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Como os pequenos negócios podem se preparar para o novo modelo de tributação

Por Tom Knàuf (*) | 29/10/2025 08:30

A Reforma Tributária brasileira, que entrará em vigor gradualmente a partir de 2026, está prestes a transformar de maneira profunda a forma como empresas recolhem impostos. O novo modelo — baseado na criação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) — promete simplificar o sistema, mas também traz desafios relevantes, especialmente para os pequenos e médios empresários.

De acordo com o especialista tributário Tom Knauf, sócio-diretor do Grupo Studio, “a transição pode ser positiva para quem estiver bem estruturado, mas trará aumento de carga tributária para quem não fizer o planejamento adequado”.

O sistema atual e o que muda

Hoje, o sistema tributário é fragmentado. As empresas precisam lidar com diversos tributos diferentes:

  • PIS e Cofins (federais);
  • ICMS (estadual);
  • ISS (municipal);
  • Além de contribuições acessórias e regimes diferenciados, como Simples Nacional e Lucro Presumido.

Com a Reforma, o objetivo é unificar a base de consumo por meio de dois tributos:

  • CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) — de competência federal, substituindo PIS e Cofins;
  • IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) — de competência compartilhada entre estados e municípios, substituindo ICMS e ISS.

Essa simplificação tende a reduzir a burocracia, mas também trará mudanças significativas na forma de apuração, na base de cálculo e na distribuição da arrecadação.

O impacto real para o pequeno empresário

Segundo Tom Knauf, o impacto será sentido principalmente pelos pequenos e médios negócios que hoje se beneficiam de alíquotas reduzidas e regimes simplificados, como o Simples Nacional.

Com a unificação e a transição gradual para o novo modelo, há risco de que muitos setores acabem pagando mais impostos do que pagam atualmente, especialmente aqueles com baixo crédito tributário — como serviços, consultorias, clínicas, escolas, e prestadores autônomos.

“A carga tributária tende a aumentar para quem não tiver um acompanhamento contábil estratégico. O planejamento tributário passa a ser indispensável para equilibrar custos e manter competitividade”, explica Tom Knauf.

O desafio da transição até 2033

A Reforma prevê um período de transição de sete anos (2026 a 2033). Durante esse tempo, as empresas precisarão conviver com o sistema antigo e o novo simultaneamente — o que pode gerar confusão e retrabalho para quem não estiver bem assessorado.

Na prática, o empresário terá que registrar suas operações em duas bases tributárias, calcular créditos de IBS e CBS, e ainda continuar recolhendo os tributos atuais até a extinção total do regime anterior.

“É nesse momento que muitos negócios poderão sentir o peso da desorganização contábil”, alerta Knauf. “Sem uma estrutura de controle, o empreendedor corre o risco de pagar imposto em duplicidade ou deixar de aproveitar créditos válidos.”

Como os pequenos e médios negócios podem se preparar

Para evitar perdas financeiras e surpresas desagradáveis, Tom Knauf recomenda que os empreendedores comecem desde já um processo de reorganização fiscal e contábil.

A seguir, algumas dicas práticas destacadas pelo especialista:

  1. Faça um diagnóstico tributário completo
    Antes de qualquer mudança, é essencial entender como sua empresa paga tributos hoje, quais são suas principais despesas, margens de lucro e regime atual. Esse diagnóstico permite simular o impacto das novas regras e definir a melhor estratégia de transição.

  2. Invista em contabilidade consultiva
    A contabilidade tradicional, focada apenas no cumprimento de obrigações, já não será suficiente. Será necessário atuar de forma analítica, com apoio de profissionais capazes de interpretar o novo sistema e identificar oportunidades de crédito e compensação tributária.

  3. Revise contratos e enquadramentos
    Muitos contratos de prestação de serviços precisarão ser readequados para refletir corretamente a nova tributação. Além disso, empresas que estão no Simples Nacional devem avaliar se continuarão vantajosas dentro do novo cenário.

  4. Utilize tecnologia para gestão fiscal
    O IBS e a CBS exigirão maior transparência e rastreabilidade nas operações. Sistemas automatizados de gestão fiscal e ERPs atualizados serão fundamentais para garantir conformidade e evitar erros no cálculo de créditos tributários.

  5. Planeje a precificação de forma estratégica
    O aumento de carga tributária pode afetar diretamente a margem de lucro. Antecipar essa variação e ajustar preços gradualmente é essencial para manter a competitividade e não perder mercado.

O papel do planejamento tributário estratégico

Para Tom Knauf, a palavra-chave é antecipação. “As empresas que se estruturarem desde já terão uma transição tranquila. As que deixarem para agir em 2026 vão sentir o impacto no caixa e na rentabilidade”, afirma.

Ele explica que o planejamento tributário deve ser personalizado, considerando o ramo de atividade, o porte e a composição de custos de cada empresa. “Não existe fórmula pronta. O que funciona para uma indústria pode ser inviável para uma empresa de serviços. O segredo é entender o negócio e adaptar a estratégia tributária ao perfil de operação.”

Uma nova cultura de gestão fiscal

A chegada do IBS e da CBS não representa apenas uma mudança na legislação, mas uma mudança de mentalidade.

Os empresários precisarão adotar uma visão mais ampla da gestão tributária, tratando-a como parte do planejamento estratégico do negócio. Segundo Knauf, essa é a diferença entre pagar impostos e administrar tributos com inteligência.

“Quem encarar a Reforma como oportunidade vai sair na frente. Com organização, diagnóstico e planejamento, é possível reduzir impactos, manter a competitividade e até descobrir créditos tributários que hoje passam despercebidos.”

Conclusão

A Reforma Tributária trará grandes desafios, mas também abre espaço para que pequenos e médios empresários modernizem sua estrutura contábil e fortaleçam seus negócios.

Como destaca o especialista Tom Knauf, “2026 está logo ali. A diferença entre sofrer os impactos da Reforma ou crescer com ela está em se preparar agora.”

A chave está em buscar orientação técnica, revisar processos e adotar o planejamento tributário estratégico como ferramenta indispensável para a sustentabilidade financeira das empresas no novo cenário fiscal brasileiro.

(*) Tom Knàuf, sócio do Grupo Studio e CEO da Tom Knàuf Inteligência Tributária; especialista em inteligência tributária, atua com foco em contabilidade , recuperação de créditos e planejamento fiscal efetivo para Prefeituras, pequenas e médias empresas

 

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