Revisão de delação reforça pedido de ressarcimento, dizem deputados
Acordo de colaboração com a JBS será submetida análise após novas informações
A revisão da delação premiada da JBS reforça ainda mais as suspeitas de irregularidades da empresa e o pedido de ressarcimento de dinheiro.
Esta é a opinião de membros da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, nesta terça-feira, dia 5, depois que a Procuradoria-Geral da República anunciou investigação interna sobre o acordo de colaboração.
Para o presidente dos trabalhos, deputado Paulo Corrêa (PR), as novas informações mostram que "houve muita pressa do Rodrigo Janot (procurador da República), em aprovar a delação e o acordo de leniência".
Mesmo assim, a CPI na Assembleia continua a investigação. "Isso mostra que os donos da JBS não são confiáveis. Caiu a máscara dos empresários".
Tudo isso, conclui, só reforça a apuração da CPI, que, até agora, descobriu que 90% das notas fiscais da JBS estão "viciadas". Ele diz que as provas que o colegiado está unindo vai servir de subsídio para que o Governo de Mato Grosso do Sul peça o ressarcimento de dinheiro.
A estimativa da CPI é que a JBS tenha de devolver algo em torno de R$ 500 milhões aos cofres públicos. É que as empresas do grupo não cumpriram a parte delas no acordo em troca de incentivos fiscais do Estado.
Também membro do grupo de investigação, o deputado Eduardo Rocha (PMDB), disse que a revisão da delação só mostra que os donos mentiam no acordo. Mas, lembra também que, assim como a colaboração, as denúncias que surgiram a partir dela podem ser questionadas.
"Esta notícia (de revisão) mostra que a CPI está no caminho certo e que a delação da JBS caiu em descrédito", opinou o relator da comissão, deputado Flávio Kayat (PSDB), afirmando também que as informações habilitam "ainda mais" o ressarcimentos dos valores ao Estado.
Revisão - Rodrigo Janot, procurador da República, anunciou ontem a abertura de investigação interna para rever a delação de Joesley Batista, Ricardo Suad e Francisco de Assis Silva.
Em um diálogo gravado, a princípio sem querer, Batista e Suad teriam dito que tinham sido ajudados pelo ex-procurador Marcello Miller na elaboração da proposta de colaboração assinada com a Procuradoria.
Em abril, ele teria se afastado da Procuradoria e, posteriormente, se tornou advogado dos delatores e os indícios dão conta de que a conversa entre eles teria sido gravada em março, enquanto ainda Miller ainda era procurador.
Se o acordo for mesmo anulado, os delatores poderão ter os benefícios adquiridos com a medida anulados. No entanto, as provas obtidas até agora serão mantidas.