Janja ouve mulheres do Pantanal e diz que crise do bioma de MS é desafio global
Encontro na UFMS reuniu lideranças femininas para levantar demandas que serão apresentadas na COP30 em Belém
A primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, destacou nesta quarta-feira (8), em Campo Grande, que a voz das mulheres do Pantanal será levada à COP30, conferência do clima da ONU que será realizada em 2025, em Belém (PA). Enviada especial para Mulheres no evento global, ela participou da oficina “Vozes do Pantanal”, realizada na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), ao lado de ministras e lideranças indígenas, negras, rurais e feministas.
RESUMO
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Em encontro na UFMS, lideranças femininas, incluindo a primeira-dama Janja, reuniram-se para discutir os desafios ambientais do Pantanal. O evento "Vozes do Pantanal" buscou ouvir experiências e reivindicações de mulheres que vivem no bioma, considerado um dos mais ameaçados pelas mudanças climáticas. Durante o evento, foram anunciados investimentos de US$ 20 milhões para abastecimento de água em aldeias indígenas de Mato Grosso do Sul. As participantes relataram problemas como ausência de políticas contra queimadas, assistência de saúde inadequada e violência obstétrica. As conclusões serão apresentadas na COP30.
A atividade integra o projeto Vozes dos Biomas, que percorre diferentes regiões do país para ouvir comunidades afetadas pelas mudanças climáticas e construir propostas baseadas em direitos humanos e justiça climática.
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Também participaram a médica e ativista Jurema Werneck, enviada especial para Igualdade Racial e Periferias; a advogada e pesquisadora Denise Dora, enviada especial para Direitos Humanos e Transição Justa; a ministra do Planejamento, Simone Tebet; e a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.
O projeto busca traçar um diagnóstico nacional das condições de vida nos biomas brasileiros, com foco na transição justa, conceito que defende a adaptação climática aliada à proteção dos direitos humanos e à equidade para grupos historicamente vulneráveis.

Após o evento, Janja ressaltou a importância de ouvir diretamente as mulheres que vivem no Pantanal e convivem com os impactos da seca, queimadas e degradação ambiental.
“Viemos ao bioma do Pantanal ouvir principalmente as mulheres sobre a vida delas e como estão enfrentando as mudanças climáticas. Estamos fazendo essas escutas pelos biomas brasileiros para levar à COP30 a voz desses territórios sobre esses temas para Belém”, afirmou.
Ela reforçou que a participação do bioma na COP30 não é apenas um compromisso nacional, mas também internacional, destacando a necessidade de que a comunidade global reconheça a urgência da preservação do Pantanal.
“É muito difícil ver imagens do Pantanal sem água, passando por meses e meses de seca. Isso é uma questão global. Precisamos aportar recursos para levar água às pessoas e restaurar o bioma. Essa é uma tarefa que vai além do governo federal; é de todos nós”, disse.
Ao longo do dia, as participantes da oficina relataram situações graves de abandono e violação de direitos. Segundo Jurema Werneck, as denúncias incluíram ausência de políticas públicas de prevenção e combate a queimadas, assistência de saúde inadequada, violência obstétrica e desrespeito à identidade cultural de crianças indígenas nas escolas.
“Ouvimos denúncias gravíssimas de como governos municipais e estaduais têm tratado povos indígenas, comunidades negras, quilombolas e ribeirinhos. Mas também saímos com propostas e soluções. As mulheres do Pantanal estão trabalhando intensamente para preservar o bioma, e é preciso que os governos locais atuem junto com elas.”
Denise Dora destacou a relevância da participação de mulheres cientistas do Pantanal, que estudam fauna, biodiversidade, conservação de rios, árvores e práticas culturais locais, ressaltando que esse conhecimento é crucial para garantir a preservação ambiental e a convivência sustentável entre seres humanos e natureza.
“Tivemos uma oportunidade única de ouvir mulheres cientistas que trabalham com a fauna e biodiversidade. É fundamental valorizar essa experiência para que a região seja preservada e a humanidade tenha a chance de conviver melhor com os recursos naturais do Pantanal.”
Água como prioridade para as comunidades - Durante o evento, a ministra Simone Tebet anunciou que o governo federal destinou cerca de US$ 20 milhões (quase R$ 100 milhões) para abastecimento de água em aldeias indígenas de Mato Grosso do Sul, atendendo principalmente regiões de fronteira, incluindo Campo Grande, Aquidauana, Dourados, Ponta Porã e Corumbá, área central do Pantanal.
Tebet ainda reforçou que está em andamento uma negociação com a Itaipu Binacional para garantir R$ 60 milhões adicionais, com contrapartida do governo estadual, para ampliar o acesso à água.
“Sem água, nossos indígenas não têm saúde, nossas crianças adoecem, e eles não conseguem plantar nem colher para subsistência. Sem dignidade, não há vida sustentável. Parabéns ao governo estadual e federal por esses projetos”, afirmou a ministra.
Janja reforçou que o acesso à água é um tema central das demandas que serão levadas à COP30, destacando a necessidade de políticas públicas integradas para restauração e preservação do Pantanal.