Cenário de lixo e mato, antiga pedreira é colocada à venda por R$ 29,7 milhões
Inativa desde a década de 1970, local pertence a empresário de Campo Grande
Desativada desde a década de 1970, a Pedreira Nasser foi colocada à venda por R$ 29,7 milhões há cerca de seis meses. Localizada no Jardim São Francisco, próximo à Feira Central, o lugar nunca mais teve utilidade, pelo contrário, hoje é visto como problema pelo acúmulo de mato, animais peçonhentos e lixo.
Palco de glamour quando ainda funcionava, chegou a ser alvo de projeto pela Construtora Santa Clara logo após ficar inativa. A ideia era levantar quatro torres de apartamentos com um centro de atividade no meio do terreno. Porém, nem um grão de areia chegou a ser movido devido à falência da empreiteira após desvalorização da moeda nacional na crise inflacionária agravada entre 1981 e 1985.
De acordo com o gerente de vendas na imobiliária incumbida pela missão de executar a venda, César Batistoni, mesmo o projeto sendo de quatro décadas atrás, atualmente o espaço segue sendo ideal para colocá-lo em prática. “A região é cheia de edifício, então o ideal seria isso mesmo, construção de prédios”, explica.
Tanto que nestes seis meses em que está à venda, três empresas chegaram a demostrar interesse. Nenhuma negociação foi frutífera porque o dono, empresário Mafuci Kadri, quer o valor em dinheiro. “E geralmente nestas negociações as pessoas envolvem terrenos ou outros bens para usar no pagamento”, exemplifica Cesar.
Ele diz, por exemplo, que é de praxe que as construtoras paguem os terrenos aonde erguem edifícios ofertando apartamentos como pagamento. Mesmo assim, está otimista. “Claro que é totalmente possível vender, só que demanda tempo”, completou. Experiência com grandes vendas não falta.
No mercado como corretor de imóveis há 15 anos, o gerente conta que a imobiliária já intermediou venda de fazenda que custava R$ 100 milhões e diz que, se tivesse estrutura financeira mais robusta, certamente investiria na construção de prédios na antiga pedreira.
Situação – Com o passar dos anos, a inatividade do local, o mato e o lixo se tornaram problemas recorrentes. Tanto que quem trafega por ali vê as raízes das árvores praticamente invadindo as ruas, quebrando o restante de calçada, deixando praticamente nula a acessibilidade.
Moradores e trabalhadores do entorno torcem para que de fato a venda do terreno ocorra para que a vida coletiva melhore. Contadora de 50 anos, que mora de frente para a pedreira há mais de quatro décadas e preferiu não se identificar, relata que já não encontra solução para a quantidade enorme de mosquitos que invadem sua casa todo fim de tarde.
“Já tentei tudo, veneno na tomada, tela, raquete elétrica e nada resolve, inclusive peguei dengue duas vezes”, contou à reportagem. “Moro aqui desde meus 5 anos, quando a pedreira ainda estava ativada achavam vários cadáveres lá. Era tudo dentro dessa pedreira”, recordou.
Isso sem contar a falta de iluminação durante no período noturno, que deixa tudo mais suscetível ao crime. “Então com certeza se alguma empresa comprasse e construísse um condomínio iria melhorar tudo ao redor”, avalia.
Funcionária de uma empresa especializada em limpeza automotiva, Isis Jane Costa, 33 anos, está há seis anos nas imediações e diz que fecha as portas mais cedo justamente porque o movimento é bastante reduzido nas ruas quando a noite cai. “Fica perigoso à noite, estamos há seis anos aqui e sempre foi assim (o terreno)”.
As maiores queixas, além da falta de segurança, são sobre o mato alto e, consequentemente, aparição de bichos peçonhentos. “Vira e mexe aparecem escorpiões”. Para ela, a possibilidade de que o lugar seja finalmente ocupado é um alívio. “Iria melhorar muito”.