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Capital

Catadores liberam parcialmente trecho de rodovia, após fila de 10 km

Natalia Yahn e Aline Santos | 02/03/2016 12:20
Polícia Rodoviária Federal negociou liberação para passagem de veículos no local. (Foto: Fernando Antunes)
Polícia Rodoviária Federal negociou liberação para passagem de veículos no local. (Foto: Fernando Antunes)

A fila de veículos formada pelo bloqueio da rodovia BR-262 - no macroanel de Campo Grande -, próximo ao lixão, já chega a 10 quilômetros de extensão. Alguns motoristas ficaram aproximadamente 1 hora presos no local, por conta do protestos dos catadores, que são contra o fechamento do lixão da Capital.

A manifestação teve início às 10 horas desta quarta-feira (2), e um acordo entre os catadores e a PRF (Polícia Rodoviária Federal) prevê a liberação parcial da rodovia a cada meia hora, durante dez minutos. Porém, por conta do protesto a polícia vai interditar a rodovia 3 quilômetros antes do local, com o objetivo de desviar o trânsito para dentro do Bairro Dom Antonio Barbosa. O bloqueio afeta os motoristas que trafegam sentido São Paulo e Sidrolândia.

O caminhoneiro Vargas Coelho, 57 anos, que transporta ração para gado, ficou preso no local por aproximadamente 1 hora. Ele segue viagem para Três Lagoas, a 340 quilômetros da Capital, e afirma que vai atrasar a entrega por conta da manifestação. "Meu horário de chegada previsto era 16 horas, mas não vou conseguir cumprir", disse.

A aposentada Silvia Fragoso, 62 anos e o marido, que é agricultor, Josué da Cruz, utilizam o macroanel para se deslocarem até a chácara do casal, que fica a 20 quilômetros de Campo Grande. "Sempre passamos por aqui, e nunca fomos parados. Foi a primeira vez", afirmou Silvia.

Os catadores pedem a presença de um representante da Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande) e também do juiz da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, Marcelo Ivo de Oliveira.

Um helicóptero da PRF faz o acompanhamento da manifestação. Cinco equipes da Guarda Municipal, com um total de 17 homens, também estão no local. Na segunda-feira (29), com ordem judicial e apoio da PM e da Guarda Municipal, a área de transição do lixão foi fechada. A decisão tem validade desde domingo (28), com previsão de multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento.

A manifestação de hoje é devido a posição do MPE (Ministério Público do Estado), que é contra o pedido da prefeitura de Campo Grande para prorrogar por 30 dias o fechamento do lixão. A administração municipal pediu que a Justiça conceda prazo para elaborar um plano de ação.

Responsável pela derrubada da liminar, que permitia desde dezembro de 2012 acesso dos catadores ao local, o juiz Marcelo Ivo de Oliveira, solicitou que o Ministério Público se manifestasse sobre o pleito da prefeitura.

Histórico - Uma liminar, concedida em ação civil proposta pela Defensoria Pública em dezembro de 2012, permitia o acesso ao aterro sanitário Dom Antônio Barbosa. A medida foi deferida pelo tempo que durasse o atraso na construção da UTR (Usina de Triagem de Resíduos).

Contudo, como a obra foi 100% concluída, a área de transição foi fechada. A decisão foi juiz da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, Marcelo Ivo de Oliveira, que autorizou ação policial nos dias 28 e 29 de fevereiro.

A UTR foi inaugurada em agosto de 2015. Mas, segundo o representante dos catadores, são somente 88 funcionários, que recebem o lixo da coleta seletiva. Júnior calcula que mais de 700 pessoas sobrevivam com a renda obtida na área de transição, sendo 429 “empregos” diretos e 300 pessoas que auxiliam da separação à venda do material reciclável. Em média, a remuneração é de R$ 100 por dia.

Fechado no fim de 2012, após 28 anos em operação, o lixão foi reaberto por força de decisão judicial em janeiro de 2013. O pedido partiu da Defensoria Pública, que alegou que as pessoas ficaram sem fonte de renda. Com a reabertura, foi definida uma área de transição, com descarte dos resíduos ante de ser encaminhado ao aterro.

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