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Cidades

Caminho é "oculto e dissimulado", define PF sobre propina investigada

Investigação resultou na 5ª fase da Operação, que prendeu o ex-governador de MS, André Puccinelli, o filho dele e 2 advogados

Mayara Bueno | 16/11/2017 16:53
Entrada de prédio onde mora o ex-governador no dia que PF prendeu Puccinelli. (Foto: André Bittar/Arquivo).
Entrada de prédio onde mora o ex-governador no dia que PF prendeu Puccinelli. (Foto: André Bittar/Arquivo).

O caminho 'percorrido' pelo dinheiro - a título de propina - continua "oculto e dissimulado" e configura crime de lavagem de dinheiro. A afirmação consta no documento da PF (Polícia Federal) enviado à Justiça em que justifica a necessidade de prisão do ex-governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), e de outros 9 envolvidos no que é classificado como uma organização criminosa atuante no Estado, responsável por um esquema envolvendo R$ 235 milhões em propina.

A Justiça concedeu 4 prisões, entre elas a do ex-governador e do filho dele, André Puccinelli Junior, que já foram soltos, e dos advogados João Paulo Calves Jodascil Gonçalves Lopes, que seguem na prisão.

Em 156 páginas, a investigação relembra as cinco fases da Operação Lama Asfáltica, detalha depoimentos colhidos na Papiros de Lama, a última deles, e aponta os fatos que justificaram a prisão de André Puccinelli.

"Entendemos que tudo indica que tais crimes de lavagem de dinheiro continuam ocorrendo até os dias atuais, tendo em vista que, embora destinados a André Puccinelli, o caminho percorrido por parte do dinheiro continua oculto e dissimulado, configurando crime permanente de lavagem de dinheiro".

Para a investigação, as empresas Proteco Construções, Gráfica Alvorada, Mil Tec Tecnologia, PSG Tecnologia, Instituto Ícone, sabiam que estavam emitindo documentos frios."Conscientemente receberam propinas destinadas a André Puccinelli, incorrendo em crimes de corrupção e lavagem de dinheiro".

A prisão dos envolvidos, continua a justificativa da Polícia Federal, era necessária para "garantia da ordem pública e da instrução criminal, tendo em vista a utilização de documentos ideologicamente falsos".

Na relação de pedidos de prisões preventivas e temporárias da PF, havia dez investigados na 5ª fase da Operação Lama Asfáltica. No entanto, a Justiça deferiu só do ex-governador e de seu filho, André Puccinelli Júnior, e dos advogados Jodascil Gonçalves Lopes e João Paulo Calves.

Estes dois últimos continuam com presos de forma temporária - que acaba no sábado (18), se não for revogada até lá ou se a Justiça não decretar a prorrogação por mais cinco dias.

Ivanildo da Cunha Miranda. (Foto: Reprodução vídeo da delação).
Ivanildo da Cunha Miranda. (Foto: Reprodução vídeo da delação).

Foram indeferidos os pedidos de prisão preventiva de André Luiz Cance, João Amorim dos Santos, Micherd Jafar Júnior, João Roberto Baird, Antônio Cortez e João Maurício Cance.

Para a Polícia Federal, conforme o relatório, André Puccinelli teria de ser preso por ser "comandante e destinatário do esquema de recebimento de propinas da JBS".

Delação - A PF, além da CGU (Controladoria-Geral da União) e Receita Federal, deflagrou a 5ª fase da Operação Lama Asfáltica depois que o pecuarista Ivanildo da Cunha Miranda delatou esquema de propina envolvendo JBS e o ex-governador ao MPF (Ministério Público Federal).

O pecuarista afirma ter entregue pelo menos R$ 20 milhões a André, dos quais metade em espécie e o restante a título de doação oficial de campanha em 2012.

A delação de Ivanildo foi acertada em 24 de julho de 2017, dois meses depois que os irmãos donos da JBS, Joesley e Wesley Batista, fecharam acordo de colaboração com a Justiça. Na ocasião, os dois disseram que o pecuarista era o intermediário encarregado de entregar propina em troca de benefícios fiscais entre 2006 e 2013.

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