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Cidades

Ortopedia é principal demanda do programa MS Saúde

Pacientes que esperam por procedimento há anos passaram por consulta nesta sexta-feira (25)

Cassia Modena | 25/08/2023 11:15
Pacientes aguardam vez na recepção do Hospital do Pênfigo (Foto: Cassia Modena)
Pacientes aguardam vez na recepção do Hospital do Pênfigo (Foto: Cassia Modena)

Dos 70 anos de Vitório Rampi da Silva, a maior parte deles foi vivida trabalhando como peão em fazenda. Os três últimos anos foram de espera por cirurgia para solucionar o desgaste no quadril que hoje o impede de andar. Nesta sexta-feira (25), o idoso veio de Caarapó para Campo Grande se consultar com um ortopedista e ser avaliado antes do procedimento que, enfim, vai realizar.

"Tenho 99% de chance de voltar a andar, segundo o médico", diz, com lágrimas nos olhos. A expectativa é poder brincar com os netos e bisnetos quando estiver recuperado.

Vitório era um dos mais de 100 pacientes que nesta manhã aguardavam por pré-consulta de cirurgia ou para fazer ressonância magnética na unidade do Hospital do Pênfigo, localizado na saída para Sidrolândia, durante o segundo dia do mutirão MS Saúde: Mais Saúde, Menos Fila. A ação é realizada pelo governo estadual para reduzir filas de cirurgias não emergenciais e exames diagnósticos.

Vitório Rampi espera há 3 anos poder voltar a andar (Foto: Cassia Modena)
Vitório Rampi espera há 3 anos poder voltar a andar (Foto: Cassia Modena)

A maioria dos pacientes em busca de atendimento veio de municípios do interior de Mato Grosso do Sul que ficam próximos de Campo Grande. Diolino Pereira do Carmo, 60, veio de São Gabriel do Oeste para a consulta agendada com ortopedista, que servirá de última avaliação antes da cirurgia no joelho aguardada há 11 anos.

"Não posso ficar muito tempo em pé e nem pegar peso, por isso, não trabalho mais há muito tempo. Já fiz várias ressonâncias, raios X e falaram que a cirurgia é a única solução", explica Diolino sobre o problema que tem.

Diolino Pereira (de costas), que espera há 11 anos por cirurgia (Foto: Cassia Modena)
Diolino Pereira (de costas), que espera há 11 anos por cirurgia (Foto: Cassia Modena)

Outra paciente que precisa de cirurgia no joelho é a dona de casa Kely Corrêa de Oliveira, 41. Ela teve rompimento de ligamento e menisco há cinco anos, enquanto jogava futebol com as amigas da região rural de Dois Irmãos do Buriti, onde mora. "Agora, espero parar de sentir dor e voltar a jogar", diz.

Com cirurgia, Kely vai resolver problema no joelho causado pelo futebol (Foto: Cassia Modena)
Com cirurgia, Kely vai resolver problema no joelho causado pelo futebol (Foto: Cassia Modena)

De Campo Grande - Moradora do Bairro Jardim Panamá, na Capital, a auxiliar de limpeza de supermercado Elizabeth Fátima Vieira, 63, também esteve na instituição nesta manhã. Ela fraturou um osso no antebraço enquanto trabalhava na última terça-feira (22), passou por médico especialista e já foi encaminhada para o pré-operatório nesta sexta-feira.

A auxiliar de limpeza estava acompanhada pela filha, a estudante Elilúcia Vieira Leite. A agilidade foi aprovada. "Demorou muito tempo para ser atendida na UPA (Universidade de Pronto Atendimento) no dia do acidente, mas, em compensação, esse encaminhamento para a cirurgia foi bem mais rápido", avalia.

Quando as cirurgias começarem a ser realizadas, o que deve acontecer ainda neste ano, os hospitais participantes da ação vão disponibilizar leitos reservados e profissionais de saúde fazendo hora extra para atender os pacientes. No caso do Pênfigo, são 35 os reservados exclusivamente para a ação de acordo com o diretor da instituição, Everton Martin.

Ortopedia - As cirurgias da área de ortopedia, que os quatro pacientes farão em comum, é a campeã de demandas segundo a gerente de gestão estratégica da SES (Secretaria Estadual de Saúde), Maria Angélica Benetasso. É, inclusive, a que mais conta com pedidos de pacientes judicializados priorizados no MS Saúde.

O projeto tem parceria com os municípios. Nos casos em que precisam se deslocar até a Capital, a prefeitura se encarrega de disponibilizar carro ou van para a viagem. A gerente explica que é feito o possível para que a distância percorrida seja a menor possível. "Se lá na cidade dele não tem a oferta do procedimento que ele precisa, então estamos encaminhando para o lugar mais perto. Estamos tentando ao máximo alocar próximo à residência dele, muitas vezes não é possível".

23% já faltaram - O programa foi moldado conforme as demandas informadas pelos municípios, segundo Maria Angélica. Ela pede que os pacientes não faltem aos agendamentos. A SES já registra 23% de ausências entre o público.

"Buscamos sanar essa dificuldade com as prefeituras, unindo forças para que os pacientes entendam. A gente pede que o paciente avise com antecedência se não puder vir, para que possamos permitir que outros tenham acesso", apela a gerente da SES.

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