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Cidades

Freio na expansão do CV em MS, operação "caçou" 92 suspeitos sem disparar 1 tiro

Diferente de ação no RJ, Bloodworm, planejada pelo Gaeco-MS, não teve mortes e resultou em 73 condenações

Por Anahi Zurutuza | 31/10/2025 06:35
Freio na expansão do CV em MS, operação "caçou" 92 suspeitos sem disparar 1 tiro
Equipe do Gaeco em um dos endereços "visitados" em maio de 2023, quando foi desencadeada a Operação Bloodworm, contra o Comando Vermelho (Foto: Gaeco-MS/Divulgação)

Quase mil dias e outros mil km separam duas operações contra o Comando Vermelho com resultados completamente diferentes. Planejada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) de Mato Grosso do Sul, em 2023, a Bloodworm foi desencadeada para prender 92 suspeitos de integrar a facção carioca. Sem um tiro disparado, quase todos os mandados foram cumpridos e hoje há ao menos 73 condenados. Já na terça-feira, dia 28, a Operação Contenção, para cumprir 100 ordens de prisão no Rio de Janeiro (RJ), terminou em banho de sangue.

RESUMO

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A Operação Bloodworm, realizada pelo Gaeco de Mato Grosso do Sul em maio de 2023, resultou na prisão de 92 suspeitos de integrar o Comando Vermelho, sem disparar um único tiro. A ação, que abrangeu nove cidades sul-mato-grossenses e outros estados, culminou em 73 condenações e 428 anos de penas aplicadas. Em contraste, a Operação Contenção, desencadeada no Rio de Janeiro, visava prender 100 membros da mesma facção, mas resultou em um confronto violento, com 4 policiais e 117 civis mortos. A Bloodworm foi considerada um sucesso na repressão ao crime organizado, enquanto a Contenção se destacou pela letalidade, evidenciando as diferentes realidades enfrentadas pelas forças de segurança no Brasil.

Em cenários totalmente distintos e guardadas as especificidades de cada realidade, as duas ofensivas tinham o mesmo objetivo: frear a expansão da organização criminosa com poderes que extrapolam os muros dos presídios, Brasil afora.

A investigação pré-operação do Gaeco-MS demonstrou que o Comando Vermelho tinha planos de expandir os “negócios” em território sul-mato-grossense, tendo a Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira II, conhecida como “Federalzinha” pelas semelhanças com o rígido regime empregado nos presídios federais, como o “laboratório de ideias” das lideranças.

Mato Grosso do Sul, sabidamente dominado pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), organização criminosa de origem paulista, a maior do país, é considerado importante rota para o tráfico de drogas e armas por sua posição geográfica estratégica, na fronteira com dois países produtores de entorpecentes, Paraguai e Bolívia.

Freio na expansão do CV em MS, operação "caçou" 92 suspeitos sem disparar 1 tiro
Armas ostentadas entre os investigados em conversas interceptadas pela investigação (Foto: Gaeco-MS/Divulgação)

Naquele 5 de maio de 2023, a ação delineada pelo Gaeco foi às ruas de nove cidades sul-mato-grossenses e de outras 12 em cinco estados (Rio de Janeiro, Goiás, São Paulo, Mato Grosso e Distrito Federal).

Era a manhã de uma sexta-feira e, além dos mandados cumpridos contra detentos faccionados – trabalho, obviamente, “mais fácil” por não haver necessidade de uso da força policial na contenção dos alvos –, havia ordens de prisão e buscas a serem cumpridas contra suspeitos nos mais diversos tipos de endereços. A operação também levou para a cadeia policiais penais corrompidos e advogados que, conforme as apurações, trabalhavam para a máfia como “pombos-correio”.

Um dos principais investigados na Bloodworm foi preso em Copacabana, no Rio de Janeiro. Roberto Ricardo de Freitas Junior, o “Betinho” ou “Presidente”, chegou a ser apontado como o chefe do CV no Centro-Oeste. O carioca passou pela Federalzinha até conseguir transferência para o estado de origem poucos meses antes de virar alvo do Gaeco-MS. Freitas Junior cumpria pena no regime aberto quando foi levado novamente à prisão há dois anos ao lado da advogada dele, Camilla Moura da Rosa Lyvio, pega no Centro do Rio. Atualmente, ele está foragido.

Freio na expansão do CV em MS, operação "caçou" 92 suspeitos sem disparar 1 tiro
Roberto Ricardo de Freitas Junior, o “Betinho”, presos no Rio pela Bloodworm (Foto: RJTV/Reprodução)

Até maio deste ano, dois anos após a deflagração, a Bloodworm já havia resultado na soma de 428 anos de prisão em penas aplicadas e a multas penais impostas aos condenados superiores a 10 mil dias-multa, que equivalem a mais de meio milhão de reais, conforme balanço divulgado pelo Gaeco.

O nome da operação faz referência a um verme conhecido por sua ferocidade e resistência, características semelhantes às ações da organização criminosa atacada.

Freio na expansão do CV em MS, operação "caçou" 92 suspeitos sem disparar 1 tiro
Mulher chora sobre um dos corpos enfileirados no chão da Praça São Lucas, na Penha, zona norte do Rio de Janeiro (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

No Rio – Passados exatos 907 dias após a investida contra o CV a partir de Mato Grosso do Sul, o Governo do Rio de Janeiro enviou 2,5 mil policiais aos complexos de favelas do Alemão e da Penha para prender 100 suspeitos de fazer parte da organização que também está expandindo o domínio pela capital carioca. A ação no Rio prendeu 81 pessoas e tirou quase 100 fuzis de circulação, mas deixou rastro de sangue – 4 policiais e 117 civis acabaram mortos.

A Operação Contenção, que colocou cerca de 100 mil pessoas no meio do fogo cruzado entre a polícia e o tráfico, foi classificada como a mais letal da história do país.

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