Cartórios de MS registram quase 20% mais óbitos do que antes da pandemia
Foram registrados, entre janeiro e outubro de 2022, 16.717 óbitos, 19,8% maior que nos 10 meses de 2019
Passados os primeiros 10 meses deste ano, marcado pelo maior controle da pandemia de Covid-19 e aumento da vacinação, o número de óbitos no Mato Grosso do Sul ainda não retornou ao patamar anterior à crise sanitária no País. Levantamento inédito junto aos Cartórios de Registro Civil do Estado aponta que o número de mortes em 2022 é quase 20% maior que o computado em 2019, e quase 10 vezes maior que o crescimento anual médio de óbitos antes da chegada da doença causada pelo novo coronavírus.
Os dados constam no Portal de Transparência do Registro Civil, administrado pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos 7.658 Cartórios de Registro Civil — presentes em todos os 5.570 municípios brasileiros —, e cruzados com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que utilizam como base os dados dos próprios cartórios brasileiros.
No Mato Grosso do Sul, em números absolutos foram registrados entre janeiro e outubro de 2022, 16.717 óbitos, número 19,8% maior que os 13.950 ocorridos nos 10 primeiros meses de 2019, antes da chegada da covid-19. Na comparação com os números dos anos onde a pandemia esteve no auge no País, verifica-se uma redução de 23% em relação ao ano passado, que totalizou 21.739 mortes, e aumento de 6,7% em 2020, que computou um total de 15.662 mortes.
O ainda alto número de óbitos em 2022 chama mais atenção quando comparado em relação à média da evolução de mortes ano a ano no Estado, que variou, em média, 1,9% entre 2010 e 2019. Durante este período, a maior variação no número de óbitos em Mato Grosso do Sul tinha ocorrido em 2016, quando registrou crescimento de 10,5%. Com exceção aos anos de 2020 e 2021, auge da pandemia no Brasil, quando os óbitos no estado sul mato-grossense aumentaram 12,7% e 38,8% de um ano para o outro, o ainda alto número de mortes no Estado sugere que ainda podem haver fatores impactantes relacionados à doença.
“Os dados dos Cartórios de Registro Civil nos chamam a atenção: estamos com um controle maior da contaminação, diminuição de hospitalização e de óbitos pela covid 19, porém o vírus tem deixado sequelas significativas na população sul-mato-grossense. O aumento de mortes por SRAG, por exemplo, ultrapassa 100%. Com esses números percebemos que há um alerta em relação à doenças que podem estar ligadas ao vírus e podemos pensar em campanhas preventivas e até mesmo em políticas públicas voltadas para a saúde em todo o estado de Mato Grosso do Sul", explica Marcus Roza, presidente da Arpen-Mato Grosso do Sul.