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Capital

Apesar de inocentado, preso por morte de Mayara ainda não foi solto

Anderson Sanches foi preso como participante do assassinato, mas acabou indiciado por receptação do veículo roubado da vítima

Rafael Ribeiro | 09/08/2017 09:50
Pereira (à esq): expectativa após ser inocentado da morte de Mayara pela polícia junto de 'Cachorrão' (Foto: Marcos Ermínio)
Pereira (à esq): expectativa após ser inocentado da morte de Mayara pela polícia junto de 'Cachorrão' (Foto: Marcos Ermínio)

O advogado Ilton Hasimoto, que desde a tarde de terça-feira (8) é o responsável pela defesa do pedreiro Anderson Sanches Pereira, 31 anos, vai reforçar até o final de hoje o pedido para que seu cliente ganhe o direito de responder em liberdade o indiciamento por receptação.

Pereira, inicialmente suspeito do latrocínio (morte em assalto) de Mayara Amaral, 27, ocorrido no final de julho, acabou acusado apenas de querer comprar o Gol branco modelo 1992 pela delegada Gabriela Stainle, que recomendou a liberação do pedreiro do Presídio de Trânsito da Capital, onde seguia preso até a conclusão desta reportagem.

Segundo Hasimoto, o pedido feito pela delegada na conclusão do inquérito pela polícia depende de apreciação do Ministério Público Estadual e do juiz corregedor da Vara de Execuções Penais.


“A delegada tem apenas o direito de recomendar, mas não pode decidir, só o juiz após sua própria avaliação. Estamos agora vendo tudo o que foi incluído no processo, que está em segredo de Justiça, para avaliar como será nossa atuação”, disse Hasimoto, por telefone ao Campo Grande News.


O advogado aponta que realizará visitas durante todo o dia para se inteirar sobre o caso e o andamento do inquérito. Primeiro conversará com a delegada Gabriela, na Defurv (Delegacia Especializada em Furto e Roubos de Veículos), pela manhã. À tarde, o encontro será com o promotor Clóvis Smaniotto.

“No encontro que tive com ele (Pereira) apenas pontuamos algumas questões. Só soube dos detalhes do caso pela imprensa e preciso me inteirar melhor”, ressaltou Hasimoto.

Reza e choro - Conforme relatado por agentes penitenciários, Pereira e outro preso pelo crime que teve o indiciamento alterado párea um de menor potencial ofensivo, Ronaldo da Silva Olmedo, o ‘Cachorrão’, 30, agora acusado apenas de tráfico, choraram e fizeram roda de oração para agradecer apo saberem das conclusões da Polícia Civil em seu inquérito.

Segundo o documento, já relatado ao MPE e que está em segredo de Justiça, apenas Luís Alberto Bastos Barbosa, 29, foi indiciado pelo latrocínio que vitimou Mayara no quarto de um motel.


Com a conclusão do trabalho policial, a defesa de Barbosa exige que seu cliente seja ouvido novamente sobre o caso, “para esclarecer tudo.”

O advogado Conrado Passos, que representa o também músico, diz que concordou com as acusações contra os outros dois suspeitos, o que favoreceria seu cliente na alegação de que foi homicídio, não latrocínio, conforme tese sustentada pela defesa.

“Ele (Barbosa) fugiu com o carro, não iria vender. Os bens que foram encontrados na casa dele seriam devolvidos, ele não precisaria ir até um motel para roubá-la. Há muita influência da comoção popular. Na verdade o caso tem de ser decidido pelo Tribunal do Júri (que julga e condena casos de assassinatos)”, disse Passos.

Mudanças – Na verdade, Passos já deu três versões diferentes do crime e de sua linha de defesa no caso, conforme mostrou na última segunda-feira (8) o Campo Grande News.

Apesar do clamor popular para que Luis Alberto fosse enquadrado por feminicídio, a polícia manteve a tese de que o baterista matou para roubar e inclusive destacou que os bens de Mayara que estavam com o assassino confesso estão avaliados em R$ 17,3 mil - um notebook, um celular, um violão, uma guitarra, um aparelho amplificador e o Gol.

Além disso, o exame feito no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) não comprovou estupro.

Imagens divulgadas pela polícia nesta terça-feira (8) mostram Barbosa comprando álcool e cerveja ao deixar o motel onde matou Mayara a marteladas na cabeça.

Versões - O assassino confesso mudou mais de uma vez a versão dele sobre o crime.

Depois de ficar em silêncio quando foi convocado para depor pela delegada Gabriela Stainle na quarta-feira (2), ele falou à revista Veja no dia seguinte, admitindo que tinha feito tudo sozinho, num rompante de raiva após uma discussão com a vítima e depois de beber e usar cocaína.

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