Primeiro Miranda, depois Bonito, Jardim e Bodoquena
A decisão envolve riscos, que serão enfrentados seguindo os protocolos sanitários, mas a retomada das atividades se faz necessária sob pena de falência e mais desempregos. É neste cenário de cuidados com o novo coronavírus (Covid-19) que quatro dos principais destinos turísticos de Mato Grosso do Sul – Miranda, Bodoquena, Bonito e Jardim – preparam a retomada das atividades depois de quase três meses de fechamento por conta da pandemia.
Nesta segunda-feira, 15 de junho, o município de Miranda, distante 208 km de Campo Grande pela rodovia BR-262, será o primeiro da lista a reabrir seus atrativos para viajantes de negócios, motivos particulares e para turismo de lazer. Em 01 de julho será a vez de Bonito, Jardim e Bodoquena retomarem as atividades, também sob condições protocolares de biossegurança.
Por enquanto, em Bonito são 20 passeios já confirmados para a reabertura no início de julho. A lista de atrativos na região da Serra da Bodoquena tem ainda a Cachoeira Boca da Onça, em Bodoquena, Buraco das Araras, Lagoa Misteriosa e Balneário Jardim Ecopark, em Jardim, com retorno no dia 01 do próximo mês.
“Já temos um balneário aberto (o Bosque das Águas, desde o dia 10) e pequenas pousadas funcionando, e a maioria dos passeios retorna dia 01 de julho. No meu caso, vou abrir o Bonito Ecotel dia 26 deste mês”, disse a empresaria Kassilene Carneiro Cardadeiro, que também comanda a operadora H20 Turismo e Eventos, empresa especializada nos roteiros turísticos de Bonito e Pantanal.
Em Miranda, o decreto municipal de 4 de junho, que autorizou o funcionamento de hotéis, resorts e barcos hostels, motéis, pousadas, albergues e similares, diz que a retomada será de forma gradual e monitorada, com escalonamento de datas, mediante cumprimento dos protocolos de segurança sanitária.
“Alguns atrativos vão reabrir a partir de segunda-feira, outros não, portanto continua valendo a consulta individual às operadoras receptivas”, disse a presidente da Associação Visit Pantanal, Cristina Moreira Bastos. Sua entidade liderou um movimento de empresários de serviços do turismo de Campo Grande, Aquidauana, Miranda, Corumbá, Bonito e Jardim, que pedia a volta das atividades do setor.
A lista de normas protocolares é bem extensa. Tem 155 itens que terão que ser seguidos pelos estabelecimentos, desde o uso obrigatório de máscara por recepcionistas, camareiras e visitantes, álcool e gel 70% nas áreas comuns, como recepção, balcões, mesas, saídas de elevador e banheiros, manter ambientes ventilados, até café da manhã à la carte ou servido no quarto.
Mesmo sob as condições do novo normal, o funcionamento dos estabelecimentos estará condicionado ao controle da pandemia, segundo o diretor-presidente da Fundação Estadual de Turismo, Bruno Wendling.
“Mas sem dúvida a volta desses atrativos é um momento importante que acontece logo depois da aprovação do selo de turismo responsável do Ministério do Turismo, sobre higienização e adequações necessárias, da qual participamos ativamente como representante de Mato Grosso do Sul”, afirmou ele ao Campo Grande News.
Batizado de “Turismo Responsável – Limpo e Seguro”, o selo segue diretrizes internacionais e tem a validação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A iniciativa pretende auxiliar o turista na busca por estabelecimentos turísticos que assegurem o cumprimento dos requisitos de higiene e limpeza para prevenção da Covid-19.
São os chamados protocolos de segurança e de saúde, considerados o norte para a gradual e responsável reabertura dos segmentos turísticos. Fora a já conhecida prática do álcool e gel e uso obrigatório de máscaras em todos os ambientes sociais, nos hotéis o check-in online é uma das novidades do novo normal.
As piscinas, restaurantes e demais áreas de lazer terão procedimentos próprios para evitar aglomerações e garantir segurança sanitária. Os restaurantes, por exemplo, passarão a ofertar espaços especiais para as famílias garantindo o contato mínimo entre os hóspedes e assegurando a proteção aos funcionários. Ao invés de self-service, os pratos serão servidos à la carte.
Na contramão - Apesar da euforia pela retomada anunciada, os empresários do setor em Bonito e Miranda foram surpreendidos com os pedidos de aval para declaração de estado de calamidade pública, encaminhados esta semana à Assembleia Legislativa pelas prefeituras dos dois municípios, por conta da pandemia do coronavírus. O receio é de que, ainda que não signifique revogação dos decretos que autorizam a volta, a medida possa impactar no retorno dos turistas.
“Isso gera uma certa revolta porque ninguém está entendendo nada. Decretar estado de calamidade pública pode significar mais recursos para a prefeitura, mas e o turismo como fica? Estamos fazendo muitos investimentos em biossegurança para a nossa volta, incluindo novos equipamentos, luvas, máscaras, álcool e gel, adequações de banheiros e lixeiras, e estamos preocupados”, comentou Allan Velcic, proprietário da Rota Aventura, uma operadora de cicloturismo em Bonito, especializada em trilhas e roteiros de bike.