Diretor do Hospital do Câncer denuncia “gastos” absurdos feitos por Siufi
O diretor do Hospital do Câncer “Alfredo Abrão”, Carlos Alberto Coimbra, denunciou nesta tarde de quinta-feira, durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, na Assembleia Legislativa, que “muito dinheiro foi gasto desnecessariamente” durante a gestão de Adalberto Siufi à frente da entidade hospitalar.
Um dos exemplos dados por Coimbra, na oitiva perante os deputados estaduais da CPI, foi o setor de telemarketing do Hospital do Câncer. “Tinha 60 funcionários no telemarketing que arrecadavam R$ 200 mil por mês, mas R$ 130 mil era para pagar o salário deles”, apontou. “Hoje só temos 35 funcionários nesse setor, a arrecadação por doação caiu um pouco, devido ao escândalo, mas já está normalizado”, revelou.
Além disso, quando assumiu o comando do Hospital do Câncer, Coimbra pegou uma dívida de R$ 1,5 milhão, sendo R$ 1 milhão com fornecedores diversos e R$ 538 mil só com medicamentos comprados pela gestão do Adalberto Siufi. “Desse total, os R$ 538 mil dos medicamentos já foram pagos e a dívida de R$ 1 milhão nós parcelamos. Todos os contratos estão sendo revisados”, afirmou o dirigente.
Durante seu depoimento na CPI do Câncer, Coimbra disse que o último Plano Operativo do Hospital do Câncer foi feito em 2011. “Estamos fazendo o deste ano, que está atrasado. E essa é uma das irregularidades que o Município não cobrava”, declarou.
Hoje o Orçamento do Hospital é R$ 1,6 milhão proveniente do SUS (Sistema Único de Saúde), R$ 120 mil de convênios médicos, R$ 20 mil de serviços particulares e de R$ 170 mil a 200 mil de arrecadação de doações.
A receita não cobre todas as despesas, havendo um déficit de R$ 270 mil em razão de pagamento de parcela do terreno onde está sendo construída a nova sede do Hospital do Câncer, segundo Coimbra. “O governo do Estado que paga a construção, hidráulica e elétrica... Essa fase ficará pronta em junho do ano que vem”, informou.
Atualmente, o Hospital do Câncer conta com 46 leitos para atender a população. Quando a construção da nova sede serão mais 248 leitos. Haverá também necessidade de aumentar o quadro de pessoal médico, que hoje é composto por 30 oncologistas, um infectologista, um hematologista, um radioterapeuta e um médico especializado em física nuclear. Dois são cedidos, Jeferson Bagio, do Hospital Regional, e Moacir Basso, da Prefeitura de Campo Grande, que exerce cargo de diretor técnico.
Neorad fora – O diretor do Hospital do Câncer declarou que não mais existe convênio com a Neorad, de Adalberto Siufi. A unidade tem acelerador linear para tratamento de câncer, assim como a Reorad dispõe do seu. A demanda, porém, é grande, o que leva a Prefeitura de Campo Grande a encaminhar os pacientes que não conseguem vaga no Hospital do Câncer para a Neorad.
No depoimento aos deputados, Coimbra trouxe a notícia de que o Hospital do Câncer será agraciado com mais um acelerador linear, o que pode acabar com a necessidade de enviar pacientes para a rede particular. Segundo ele, o senador Waldemir Moka lhe disse que o ministro da Saúde se comprometeu a dar acelerador linear para o Hospital do Cancer, mais atual, quando tiver sido superada a crise e punidos os culpados pelas fraudes detectadas pela Operação “Sangue Frio” e força-tarefa criada para complementar as investigações.