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Cidades

Quadrilha de falsos policiais federais exigia até R$ 15 milhões de traficantes

Grupo monitorava famílias das vítimas e anunciava falsas investigações como objeto de barganha

Por Dayene Paz e Silvia Frias | 11/11/2025 11:08
Quadrilha de falsos policiais federais exigia até R$ 15 milhões de traficantes
Armas e documentos falsos apreendidos na primeira fase da operação. (Foto: Divulgação)

Um grupo criminoso que se passava por policiais federais para extorquir traficantes e integrantes de facções chegou a exigir até R$ 15 milhões de cada vítima para que falsas investigações não fossem levadas adiante. Para pressionar o pagamento, os suspeitos monitoravam alvos e até familiares que viajavam para outros estados - incluindo deslocamentos para Mato Grosso do Sul - numa estratégia de intimidação permanente.

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Grupo criminoso que se passava por policiais federais exigia até R$ 15 milhões de supostos criminosos para arquivar falsas investigações. A quadrilha, com base em Goiás, monitorava alvos e familiares em diversos estados, incluindo Mato Grosso do Sul, como forma de intimidação. A Polícia Federal deflagrou a Operação Isfet 2, cumprindo 11 mandados de busca e apreensão e 6 de prisão temporária em Goiânia, Goianira, Trindade e Campo Grande. Os criminosos, que portavam distintivos e documentos falsos, negociavam com advogados próximo à Superintendência da PF em Goiás para simular legitimidade.

A informação foi detalhada na coletiva da Polícia Federal de Goiás, nesta terça-feira (11), durante a deflagração da Operação Isfet 2. A ofensiva cumpriu mandados também em Campo Grande, onde agentes federais estiveram em um consultório odontológico na Rua Senador Ponce, no Jardim Monte Líbano.

Na Capital de Mato Grosso do Sul, em dois endereços, os alvos não foram encontrados.

Segundo o delegado Murilo de Oliveira, responsável pela investigação, o grupo escolhia alvos com histórico criminal, avaliando antes a capacidade econômica de cada um. Com isso, o grupo apresentava "ofertas" personalizadas de uma suposta imunidade, sempre em troca de pagamentos milionários.

Quadrilha de falsos policiais federais exigia até R$ 15 milhões de traficantes
Polícia Federal em frente ao consultório odontológico, na Rua Senador Ponce, no Jardim Monte Líbano (Foto: Paulo Francis)

Os falsos policiais negociavam diretamente com advogados das vítimas e marcavam encontros em locais próximos à Superintendência da PF (Polícia Federal) em Goiás para reforçar a aparência de legitimidade. Eles portavam crachás, distintivos e armas de fogo – alguns falsificados de forma grosseira, mas suficientes para convencer quem já teme a atuação policial. “Dependendo da circunstância, soa verdadeiro”, explicou o delegado.

A apuração revelou que os integrantes da quadrilha mantinham vigilância constante: acompanhavam rotinas, endereços, deslocamentos e até familiares que viajavam. Em alguns casos, esses parentes foram monitorados em outras cidades, entre elas Campo Grande, para aumentar a pressão psicológica e acelerar o pagamento exigido.

Apesar da violência e do caráter intimidatório dos encontros, quase nenhuma vítima denunciava. Conforme a PF, o silêncio ocorria porque os extorquidos já possuíam condenações e temiam desdobramentos legais. A investigação só avançou após a denúncia de um advogado em Balneário Camboriú, que percebeu inconsistências nas supostas negociações com “agentes”.

A organização criminosa tem base principal em Goiás, mas seus mentores e intermediários se distribuem por outros estados. Nesta segunda fase da operação, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão e 6 mandados de prisão temporária em Goiânia, Goianira, Trindade e Campo Grande.

A Polícia Federal reforça que o objetivo agora é mapear todos os envolvidos, desde quem identificava os potenciais alvos até quem participava diretamente das abordagens e extorsões. “Eles exploravam a vulnerabilidade de pessoas já condenadas e tentavam ampliar o esquema com promessas falsas de proteção”, concluiu o delegado.

Na primeira fase da operação, deflagrada em julho deste ano, a Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e apreensão na cidade de Goiânia (GO) e um mandado de prisão preventiva em Timóteo (MG) - que resultou na captura do líder da organização criminosa. No momento da prisão, ele também foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma de fogo. Durante a ação, documentos falsos de identificação policial foram apreendidos.

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