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Cidades

Cobertura vacinal é a menor registrada desde 1996

A vacinação geral no Brasil apresenta níveis que não chegaram ao mínimo de 90% entre 2020 e 2021

Lucia Morel | 26/11/2022 09:59
Menina recebendo a vacina oral contra poliomielite. (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)
Menina recebendo a vacina oral contra poliomielite. (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)

Com as coberturas mais baixas dos últimos 26 anos, a vacinação geral no Brasil apresenta níveis que não chegaram a 90% entre 2020 e 2021, o que não ocorria com os principais imunizantes desde 1996. Os dados são do Datasus (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde) do Ministério da Saúde.

Mas das vacinas regulares para crianças de zero a quatro anos, a que apresentou a menor cobertura foi a segunda dose da tríplice viral, com 35,97% no ano passado. Até então, o menor índice foi em 2013, quando entrou no calendário vacinal, com taxa de 44,68%.

Poliomielite e BCG atingiram 74,65% e 61,25% de cobertura em 2021 e 82,51% e 63% em 2020, respectivamente. Outra vacina com alcance bem baixo entre esses dois últimos anos foi a contra hepatite B em crianças com até 30 dias, que teve alcance de apenas 57,18% e 54,23% em 2020 em 2021.

Para se ter uma ideia de como os números estão abaixo dos índices históricos, a tríplice viral D2 chegou a ter cobertura de 115,08% no ano de 2014. Polio e BCG nunca estiveram abaixo de 60%, com ápice em 2014 para a primeira, que superou os 100% de cobertura com 130,10%; em 2018 para a segunda, com 129,56% de alcance.

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Da poliomielite, a cobertura mais baixa antes de 2020 e 2021 foi em 1996, com taxa de 68,82%, e da BCG, em 99,81%, em 2004. Hepatite B teve o índice mais baixo em 98,35% no ano de 2016.

Em 2022, apesar de o ano não ter encerrado, as coberturas são as mais baixas desde 1996, o que para especialista é bem preocupante. O gerente de imunização da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Evandro Ramos, afirma que seja para as vacinas usadas há anos quanto para as mais recentes, como as contra covid-19, as justificativas para a baixa cobertura são as mesmas.

“Já tem uma parcela de pais que não atualizam mesmo as carteiras vacinais dos filhos e falam que não levaram os filhos e deixam por isso mesmo. Quando identificamos o atraso, abrimos uma notificação de violência tipificada pela não aplicação de vacina e encaminhamos ao Conselho Tutelar”, afirma.

Além disso, ele cita que existe também outras influências, como a falta de acesso às vacinas devido algum problema pontual na unidade de saúde ou porque o responsável não se deu conta da importância da vacinação. “Muitas vezes a pessoa vai na unidade e porque a geladeira quebrou, não tem vacina, e a pessoa não volta. Ou de fato, não entendeu sua responsabilidade de proteger que está prevista no Estatuto da Criança e Adolescente e não faz valer essa proteção”, sustenta.

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Outros problemas elencados são a disseminação em massa de notícias falsas (fake news), ou disseminação de desinformação. Diante desse quadro, a Sesau tenta fazer um trabalho de busca ativa, com acompanhamento dos registros de vacinação – o que, infelizmente, ocorre de forma lenta – ou buscando aqueles que estão com a caderneta desatualizada até mesmo através da matrícula escolar, já que para isso, é preciso que os pais apresentem a caderneta na escola.

Evandro comenta ainda que ainda há pais que evitam levar os filhos para vacinar no período da tarde, por exemplo, porque acreditam que a vacina dará mais reação. “A vacina pode dar febre? Pode! Mas não chega a ser grave. E não faz diferença o período em que se toma a vacina”, afirma.

Além da busca ativa, outra forma de tentar reverter essa baixa procura tem sido as campanhas, mas o efeito ainda não é visível. Os maiores riscos da baixa cobertura são o retorno de doenças erradicadas, como a polio, ou mesmo epidemias de enfermidades que podem ser contidas com a imunização.

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