Pontuação alegada por prefeitura para mudar bandeira é equivocada, diz Geraldo
Geraldo Resende explicou que alteração de bandeiras em todos os municípios partiu de critérios excepcionais

Para reclassificação de bandeiras no Prosseguir, que levou Campo Grande à cinza, o comitê do Programa usou critérios referentes ao quadro epidemiológico estadual, partindo de dados sobre ocupação de leitos. Segundo a Secretaria de Saúde, houve um acordo para que todos os municípios subissem um bandeira, como forma de combater a doença no Estado de forma generalizada. Por isso, desta vez nenhum nota foi levada em consideração para a tomada de decisões.
Ontem, o prefeito da Capital, Marquinhos Trad (PSD), questionou a reclassificação do Prosseguir. De acordo com Trad, Campo Grande havia conseguido uma pontuação 28, melhor que na semana anterior, mesmo assim foi remanejada para bandeira cinza que indica maior gravidade.
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Segundo o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, esse lógica não existe porque a avaliação desta vez foi outra, levando em conta apenas a lotação de leitos. Houve uma discussão em caráter extraordinário para que se realizasse a graduação, sem levar em conta os critérios normalmente aplicados. “Deliberamos uma bandeira maior para todos os municípios de MS. Quem estava laranja passou para vermelha, quem estava vermelha foi para cinza e assim com as outras classificações”.
Para a tomada de decisão, o secretário relata que o comitê do Prosseguir analisou o quadro epidemiológico da covid-19 nos municípios. “Verificamos com excepcionalidade e foi colocado como delimitador a taxa de ocupação de leitos. Municípios que estivessem com mais de 90% de ocupação seriam colocados em um grau maior. Todo o Estado está com 100%, então houve mudança na bandeira”, explica.
Desobediência - Sobre a flexibilização adotada pelo prefeito de Campo Grande, o secretário estadual de Saúde considera desobediência, já que o prefeito Marquinhos Trad disse ontem, com todas as letras, que não reconhece o atual decreto do Prosseguir. Com a mudança, a Capital anunciou volta a seguir o decreto anterior, que colocava as regras apenas recomendação e não mais obrigatório.
O governo ainda não decidiu se vai judicializar a questão. O secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, afirmou nesta manhã ao Campo Grande News que espera reação do MP. “Espero que essa medida seja revertida. O governo já manifestou o inconformismo. Então, compete também ao MP nos auxiliar neste encaminhamento”. O Ministério Público ainda não se manifestou sobre o assunto.
O chefe da pasta que está à frente do combate à pandemia no Mato Grosso do Sul voltou a lamentar a atitude do prefeito Marquinhos Trad (PSD) e que compromisso assumido quando da criação do Prosseguir está sendo descumprido. “Foi uma decisão tomada a pedido dos prefeitos. Eles pediram medidas uniformes. Respondemos a essa demanda e fomos surpreendidos porque o prefeito da capital rompeu. Ele que participou dessa construção, ficamos surpreendidos”.
Geraldo Resende diz que o cenário em Campo Grande não mudou. Ainda há fila de espera por vagas em hospitais. “Entendemos que o momento é crítico, estamos encaminhando pacientes para outros estados. Não dá para fazer decreto que mostra uma realidade que está longe de existir. A situação é crítica. Temos 160, 170 pacientes esperando regulação de vagas na região de Campo Grande”.
Além de Campo Grande, a prefeitura de Três Lagoas também desconsiderou a avaliação do Governo do Estado através do Prosseguir. Já Dourados conseguiu autorização para não seguir as regras do decreto estadual, que também inserir o município em bandeira cinza.
De acordo com o último relatório do Programa, Campo Grande e outras 43 cidades estavam classificadas com bandeira cinza, que indica o maior risco de contaminação por covid-19. Nesta classificação, é permitido o funcionamento apenas de atividades consideradas essenciais.