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Política

Recalibrar política externa é principal recado que senadores trazem dos EUA

Nos 3 dias de agenda, guerras, alternativa ao dólar e Brics dominaram a pauta

Por Fernanda Palheta | 31/07/2025 11:06
Recalibrar política externa é principal recado que senadores trazem dos EUA
Senador Nelsinho Trad (PSD) durante uma das reuniões da missão oficial nos Estados Unidos (Foto: Reprdução)

A política externa brasileira dominou a pauta das agendas da missão oficial dos senadores que foram aos Estados Unidos somar esforços na negociação do “tarifaço” de 50% imposto aos produtos brasileiros pelo presidente norte-americano Donald Trump. Em entrevista ao Campo Grande News, na manhã desta quinta-feira (31), o senador Nelsinho Trad (PSD) apontou que esse é o principal recado que o grupo traz para o Governo brasileiro.

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A missão oficial de senadores brasileiros nos Estados Unidos teve como foco a política externa do Brasil, especialmente em relação ao "tarifaço" de 50% imposto por Donald Trump. O senador Nelsinho Trad (PSD) destacou a necessidade de recalibrar a postura do governo, citando a falta de medidas mais severas em conflitos como o da Rússia e Ucrânia, além da crítica à Israel. Trad também alertou sobre possíveis sanções econômicas dos EUA a países que mantêm comércio com a Rússia, enfatizando que a situação pode resultar em tarifas ainda mais altas. Apesar dos desafios, o senador acredita que a missão foi bem-sucedida ao reaquecer relações e mitigar os impactos do "tarifaço", que entrará em vigor em breve.

O senador, que liderou a comitiva de parlamentares brasileiros, citou como exemplo o posicionamento do Brasil nas guerras entre a Rússia e a Ucrânia e entre Israel e Irã. Em relação ao primeiro conflito, apesar de defender o fim da guerra, que completou três anos em fevereiro, o Governo não adotou medidas mais severas.

O País não assinou resolução que reitera o apoio à integridade territorial ucraniana na Assembleia Geral da ONU. E, em maio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou na Rússia, onde cumpriu agenda de Estado com o presidente russo, Vladimir Putin. Os dois participaram das celebrações dos 80 anos da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. A missão brasileira buscou ampliar as relações bilaterais entre os dois países, principalmente nas áreas de energia e de ciência e tecnologia.

Com relação ao segundo conflito, o Governo brasileiro manteve o tom crítico a Israel. A relação entre os países se estremeceu em outubro de 2023, quando teve início a guerra na Faixa de Gaza. Ao longo dos anos, Lula reiterou diversas vezes que a resposta de Israel é “genocídio” de palestinos.

“O Brasil não precisa ficar do lado de ninguém”, disse o parlamentar. Para ele, este é um equívoco do governo.

O Congresso americano deve aprovar, em 90 dias, sanções econômicas para todos os países que mantiverem comércio com a Rússia. O problema foi apresentado por parlamentares e empresários americanos durante os encontros da missão oficial do Senado em Washington.

“A questão da Rússia é muito forte, é a mais forte. Se isso for a ferro e fogo, vai vir uma tarifa maior que 50%”, disse. “Eles já demonstram que não têm ressentimento de meter tarifa”, completou.

A atuação do Brics, bloco que reúne as maiores economias emergentes do planeta, também foi citada pelos interlocutores americanos. O grupo, formado por Brasil, Arábia Saudita, África do Sul, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Índia, Indonésia, Irã e Rússia, se reuniu no Rio de Janeiro na véspera do anúncio do "tarifaço". No encontro, os países discutiram a criação de uma moeda alternativa ao dólar em suas transações comerciais. Para Trad, "o Governo brasileiro não deve tensionar esses temas sensíveis".

Apesar do alerta, o parlamentar acredita que a missão foi cumprida. “A gente fez o que se propôs. Uma relação que estava fria, a gente reaqueceu e criamos pontos para continuar atuando, porque essa história só está começando”, afirma. Trad ainda aponta que a atuação do grupo contribuiu para diminuir o impacto do “tarifaço”, que entra em vigor na próxima semana. “Os argumentos que apresentamos chegaram ao presidente [Trump], ou pelo menos às pessoas que ficam ao seu entorno”, disse.

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