhões do Fundo Eleitoral para custear campanhas a prefeito e vereador pelo país. O cenário, avalia, só seria resolvido com um entendimento que ele mesmo admite ser difícil.
O fato, que opôs grupos ligados ao presidente Jair Bolsonaro e ao presidente nacional do PSL, o deputado federal pernambucano Luciano Bivar, envolveu a elaboração de listas apoiando a substituição do deputado Waldir Soares de Oliveira (GO) por Eduardo Bolsonaro (SP) na liderança dos sociais-liberais na Câmara. Antes da disputa, a deputada Joice Hasselmann (SP) deixou a liderança do Governo no Congresso, assumida pelo senador Eduardo Gomes (MDB-TO), em meio a críticas da parlamentar ao presidente.
Nesta sexta, em meio a uma fala na qual apontava dificuldades na administração pública de forma geral, ele fez referência direta à “crise” no PSL. Deixando claro seu alinhamento pró-Bolsonaro –assinando as duas listas favoráveis a Eduardo–, ele pregou “sensatez” aos filiados. Depois, ao Campo Grande News, o deputado ressaltou que o partido, que se tornou um fenômeno na última eleição ao ver uma bancada de 8 deputados superar os 50, “é o que é por causa do Bolsonaro”.
O próprio Ovando disse ter se filiado ao partido por se identificar com pautas defendidas pelo presidente eleito, como a defesa da família e contra a ideologia de gênero. “Ele representava a mudança, que é o que a população quis”, afirmou. “Acreditei, estou aqui e minha convicção é essa. Sou Bolsonaro porque não tenho nada para ser contra ele”, prosseguiu o parlamentar, segundo quem declarações polêmicas do presidente “não tiram o seu valor e o fato e que enfrentou tudo e todos”.
Como resultado da aceitação das pautas propostas por Bolsonaro e da consequente evolução do PSL, Ovando avalia que “o ‘outro lado’ cresceu os olhos porque aumentou o partido e o fundo partidário. A legenda, hoje, recebe R$ 9 milhões por mês, o que recebia por ano, e virão R$ 350 milhões do Fundo Eleitoral”.
A disputa, prosseguiu o deputado, levou a “harmonia” do partido, o que ele atribuiu à condução do grupo de Bivar, “que começou a ir para as regionais, nos Estados, tirar o pessoal do Bolsonaro e colocar o dele. Isso gerou certa irritação”. Para Ovando, a saída do PSL seria a solução natural para os apoiadores do presidente, não fosse o fato que isso também implicaria na disputa pelos mandatos na Justiça Eleitoral sob alegação de infidelidade partidária.
“Hoje, se houver uma negociação para tentar harmonizar, até seria possível conviver e se acertar. Mas não vejo espaço para isso porque a confiança foi quebrada”, considerou. “Mas precisamos sentar, conversar e chegar a um acordo”, complementou.