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Capital

Adolescente acusa mulheres de torturar e exibir imagem em Whatsapp

Agressões foram filmadas por uma das participantes e transmitidas por ao vivo, garante a vítima.

Guilherme Henri e Geisy Garnes | 08/01/2019 16:31
Sequência de imagens tiradas da live feita quanto adolescente era torturada (Foto: Direto das Ruas)
Sequência de imagens tiradas da live feita quanto adolescente era torturada (Foto: Direto das Ruas)

Adolescente de 16 anos disse que caiu em emboscada, foi torturada durante 2 horas por outras duas meninas e toda a ação foi transmitida em grupo de WhatsApp formado por mulheres. O caso aconteceu ontem (7), dentro de casa no Guanandi, em Campo Grande. O motivo seria o envolvimento da vítima com o ex-namorado de uma das agressoras. Devido as agressões, a vítima foi internada.

Como estabelece o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), a vítima terá o nome preservado. Ao Campo Grande News, ela detalhou que por volta das 18h de ontem recebeu uma mensagem no celular de uma amiga a chamando para tomar tereré.

Ao aceitar o convite, a colega de 17 anos, chamou um motorista de aplicativo, porém o destino era uma casa no Guanandi. “Vi que não era a casa da minha amiga, mas ela estava lá na frente me esperando. Quando desci e a segui para entrar na casa fui agarrada por outras duas meninas”, conta.

Vítima tirou foto no espelho na casa de agressora depois de sessão de tortura (Foto: Direto das Ruas)
Vítima tirou foto no espelho na casa de agressora depois de sessão de tortura (Foto: Direto das Ruas)

Além da “amiga”, a vítima relata que as outras agressoras tem 17 e 18 anos. “Elas trancaram o portão, fecharam a casa e me arrastaram para dentro. Lá, começaram a me bater com socos e chutes. Também me bateram com uma faca e ainda com ela riscaram as minhas costas”, detalha a menina.

Enquanto era agredida, a adolescente conta que a “colega” responsável em atraí-la fez uma live em um grupo de WhatsApp chamado “As Bandidas”, o qual as agressoras fazem parte.

“Elas diziam que só estavam esperando uma arma chegar para me matar. Tiraram minha blusa, rasparam parte da minha sobrancelha e ameaçavam cortar meu cabelo. Eu comecei a chorar e implorar pela minha vida”, conta.

A sessão de tortura durou cerca de 2h e só parou quando a irmã da vítima de 24 anos, começou a receber no celular prints da live que mostravam sua irmã sendo agredida.

Print de conversa sobre agressões (Foto: Direto das Ruas)
Print de conversa sobre agressões (Foto: Direto das Ruas)
Participante de grupo orientando suspeita (Foto: Direto das Ruas)
Participante de grupo orientando suspeita (Foto: Direto das Ruas)

“Eu fui até a polícia. Mas, lá me informaram que não podiam ir até onde minha irmã estava, pois não tínhamos o endereço. Comecei a ligar para todo mundo e dizer que estava na delegacia e que levaria a polícia para descobrir onde minha irmã estava”, afirma a irmã da vítima – que também terá a identidade preservada.

Devido a descoberta da irmã, a adolescente torturada conta que as agressoras deram banho nela e ainda colocaram gelo nos hematomas de seu rosto. “Elas não queriam deixar eu ir embora. Disseram que eu ia dormir lá até que meu rosto desinchasse. Mas, como minha irmã disse que estava na polícia eu fui solta em uma esquina onde chamaram outro uber que me deixou em casa”, diz.

Polícia – Ao chegar em casa, irmã e vítima foram até a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) para registrar o caso. “Mesmo vendo o estado da minha irmã, com nomes e até endereço das meninas nenhum policial foi checar a situação”, desabafa.

O caso foi registrado como lesão corporal. Contudo, até a tarde desta terça-feira (8) a vítima continua recebendo mensagens das agressoras. “Enquanto uma diz estar arrependida, outra diz que ‘eu sei o que aconteceu e não fez nada’”, diz.

Após a entrevista, no final desta tarde, a família informou que a menina passou mal e precisou ser internada na Santa Casa.

Capa de grupo no WhatsApp onde live das agressões foi transmitida (Foto: Direto das Ruas)
Capa de grupo no WhatsApp onde live das agressões foi transmitida (Foto: Direto das Ruas)

Grupo – Prints recebidos pelo Campo Grande News, mostram que o grupo de WhatsApp chamado “As bandidas” tem 54 participantes.

As imagens mostram conversas das participantes sobre as agressões e inclusive uma das suspeitas chega a afirma “eu não deixei marca nenhuma. Sou besta não”.

Além disso, a jovem confirma partes da história relatada pela vítima no decorrer da conversa como “eu só bati nela porque ela falou pra mim demoro” e “mesmo que eu dei uns tapa nela eu me arrependi. Dei banho nela”.

As fotos ainda mostram participantes de outros bairros de Campo Grande como Guanandi e Tiradentes. E o que também chama a atenção é uma das participantes orientando a agressora. “Fala que você agiu em legítima defesa. Fala que ela puxou faca para você”.

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