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Cidades

MS aposta na vacinação contra a covid para evitar perigos de nova variante

Presente em todos os continentes, variante Ômicron ainda gera dúvidas se é mais letal que outras cepas

Guilherme Correia | 29/11/2021 10:02
Novas medidas restritivas não estão em primeiro plano para o governo estadual; de máscara, homem caminha pelo Centro de Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)
Novas medidas restritivas não estão em primeiro plano para o governo estadual; de máscara, homem caminha pelo Centro de Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)

A nova variante do coronavírus, Ômicron, tem colocado autoridades de saúde em alerta ao redor do mundo, por conta de sua alta transmissibilidade. Presente em todos os continentes, mas sem casos confirmados no Brasil, as atuais recomendações médicas seguem as mesmas de sempre, ao menos, em Mato Grosso do Sul.

O secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, ressalta que as medidas já preconizadas não mudaram, tais como o manter distanciamento social, lavar as mãos com álcool a 70% ou água e sabão, usar máscaras adequadas e procurar se vacinar.

“A população tem que reagir da mesma forma com o vírus original, com as mutações que já tivemos, a delta e as outras. Continuar seguindo as orientações das autoridades sanitárias. Continuar evitando aglomerações, continuar as regras de higiene”, diz o titular da SES (Secretaria Estadual de Saúde).

Em especial, a vacinação anticovid é altamente indicada por especialistas sanitários, já que reduzem, principalmente, a chance de casos graves da doença. Além disso, elas são mais eficazes quando aplicadas de forma abrangente em uma população, maximizando os efeitos protetivos.

Acima de tudo, sensibilizar quem não tomou vacina ou quem não tomou de forma completa - quem não foi buscar a segunda dose. Tem muita gente que tomou a primeira, mas não tomou a segunda”, exemplifica Resende.

O próprio secretário ressalta que, mesmo se tratando de uma variante nova, ela pode não representar perigos tão grandes à população, assim como foi verificado durante o surto da P.1, que atingia pessoas mais jovens com maior força. No entanto, é preciso aguardar definições mais atualizadas a respeito das características específicas.

“Ainda não se sabe o grau de letalidade dela. A gente só sabe que ela é mais transmissível, tem uma capacidade muito grande de reprodução, mas a gente precisa verificar ainda os dados acerca de sua letalidade”.

Questionado sobre as medidas a serem tomadas pela SES, Resende não descarta ações mais restritivas, futuramente, desde que isso vá de acordo com as definições tomadas em conjunto entre os líderes do governo. “No momento, a gente vai ficar vigilante, como sempre tem ficado. Se for preciso fazer medidas restritivas, serão feitas a partir de discussões com todos os setores envolvidos e com lastro na ciência”.

“É importante salientar que a única forma, a palavra de ordem, é vacinar. Quanto mais gente tiver vacinada, menos possibilidade que chegue no Brasil ou que surja uma nova variante”, completa.

Vacinação com 1ª, 2ª e 3ª dose aumenta a chance de proteção contra a covid. (Foto: Henrique Kawaminami)
Vacinação com 1ª, 2ª e 3ª dose aumenta a chance de proteção contra a covid. (Foto: Henrique Kawaminami)

Perigos da Ômicron - Em entrevista ao jornal britânico BBC News, a médica sul-africana que recebeu o primeiro paciente notificado com essa variante, Angelique Coetzee, explicou que os pacientes infectados até o momento mostram sintomas leves, ainda que seja necessário avaliar com mais detalhe os pacientes do grupo de risco. Segundo ela, o primeiro caso foi identificado por volta de 18 de novembro.

Em uma coletiva de imprensa organizada pelo Ministério da Saúde da África do Sul, o brasileiro Tulio de Oliveira, diretor do Centro de Resposta a Epidemias e Inovação do País, disse que a Ômicron tinha uma "constelação incomum de mutações" e que era "muito diferente" de outras que estão em circulação.

Oliveira foi quem investigou a variante inicialmente detectada na África do Sul. "Essa variante nos surpreendeu, ela deu um grande salto na evolução [e tem] muitas mais mutações do que esperávamos", disse.

Ao menos, um país de cada continente já registrou infecção desta variante. Nas Américas, o Canadá foi o primeiro a confirmar. A OMS (Organização Mundial da Saúde) também emitiu nota técnica orientando sobre os perigos da mutação e recomendando que os países acelerem a imunização.

Ainda que o Brasil tenha atingido, passados quase um ano de vacinação, índice superior a diversos países - mais de 60% da população tem o primeiro ciclo vacinal completo -, outros lugares têm dificuldade em manter essa taxa. Seja por movimentos antivacina de países da Europa e dos Estados Unidos quanto pela dificuldade na aquisição de imunizantes em nações da África, por conta de questões geopolíticas, a imunização mundial ainda é desnivelada, provocando o surgimento de variantes.

Centro de Campo Grande esvaziado, em meados de julho do ano passado, por conta de restrições impostas pela pandemia. (Foto: Henrique Kawaminami)
Centro de Campo Grande esvaziado, em meados de julho do ano passado, por conta de restrições impostas pela pandemia. (Foto: Henrique Kawaminami)

Como surgem as variantes? - De acordo com o médico infectologista Rodrigo Nascimento, o Sars-Cov-2, assim como outros vírus, tem capacidade de se adaptar e reagir às formas de ataque como antivirais ou vacinas, o que favorece que se adapte, surgindo novas variantes. "O vírus procura se modificar para ter mais capacidade de sobrevivência".

Desde os primeiros casos, centenas de mutações foram descobertas após a primeira forma viral encontrada, em diversos países do mundo, mas nem todas apresentam risco maior. No Estado, ao menos 22 foram detectadas oficialmente pelo Lacen (Laboratório Central de Mato Grosso do Sul).

No entanto, quando as características são mais agressivas, como facilidade de infectar indivíduos ou de matar, as cepas são definidas como variantes de preocupação. “Por isso que uma campanha de vacinação tem que ser em curto espaço de tempo, na maior quantidade de pessoas possível, para não dar tempo a essas modificações", diz Nascimento.

Vale ressaltar que a pandemia não interfere apenas em quem se infecta com coronavírus, mas também influencia em outros aspectos da saúde pública. Um dos vários fatores a serem avaliados é o índice de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) dedicados à doença, que já chegaram a registrar superlotação em território sul-mato-grossense, mas atualmente, estão ajustados em índice menor.

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