Riedel cobra ação federal e reduz expectativas sobre missão de senadores aos EUA
Governador destaca que apenas o Executivo nacional pode negociar diretamente com a Casa Branca
Durante apresentação do projeto de PPP (Parceria Público-Privada) para ampliação e terceirização de serviços do HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), realizada nesta quinta-feira (24) na Bolsa de Valores de São Paulo, o governador Eduardo Riedel (PSDB) declarou que, apesar de apoiar a missão dos senadores sul-mato-grossenses aos Estados Unidos, a reversão da nova tarifa de importação de 50% anunciada por Donald Trump dependerá exclusivamente da atuação do governo federal, por meio da diplomacia oficial.
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Governador de MS apoia missão de senadores aos EUA, mas ressalta que reversão da tarifa de importação depende do governo federal. Riedel se reuniu com senadores Tereza Cristina e Nelsinho Trad, que lideram comitiva a Washington para discutir impactos da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. MS exporta US$ 700 milhões aos EUA, principalmente carne, celulose e ferro-gusa. Senadores buscam diálogo com Legislativo e empresas americanas, mas negociação com a Casa Branca cabe ao Executivo brasileiro. Riedel considera a missão importante para apresentar dados e articular apoio político, mas a reversão da tarifa depende da diplomacia oficial. A viagem visa demonstrar preocupação e consequências da medida para ambos os lados, buscando alinhamento para futuras negociações.
A declaração de Riedel ao Campo Grande News ocorre um dia após reunião com os senadores Tereza Cristina (PP) e Nelsinho Trad (PSD), que lideram a comitiva brasileira que viajará a Washington entre os dias 28 e 30 de julho. O grupo tentará sensibilizar autoridades e empresários norte-americanos sobre os impactos econômicos da medida, que entra em vigor no dia 1º de agosto e pode afetar diretamente as exportações de carne, celulose e ferro-gusa, três das principais commodities embarcadas de Mato Grosso do Sul para os EUA.
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“Eu estive com os dois ontem, a gente conversou bastante sobre os números do Mato Grosso do Sul. O Estado exporta 700 milhões de dólares para os EUA, é relevante. São 30% de carnes, 30% de celulose e 20% de ferro-gusa. E sem dúvida nenhuma isso afeta muito as empresas envolvidas nessas operações. Eu deixei com eles o relatório das operações do Mato Grosso do Sul”, afirmou Riedel.
Apesar de reconhecer a legitimidade da missão, o governador fez questão de contextualizar seu papel. Para ele, a viagem cumpre uma função política e institucional importante, mas está longe de ser suficiente para alterar a decisão unilateral da Casa Branca.
“Agora, precisamos balizar a expectativa. Os senadores não vão à Casa Branca para negociar; buscam abrir um canal com o Legislativo americano, com empresas dos Estados Unidos e com as brasileiras afetadas. Trata-se de um movimento relevante de quem tem legitimidade para isso. O Senado Federal conta com a Comissão de Relações Exteriores, presidida pelo senador Nelsinho, que fará um gesto e um movimento em relação à negociação.”
Riedel enfatizou que a prerrogativa para negociar com o governo norte-americano é exclusiva do Executivo brasileiro, por meio do Itamaraty e da Presidência da República. Ele defendeu que qualquer avanço concreto sobre o chamado “tarifaço” passa obrigatoriamente pela diplomacia brasileira. “Quem tem a prerrogativa de negociar é o Executivo federal, com a diplomacia, com toda essa estrutura, junto à Casa Branca”, lembrou.
Mesmo com essas ressalvas, o governador reforçou o apoio à missão parlamentar e destacou seu valor simbólico e estratégico. Segundo ele, a viagem será fundamental para apresentar dados técnicos, demonstrar as consequências comerciais da medida e iniciar uma articulação política que poderá fortalecer futuras negociações oficiais.
“Mas é importantíssima a ida, não que a gente tenha a expectativa que vai voltar de lá com o resultado do tarifaço, não é isso. Mas é importantíssima a ida para demonstrar a preocupação, as consequências, a implicação para ambos os lados, né? E ter também lá a classe política e o empresariado americano no início de um alinhamento para essa negociação que certamente virá”, comentou o governador.