ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEGUNDA  28    CAMPO GRANDE 21º

Cidades

Com funerárias ganhando R$ 25 milhões em apenas 6 cidades, licitação vira guerra

Setor tem contrato firmado com Sejusp desde 2022 e questiona judicialmente licitação aberta pelo governo

Por Silvia Frias | 28/04/2025 15:54
Com funerárias ganhando R$ 25 milhões em apenas 6 cidades, licitação vira guerra
Empresas mantém contrato com a Sejusp para remoção de corpos (Foto/Arquivo)

A licitação do governo de MS para contratação de empresas de remoção e transporte de cadáveres está suspensa desde o dia 15 de abril e, até agora, não há publicação que tenha alterado a situação. A licitação é questionada pelas funerárias de MS, disputa que envolve mercado que, somente em 2025, já representou pagamento de R$ 24,9 milhões às empresas.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

A licitação do governo de Mato Grosso do Sul para contratação de empresas de remoção e transporte de cadáveres está suspensa desde 15 de abril, após questionamento do Sindicato das Empresas do Segmento Funerário. O setor movimentou R$ 24,9 milhões em pagamentos apenas em 2025. O sindicato contesta a exigência de que as empresas vencedoras tenham sede nas cidades com IML, alegando violação dos princípios de isonomia e livre concorrência. A Sejusp defende que a medida visa garantir agilidade no atendimento, considerando a necessidade de resposta imediata aos chamados.

A conta dos pagamentos foi feita somente com os valores liquidados em 2025, conforme dados disponíveis no Portal da Transparência do governo estadual.

As funerárias foram credenciadas em março e abril de 2022 para remoção de corpos atendendo o Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal). Naquele período, os contratos não contavam com especificação do tipo de cadáveres ou restos mortais que seriam removidos, apenas que as empresas seriam acionadas por servidor do Estado.

O credenciamento para atender o Imol era válido por 12 meses, mas foram aditivados, sendo prorrogados. A maioria deles tem data final para abril de 2025, mas há alguns casos de prorrogação entre março e abril de 2026.

Nos contratos de 2022, constam que os valores pagos às credenciadas são calculados com base no quilômetro percorrido para cada regional. Pela tabela, a remoção por quilômetro rodado era de R$ 3,23 (valor unitário), com valor máximo de R$ 387,6 mil e o serviço de remoção ao custo de R$ 596,83, com teto de R$ 1,228 milhão.

As tabelas disponíveis no portal referem-se aos repasses desde 2022 às empresas credenciadas em Campo Grande, Alcinópolis, Amambai, Anaurilândia, Angélica, Aparecida do Taboado, Aral Moreira, Bataguassu, Batayporã, Bela Vista, Caarapó e Camapuã. A contagem desta reportagem foi feita apenas para as que receberam pagamentos este ano.

De Campo Grande, a funerária e Pax Nipo Brasileira, com contrato vigente até março de 2026 é a que recebeu a maior fatia do bolo. No portal, consta que foram liquidados R$ 16.891.363,44 no dia 14 de janeiro e dois pagamentos no dia 13 de fevereiro, sendo R$ 419.823,14 e R$ 145.644,72.

Pela tabela, a Pax Funerária Anjos da Paz recebeu R$ 361.733,25 em pagamentos feitos em janeiro deste ano, referente a “ajuste de serviços anteriores”. A Pax União Brasileira recebeu R$ 1.783,00 em janeiro e R$ 42 mil em março. Pelos serviços prestados, a Funerária Campo Grande ganhou R$ 78.026,62. A Monte Fuji, R$ 874,50.

No interior, pela tabela do Portal da Transparência, a Pax e Funerária Sudoeste Ltda, de Bela Vista, recebeu R$ 6,8 milhões, liquidado em 26 de fevereiro e R$ 6 mil no dia 13 daquele mês. Em Camapuã, foram pagos R$ 188.866,18 à Pax Funerária São Judas Tadeu, conforme termo de quitação de 10 de janeiro.

Também consta o pagamento de R$ 3,3 mil à Pax Amambai realizado em 14 de fevereiro. No mesmo mês, no dia 17, o portal registrou dois pagamentos, sendo R$ 10 mil e R$ 3,3 mil. Em Aparecida do Taboado, na Funerária Nossa Senhora Aparecida, foram R$ 3,3 mil pagos também em fevereiro. Para a Funerária Bom Jesus, de Bataguassu, foram R$ 19.851,93 repassados em 9 de janeiro. Somados, os valores chegam a R$ 24.976.731,80.

Questionamento – No dia 31 de março, a Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) abriu licitação para contratar empresa para retirada de cadáveres e restos mortais decorrentes de mortes violentas (homicídio, suicídio, acidente) e/ou achados de cadáver e morte a esclarecer até o IML (Instituto Médico Legal) ou NRML (Núcleos Regionais de Medicina Legal).

O Sindef-MS (Sindicato das Empresas do Segmento Funerário no Estado de Mato Grosso do Sul) ingressou com mandado de segurança coletivo no TJMS (Tribunal de Justiça do Estado) contra o edital.

O sindicato afirma representar empresas de 78 municípios do estado e defende que a medida judicial busca assegurar igualdade de condições na disputa por contratos públicos.

O sindicato é contra exigência do edital que estabelece que, para firmar contrato com o Estado, a empresa vencedora deverá ter sede, filial, divisão ou escritório na cidade sede do IML (Instituto Médico Legal) correspondente ao lote adjudicado.

Para o sindicato funerário, essa condição representa uma barreira indevida à participação de empresas que, embora capacitadas técnica e financeiramente, não estão instaladas fisicamente nas localidades dos lotes

A entidade entrou com mandado de segurança no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) com pedido de liminar. O sindicato argumenta que a cláusula fere princípios constitucionais da isonomia, impessoalidade e livre concorrência, além de violar regras da própria Lei de Licitações.

Antes de qualquer decisão judicial, o certame foi suspenso pelo governo do Estado, conforme publicação no Diário Oficial do Estado no dia 15 de abril. O recurso ainda não foi julgado e TJ determinou inclusão em julgamento virtual.

Antes da suspensão, a Sejusp havia respondido aos questionamentos do sindicato, informando que a exigência de sede local tem base técnica e visa garantir agilidade na prestação do serviço, já que os chamados para remoção de corpos são feitos por telefone e exigem resposta imediata.

A pasta também havia argumentou que a exigência só seria verificada na fase de contratação, não como critério de habilitação, o que, em sua visão, manteria a legalidade do processo. A atual suspensão foi decorrente de pedido da Associação das Funerárias de MS ao comitê de licitação.

Matéria editada às 17h59 para acréscimo de informação.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias