Após grito de guerra, deputado defende PM: "nunca matou santinho"
Soldados entoaram canto que começa com “bate na cara, espanca até matar”
RESUMO
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Deputado questiona grito de guerra da PM com apologia à tortura. O deputado estadual Pedro Kemp (PT) apresentou indicação ao Governo de Mato Grosso do Sul questionando um grito de guerra da Polícia Militar (PMMS) com apologia à tortura. A gravação, supostamente feita durante a formação da 38ª turma da PMMS, contém frases como "Bate na cara, espanca até matar". Kemp pediu explicações ao Governo, à Secretaria de Justiça e Segurança Pública, ao Comando da PM e ao Ministério Público Estadual, solicitando apuração e sanções. O deputado Coronel David (PL) questionou a indicação. Governo, OAB e Defensoria Pública repudiaram o grito de guerra. O Governo afirmou ter determinado apuração rigorosa. A OAB cobrou responsabilização e reformulação dos cursos de formação. A Defensoria Pública classificou o episódio como afronta à democracia. O Ministério Público acompanha o caso e analisa o vídeo para tomar medidas cabíveis.
O deputado estadual Pedro Kemp (PT) apresentou uma indicação ao Governo do Estado pedindo explicação sobre o grito de guerra da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), que contém frases com apologia à tortura. O documento foi apresentado durante a sessão desta terça-feira (05) na Assembleia Legislativa.
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No entanto, o deputado estadual Carlos Alberto David, o Coronel David (PL), questionou se tratava de uma nota de repúdio e que, se fosse, votaria contra.
“Se me permite, o senhor [Pedro Kemp] disse que a nossa Polícia Militar é a que mais mata. Eu não vi nenhum santinho sendo morto pela PM em confrontos”, pontuou.
A gravação do grito de guerra circula nas redes sociais e começa com a frase “bate na cara, espanca até matar”. Também há outros trechos com linguagem agressiva, como “arranca a cabeça e joga ela pra cá” e “é faca da PM que cancela CPF”.
A gravação foi feita durante o curso de formação da 38ª turma da PMMS, formada no dia 31 de julho, em Campo Grande, com 427 novos soldados.
O pedido de Pedro Kemp também foi encaminhado à Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública, ao Comando-Geral da Polícia Militar e ao Ministério Público Estadual.
Ele solicita apuração administrativa dos fatos e a identificação dos responsáveis para aplicar as sanções cabíveis.
“Eu achei um absurdo o que aconteceu. A divulgação daquele vídeo causou um espanto porque revela que está havendo um desvio na formação dos policiais militares do nosso Estado. Nossa polícia, que já foi conhecida como a que mais elucida os casos de violência e de criminalidade, hoje está sendo conhecida como uma das mais violentas, que mais mata no Brasil", disse.
Na Câmara Municipal, quem puxou o assunto foi a vereadora Luiza Ribeiro (PT) com uma moção de processo. “Aqueles gritos não são um ato simbólico, mas evidenciam a violência policial institucionalizada”, disse.
O vereador Rafael Tavares (PL) votou contra. “Case com alguém que te defenda como o PT defende bandido e, quem tem dó de bandido, que o leve para casa.”
Para a vereadora Ana Portela (PL) é fácil criticar ocupando a cadeira da Câmara. “Na verdade, deveria fazer uma moção parabenizando o governador por ter convocado mais de 400 policiais. É fácil criticar estando no ar-condicionado da Câmara”, disparou.
Repúdio – O Governo do Estado e a OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Mato Grosso do Sul) repudiaram a ação.
No dia 1° de agosto, em nota, o Estado repudiou "quaisquer condutas que incentivem a violência" e afirmou ter determinado a adoção imediata das providências cabíveis, com “rigorosa apuração dos fatos e aplicação das sanções legais previstas”.
A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul classificou o grito de guerra como uma “afronta ao Estado Democrático de Direito”.
No dia 3 de agosto, a OAB, por meio da Comissão de Direitos Humanos, também divulgou nota manifestando repúdio às falas proferidas pelos militares.
Para a OAB, o conteúdo configura "apologia explícita à violência e ao arbítrio, incompatíveis com os princípios constitucionais que regem a atuação das forças de segurança pública". A entidade também cobrou a responsabilização dos envolvidos e a reformulação urgente das práticas pedagógicas nos cursos de formação.
Já o MPMS informou que está acompanhando e analisando o vídeo. "A instituição observa de perto os desdobramentos das apurações já anunciadas e irá analisar detalhadamente o conteúdo exposto no vídeo, para adotar as medidas compatíveis com a gravidade da situação.”
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