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Após tragédia, moradores tentam recuperar o que sobrou

Há muitos ferros retorcidos, restos de madeira e de tijolos, metade da comunidade virou cinzas

Por Viviane Oliveira e Antonio Bispo | 17/11/2023 08:21
Moradores fazendo a limpeza e tentando salvar o que sobrou (Foto: Marcos Maluf) 
Moradores fazendo a limpeza e tentando salvar o que sobrou (Foto: Marcos Maluf)

Um dia depois da tragédia, na manhã desta sexta-feira (17), os moradores da Comunidade do Mandela, na região norte de Campo Grande, fazem a limpeza e tentam recuperar o que sobrou dos barracos que foram destruídos em incêndio ocorrido por volta das 11h de ontem (16).

Há muitos ferros retorcidos, restos de madeira e de tijolos. Metade dos barracos virou cinzas e agora a comunidade tenta se reerguer da forma que pode. Alguns moradores foram para abrigos oferecidos pela prefeitura. Outros, a maioria, resolveram ficar na área em tendas que foram doadas pelo Exército ou optaram ir para casas de familiares. No total, são 14 tendas montadas pelo Exército.

Andreia Salazar estava trabalhando quando ficou sabendo que o barraco tinha pegado fogo (Foto: Marcos Maluf) 
Andreia Salazar estava trabalhando quando ficou sabendo que o barraco tinha pegado fogo (Foto: Marcos Maluf)

A servente de pedreiro Andreia Salazar de Lima, de 33 anos, mora no Mandela há 8 anos com a filha de 5 anos. Ela estava no trabalho quando o incêndio começou. Ao ser avisada, foi correndo para casa, mas quando chegou o barraco já havia sido tomado pelas chamas. Os vizinhos arrombaram a porta e ainda conseguiram salvar o botijão de gás e algumas peças de roupas, enquanto o restante foi 100% queimado.

Durante a confusão, o botijão se extraviou e agora Andreia conta com a ajuda de doações. Ela foi uma das moradoras que não aceitou ir para o abrigo da prefeitura, porque teme não conseguir voltar depois para a comunidade.

Jucélia fazia a limpeza no barraco da filha, que está trabalhando (Foto: Marcos Maluf) 
Jucélia fazia a limpeza no barraco da filha, que está trabalhando (Foto: Marcos Maluf)

Nesta manhã, Jucélia de Arruda Dias, de 43 anos, e o marido tentavam tirar o que sobrou do barraco da filha de 20 anos. A jovem mora no local com o filho de 4 anos e trabalha o dia todo em dois empregos, só chega em casa às 23h.

“Ontem, minha filha recebeu a ligação de que o barraco estava pegando fogo, foi um dos primeiros a queimar. Ela ligou pra mim, corri aqui, mas o barraco já estava completamente queimado. Não dava para se aproximar por causa do calor, não conseguimos salvar nada”, lamentou.

Segundo Jucélia, ficou muito assustada com a situação porque quando a filha falou do incêndio não imaginava que seria nessa dimensão. “Nunca vi um incêndio desse”, contou. Por enquanto, a filha e o neto vão ficar na casa dela até conseguirem reconstruir outro barraco na área. "Hoje, ela teve que ir trabalhar, porque o patrão não a liberou. Tem que continuar trabalhando para se manter com o filho", afirmou.

Líder comunitária, Greicielle Nayara, disse que vai sentar com a equipe da prefeitura para saber quais serão os próximos passos  (Foto: Marcos Maluf) 
Líder comunitária, Greicielle Nayara, disse que vai sentar com a equipe da prefeitura para saber quais serão os próximos passos  (Foto: Marcos Maluf)

A líder comunitária Greicielle Nayara, de 29 anos, disse que vai sentar com a prefeitura para ver quais serão os próximos passos. Eles estão recebendo bastante doações, principalmente de comida, mas também de roupas, eletrodomésticos e móveis. “A gente é um povo trabalhador, não é isso que vai parar a gente. Infelizmente aconteceu isso, mas agora a gente vai se reerguer de novo”, destacou.

Conforme Greicielle, ninguém ficou gravemente ferido no incêndio, algumas pessoas desmaiaram por conta do calor ou precisaram de auxílio de oxigênio em razão da fumaça, mas sem gravidade.

Tendas que foram doadas pelo Exército (Foto: Marcos Maluf)
Tendas que foram doadas pelo Exército (Foto: Marcos Maluf)

A origem do incêndio ainda não foi determinada, e não há informações precisas sobre o número de residências afetadas. De acordo com moradores da comunidade, estima-se que o local tenha 187 barracos, a maioria foi consumida pelo fogo.

Mesmo com dificuldades, muitas casas contavam com geladeira, televisão, máquina de lavar. Houve correria para retirar móveis e eletrodomésticos. As famílias do Mandela aguardavam a remoção para um conjunto habitacional, com previsão de entrega no ano que vem pela Prefeitura, mas sonho ficou adiado porque, após escolher o terreno, a cerca de dois quilômetros dali, foi necessário iniciar o processo de licenciamento ambiental, por se tratar de área vizinha às nascentes do Segredo.

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