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Capital

Com 35 bebês internados e geladeiras quase vazias, HRMS pede doação de leite

O Banco de Leite do hospital tem 30 doadoras cadastradas, mas o ideal seria ter o dobro de doações

Por Idaicy Solano | 19/02/2024 08:17
A técnica responsável pela pasteurização Rosimeire Souza Rodrigues, mostra geladeira praticamente vazias (Foto: Divulgação)
A técnica responsável pela pasteurização Rosimeire Souza Rodrigues, mostra geladeira praticamente vazias (Foto: Divulgação)

Com 35 bebês internados na UTI Neonatal (Unidade de Terapia Intensiva) do HRMS (Hospital Regional Rosa Pedrossian) em Campo Grande, e apenas 30 doadoras cadastradas, as geladeiras do Banco de Leite do hospital estão praticamente vazias.

Um litro de leite humano pode alimentar até 10 bebês na UTI Neonatal por dia. Com os estoques em baixa, a enfermeira responsável pelo banco de leite do hospital, Nívea Lorena Torres, explica que é preciso escolher quais bebês precisam mais, e complementar a alimentação dos outros com as fórmulas.  "Mas o ideal era ter a quantidade necessária para todos", lamenta.

De acordo com a técnica responsável pela pasteurização Rosimeire Souza Rodrigues, o ideal seria ter o dobro de doadoras cadastradas, porém, há pelo menos 15 anos, o hospital não registra uma quantidade expressiva de doadoras.

Há duas décadas na função, Rosimeire lamenta a diminuição das doações. "Chegamos a ter uma única mãe doando 3 litros por semana", lembra.

A importância da doação - O leite humano é importante para o desenvolvimento dos recém-nascidos porque contém todos os nutrientes necessários, além de ser rico em anticorpos que fortalecem o sistema imunológico e previnem infecções.

Segundo a enfermeira Nívea Lorena Torres, a desinformação ainda é a maior barreira para a doação. Ela explica que o ideal é trabalhar a conscientização e a importância do aleitamento materno com as mães durante o pré-natal, o que nem sempre acontece.

Além da conscientização, ela explica que é importante oferecer apoio emocional, pois existem muitas preocupações após o parto, como por exemplo, mães preocupadas com filhos que deixaram em casa.

"Apenas 40% das pacientes que atendemos fazem acompanhamento com a gente antes do parto. O restante é demanda espontânea. Após o nascimento dos bebês fica mais difícil trabalhar a conscientização", diz.

A enfermeira responsável pelo banco de leite do hospital, Nívea Lorena Torres, alerta que nenhum alimento substituí de maneira eficaz o leite materno (Foto: Divulgação)
A enfermeira responsável pelo banco de leite do hospital, Nívea Lorena Torres, alerta que nenhum alimento substituí de maneira eficaz o leite materno (Foto: Divulgação)

Bebês prematuros - O nascimento de bebês prematuros requer cuidados especiais para o desenvolvimento até a alta hospitalar, o que inclui a alimentação com o leite materno. Com os estoques em baixa, o cenário atual acende um alerta para a conscientização da importância da doação.

A médica neonatologista Bianca Stavis Conte, convive diariamente com mães que acompanham os filhos prematuros internados no hospital e a comemoração a cada ganho de peso dos bebês.

Ela explica que o leite materno tem anticorpos que nenhuma fórmula tem, além de ser mais difícil de ser digerida. “A fórmula imita o leite, mas não tem as propriedades imunológicas dele. Trata-se de uma opção. Não é o ideal".

Segundo a enfermeira, algumas das vantagens do leite humano está na prevenção à doença do intestino prematuro, chamada enterocolite.

A dona de casa Guaracyara Nascimento dos Santos, de 31 anos, acompanha a filha prematura Eloah Vitória. Ela está internada no Hospital Regional desde o dia em que nasceu, em 22 de janeiro. Ela tem mais dois filhos, que estão em Aquidauana, cidade onde a família mora.

A dona de casa Guaracyara Nascimento dos Santos, deu à luz em 22 de janeiro, após 30 semanas de gestação; a filha, Eloh, está internad ana UTI Neonatal desde então (Foto: Divulgação/Álvaro Rezende)
A dona de casa Guaracyara Nascimento dos Santos, deu à luz em 22 de janeiro, após 30 semanas de gestação; a filha, Eloh, está internad ana UTI Neonatal desde então (Foto: Divulgação/Álvaro Rezende)

A caçula nasceu com 30 semanas de gestação e se alimenta do leite da mãe, que também doa para outros bebês. “Vejo os avanços no desenvolvimento da minha filha com o leite materno e ser uma doadora é um ato de amor. É preciso estímulo, perseverança, não podemos desistir. Os bebês são guerreiros”.

A jovem Letícia Barreto da Silva, de 18 anos, deu à luz a duas meninas, Heloa e Eloísa. As gêmeas nasceram de 35 semanas no dia 9 deste mês. A mãe está amamentando e comemora o desenvolvimento das filhas. “Elas estão ganhando peso, já engordaram bastante”.

Como doar - Quem se interessar em doar deve entrar em contato com o Banco de Leite Humano do Hospital Regional pelo número (67) 33782715 ou presencialmente.

Ao demonstrar o interesse, serão repassadas todas as orientações para as doadoras fazerem um cadastro. Após isso, a unidade móvel de captação percorre uma rota semanal para fazer a coleta das doações.

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