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Política

Odebrecht repassou R$ 5 milhões de caixa 2 para Delcídio, diz delator

Um dos encontros para ‘prestar contas’ ao ex-senador aconteceu no Copacabana Palace

Anahi Zurutuza | 18/04/2017 17:01
Delcídio do Amaral durante sessão no Senado (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)
Delcídio do Amaral durante sessão no Senado (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) recebeu R$ 5 milhões do caixa 2 da Odebrecht, segundo Benedicto Barbosa da Silva Júnior, ex-presidente da Infraestrutura da empresa, um dos delatores da Operação Lava Jato. O dinheiro, pago em 2014, seria destinado à campanha eleitoral do ex-senador para o Governo do Estado.

Um dos encontros de Benedicto Júnior, conhecido como BJ, com Delcídio para detalhar o andamento do pagamento das parcelas aconteceu em uma suíte do hotel Copacabana Palace, um dos mais caros do Rio de Janeiro. O delator conta que foi convidado pelo então senador para um café da manhã.

“Uma das vezes que ele veio me cobrar, foi no segundo semestre, ele ficou hospedado no Copacabana Palace e eu me dirigi até lá para tomar café da manhã com ele, para prestar contas”, explicou (veja mais no vídeo).

Negociação – O ex-presidente da Infraestrutura detalhou a negociação durante depoimento a procuradores da república no MPF (Ministério Público Federal) do Rio de Janeiro, no dia 16 de dezembro do ano passado.

Benedicto contou afirmou que marcou encontro com o então senador a mando de Marcelo Oderbrecht, ex-presidente do maior grupo empresarial alvo da Lava Jato.

Ele e um colega da empresa tiveram um primeiro encontro com Delcídio na metade de 2014, no escritório da Odebrecht em São Paulo. Na ocasião, um assessor do senador foi indicado como intermediador dos pagamentos.

Embora a empresa não tivesse negócios em Mato Grosso do Sul, BJ conta que aceitou fazer a doação ilegal para a campanha porque o Delcídio era um dos integrantes do PT com bastante influência.

“Tendo em vista proeminência do senador, que era um dos membros do partido que melhor se relacionava com a presidente Dilma [Rousseff], que era um líder nato no Senado, ponderei e acabei acatando”.

O dinheiro foi embutido no custo da construção da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, em Porto Velho (RO). “Pedi para o diretor do projeto assumir alocar esse valor”.

Benedicto Júnior afirmou ainda que depois da campanha eleitoral nunca mais se encontrou com Delcídio. “Ele nunca mais me procurou, o que significa que os R$ 5 milhões realmente foram destinados ao senador”.

Delator durante depoimento ao MPF (Foto: Reprodução)
Delator durante depoimento ao MPF (Foto: Reprodução)

Codinomes – O ex-presidente da Infraestrutra entregou ao MPF cópias dos e-mails que trocou com Delcídio, além das informações sobre os pagamentos que constam nas planilhas do Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, setor que organizava o pagamento de propinas e doações para campanhas de políticos.

BJ revelou ainda que Delcídio era tratado por dois codinomes: Grisalhão e Ferrari. “Grisalhão, por razões óbvias, e Ferrari, porque ele era uma pessoa muito acelerada”, explicou (veja vídeo com depoimento na íntegra).

O delator não soube dizer se em troca do valor, embora Delcídio tenha sido derrotado nas urnas por Reinaldo Azambuja (PSDB), a Odebrecht recebeu alguma vantagem intermediada pelo ex-senador.
Delcídio do Amaral também fez delação premiada para a operação Lava Jato, depois de ser preso pela Polícia Federal e perdeu o mandato em maio do ano passado.

Líder do PT no Senador, ele foi cassado por quebra de decoro parlamentar. O ex-senador também se desfiliou do Partido dos Trabalhadores.

A reportagem tentou, sem sucesso, contato com Delcídio.

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