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Capital

Após incêndio que destruiu tudo, chuva preocupa moradores do Mandela

Segurança com as crianças e higiene são outras preocupações nas tendas improvisadas

Por Jackeline Oliveira e Geniffer Valeriano | 19/11/2023 12:50
Famílias se organizando para proteger as tendas da chuva (Foto: Paulo Francis)
Famílias se organizando para proteger as tendas da chuva (Foto: Paulo Francis)

Ainda tentando se recuperar do incêndio que devastou a comunidade do Mandela na última quinta-feira (16), moradores que foram abrigados provisoriamente em tendas fornecidas pelo Exército se preocupam com a chegada da chuva e temem pela segurança das crianças.

Neste domingo (19) os moradores tentam arrumar um jeito de fixar as tendas no chão para evitar que elas voem com os ventos.

A dona de casa, Rafaela Amorim, 19 anos, que perdeu tudo no incêndio, improvisa pesos com pedras nas bordas da tenda, a fim de prendê-la junto ao chão, tentando evitar que o novo barraco seja levado com o vento. Ela está dividindo a tenda com uma vizinha do antigo barraco, ao todo na tenda são dois adultos e três crianças de dez meses, quatro e cinco anos.

“A minha preocupação agora é com a chuva por que se nos barracos as telhas já voavam aqui que é de lona não vai ficar seguro, minha preocupação nem é tanto de molhar as coisas porque eu perdi tudo no incêndio, mas é com as crianças”, diz Rafaela.

A tenda de Rafaela está localizada na segunda fileira, ela e a vizinha temem pela chuva, pois como estão na parte mais baixa do terreno, o risco de alagamento é maior.

“Com certeza quando chover a água deve entrar tudo aqui dentro, a nossa torcida é para que não chova e se chover que seja fraco”, desabafa Rafaela.

Tempo fechado na comunidade do Mandela em Campo Grande (Foto: Paulo Francis)
Tempo fechado na comunidade do Mandela em Campo Grande (Foto: Paulo Francis)

Quem também está preocupada com a possibilidade de chuva é a dona de casa Kellen ketelyn, de 23 anos, que divide a barraca com a mãe, três filhos, uma vizinha com marido e filhos. Embora a tenda esteja na parte mais alta, a preocupação com a chuva é grande.

“A prefeitura mandou uma patrola e fez aquela valeta ali, mas acredito que a água possa passar dela, se passar as barracas vão encher de lama”, diz Kellen se referindo a valeta feita para escoar a água da chuva e evitar que as tendas sejam atingidas.

“A minha mãe já morou em barraco de lona antes e ela conta que em dias de chuva é muito complicado, eu nunca passei por isso, mas agora eu tenho medo que a lona voe, principalmente por conta das crianças, a nossa maior preocupação é com as crianças por que a gente consegue se virar”, explica Kellen.

Nos barracos que sobraram a energia elétrica e água encanada ainda não voltaram e os moradores aguardam uma posição da prefeitura sobre a retirada deles da comunidade.

De acordo com Cinthia Araujo de Souza, 30 anos, líder comunitária, a prefeitura pediu um prazo de 10 dias para decidir o que fazer com os moradores e aguardam resposta na quarta-feira (22).

“Por enquanto a gente tá aqui na incerteza, a gente quer sair daqui e ir pra uma casa e não voltar pro barraco, o medo é ir pro barraco e pegar fogo novamente”, afirma Cinthia.

Higiene

Outro ponto que preocupa os moradores é em relação a higiene, segundo Cinthia, o serviço de coleta de lixo passou apenas um dia e no local já é possível verificar acúmulo de sacos com restos de alimentos, lixo, garrafas descartáveis e embalagens de marmitas.

Acúmulo de lixo é preocupação para os moradores do Mandela (Foto: Paulo Francis)
Acúmulo de lixo é preocupação para os moradores do Mandela (Foto: Paulo Francis)

Os banheiros químicos disponibilizados pela prefeitura também são motivo de reclamação, a líder comunitária afirma que eles foram deixados lá e não passaram por limpeza. “Os banheiros não foram esvaziados, estão poderes”, diz Cinthia.

Banheiros químicos disponibilizados pela prefeitura (Foto: Paulo Francis)
Banheiros químicos disponibilizados pela prefeitura (Foto: Paulo Francis)

Os moradores improvisaram um banheiro, mas as mulheres não se sentem seguras para tomar banho, pois fica em frente a uma conveniência. “A gente fez esse banheiro improvisado mas ali poucas mulheres estão tomando banho por que fica de frente pra conveniência e muitas não se sentem seguras, estão indo lá mais para dar banho nas crianças”, finaliza Cinthia.

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